Botão

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Não adiantava gritar, ninguém podia me ouvir, minhas forças estavam quase esgotadas, o cheiro da fumaça não me deixava respirar perfeitamente e meu tempo estava acabando, os lençóis e cada pedaço de pano ajustava-se cada vez mais rápido naquela combinação de laranja, amarelo e vermelho cobrindo madeira e tudo o que existira alí.
Eu não tinha nada que pudesse me ajudar agora, além daquele pequeno sentimento que despertávamos quando nada dá certo e o fim de algo está próximo, mas não me lembro bem o nome. Ah sim, eu me lembro.. esperança. A idiotice na qual todo ser humano acreditava, àquela que o Dylan sempre me fala quando estamos prestes a falhar em nossos planos e acreditármos que tudo tem uma saída. Bem... Eu estou colocando toda fé que tenho nessa baboseira agora.

- Pensa Blair...seu tempo está acabando. -disse angustiada tentando pensar em algo. -Você vai acabar virando churrasco se não pensar em alguma coisa.

No mesmo instante lembrei das palavras de Dylan, que ele sempre me acompanharia mesmo estando distante quando eu precisasse dele, mas um barulho interrompeu meus pensamentos.

O lugar estava em chamas prestes a desabar sobre minha cabeça e não havia nada que pudesse salvar o meu pescoço, meu consciente começava a rodar, minha respiração estava falha, parte do teto caiu à minha frente, e algo atrás de mim explodiu fazendo-me cair amarrada àquela cadeira.
Já não tinha mais o controle das minhas pálpebras, e mesmo assim um pensamento me veio à tona.

"Como tudo pôde acabar assim?"

- Dylan... -foi a última palavra que disse antes de fechar os olhos e perder total cosnciência.

(...)

(11 anos atrás)

Eu tinha 6 anos na época, meus pais sempre foram rígidos e nunca me deixavam brincar no jardim ou do outro lado da calçada, que havia um parquinho com balanços, gangorra, escorrega e outros brinquedos.
As crianças corriam e se divertiam. Pelo o olhar de cada uma delas dava para notar o quão felizes estavam e eu nunca entendia o motivo pelo qual meus pais não me deixavam sair, mas eu sabia que eles me amavam e só queriam me proteger.

No dia seguinte acordei com o sol ultrapassando a minha janela e com a doce voz da minha mãe me chamando calmamente. Alexis Roads, um nome muito bonito. Cabelos longos e ondulados no mais perfeito ruivo, olhos escuros quase pretos e o sorriso mais doce que alguém poderia ter. Minha mãe tinha o dom de conseguir que eu fizesse tudo o que ela pedia então levantei, fiz minha higiene, vesti meu uniforme e desci as escadas sorridente para o café da manhã.

Mastigando depressa para não me atrasar quase engasguei.

- Devagar querida, ainda é cedo.

Uma voz masculina ecoou do outro lado da mesa.

- Não quero me atrasar pai, só isso.

O senhor Evans Dewal Williams sempre foi rude, curto e sério. Era difícil vê-lo sorrir para mim e quase nunca tinha tempo para me dar atenção, minha mãe dizia que ele estava sempre ocupado com o trabalho e por isso andava sempre sério.
Meu pai não tinha tempo para me levar para a escola e por isso eu esperava o ônibus numa parada próxima a minha casa, não era longe e eu já tinha idade para cuidar de mim mesma.

Do lado de fora eu já podia avistar o ônibus da escola, mas abaixei ao ver que um dos meus sapatos estava desamarrado. Levantei e vi que algo chamou minha atenção no fim da rua onde morava.
Uma sombra com silhueta semelhante a de uma pessoa, aparecia em cima de uma das grandes árvores próximo à minha casa.

O ônibus parou na minha frente e a porta abriu-se para mim. Subi os pequenos degraus rapidamente em direção a janela que nem percebi o motorista me dando um "bom dia", inacreditávelmente a sombra havia desaparecido e eu acabei me deparando comigo mesma, me perguntando se àquilo que vi era real.

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