"Estranho"

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Acordei com dores no corpo no banco de trás de um carro. O vidro era escuro e já estava de manhã, mas as ruas estavam vazias.

- Que lugar é esse? Onde estou? -disse tirando o cobertor branco de cima de mim empurrando a porta do carro.

Logo uma das portas da frente se abriu e um homem alto de jaqueta escura, cabelos castanho claro comprido, caindo em seus ombros entra e toma o volante.

- Está assustada? -disse me olhando pelo retrovisor do carro.

- Quem é você? Para onde vai me levar?

- Calma criança está tudo bem. Você desmaiou.

- Me deixa sair! Eu quero ir embora! Abre a port...

- E para onde você vai!-ele gritou me interrompendo. -Você não tem mais família, nem casa e muito menos amigos. Para onde pretende ir?

Parei engolindo tudo aquilo e lembrando da explosão da noite passada. Era verdade, meus pais e minha irmã estavam mortos, eu não tinha para onde ir.

- Eu não sei, mas não quero ir com você!-gritei chorando ainda assustada.

- Você é apenas uma criança. Não sobreviverá por muito tempo nas ruas.

- ... -não consegui responder aquilo e ele continuou.

- Analise os fatos criança, você é pequena não burra. Pelo menos é o que eu acredito. -disse ele em risadas.

- O que vai fazer comigo?

- Vejo que está assustada e com medo por isso vou lhe fazer uma proposta.

- Que tipo de proposta?

- Cale a boca e escute!

Calei-me quando ele gritou.

- Eu posso te levar comigo para Seattle em Washington. Lá você terá comida, cama, água, um lar... vou cuidar de tudo e você terá amigos para brincar. Ou você pode ficar aqui nas ruas para ser estuprada ou morrer de fome. Você escolhe.

- Não posso acreditar em você.

- Então você fez sua escolha? A porta está aberta pode sair se quiser é só empurrar.

Eu não tinha escolha, eu poderia morrer nas mãos de uma pessoa ainda pior. Eu já não tinha casa ou família e muito menos um lugar para ir. Começei a chorar outra vez.

- Já imaginava. -disse o homem alto girando as chaves e dando a partida no carro.

Eu não sabia o que me esperava. Estava com medo pensando na morte da minha família. Eu acabara de fazer 7 anos e já havia presenciado tudo aquilo.

...

( Horas depois )

O caminho foi longo e bastante demorado, ainda estava com medo do que podia acontecer e cada passo poderia ser o adiantamento da minha morte. Já não estava mais na minha antiga cidade, e após horas no carro o homem estranho não disse uma palavra sequer. Apenas comprou algumas passagens de avião e pareceu não ter tido nenhum problema em acompanhar uma criança sem documentos. Era como se ele fosse um membro importante de alguma corporação.

Saímos do aeroporto e já era noite. Um carro já estava à nossa espera.
As ruas estavam um pouco movimentadas e eu nunca imaginei que Seattle poderia ser uma cidade tão grande e tão bonita ao mesmo tempo. As luzes dos postes e prédios iluminavam cada canto, os carros passavam rápido por nós em direções diferentes, olhei para o homem alto que dirigia no banco da frente e me toquei que nem ao menos sabia seu nome.

- Eu ainda não sei o seu nome.

- Chegamos. -ele avisou ignorando minhas palavras.

- Que lugar é esse?

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