Além da imaginação

Capitulo Cinco

Laura senta ao meu lado, não sou bom com palavras então só fico observando. O retardado da sala que eu apelidei de Don Juan, porque é só passar uma menina na frente dele, que ele fica mais sem noção do que o normal, ele não parou de cantar a menina nova desde que ela chegou. E uma cantada pior que a outra, não sei é para ri, ou chorar, mas é triste.

- Não liga, ele é meio idiota - digo sem confiança.

- Tudo bem, eu já estou acostumada – responde ela com meio sorriso.

Laura sorri para mim, e meio que sem querer eu solto um suspiro, e o Don Juan escuta, então basicamente minha vida está acabada. Se já estava ruim agora piorou.

- Gente o senhor masturbado está amando - grita o infeliz

E mais uma vez a sala toda feito um coral solta uma gargalhada.

- O que aconteceu com o seu braço - fico feliz de Laura tentar mudar de assunto

- Acidente de carro

- Que bom que você só quebrou o braço - diz sorrindo – digo, não que tenha sido bom o acidente e tal, mas bom que não foi grave

Ela fica sem graça e isso a deixa mais bonita que antes, se é possível

- De onde você é Laura?

- São Paulo

- Nova na cidade também?

- Também?

- Me mudei a pouco tempo, sou de Minas Gerais

Ela tem um rosto comum, mas esse ar normal, natural a deixa linda, não consigo prestar atenção na aula. No intervalo das aulas Laura e eu nos divertimos bastante, e essa é a primeira vez que eu me divirto enquanto estou em solo proibido, conhecido como escola.

- Porque você gosta de ser chamado de Guto? - Laura se senta ao meu lado na escada - porque Gustavo é um nome bem bonito... não que Guto não seja – ela ri

- Na verdade eu gosto dos dois, mas a única pessoa que me chama de Gustavo é a minha mãe, e eu gosto desse apelido, meu irmão só me chama assim Guto, então faz parte

- A galera dessa escola – ela olha em volta - eles gostam de colocar apelidos nas pessoas, né - diz Laura sorrindo

- Agora finalmente eu ganhei o meu - solto uma gargalhada - aquele garoto é muito chato – ela ri – você falou que gosta de aventura, mas que tipo de aventura você quis dizer? Ou só falou por falar?

- Eu já fiz muita coisa, trilha, escalada, mas... – ela ri pensando – eu me deixo levar, você deveria tentar algo fora da casinha

- Como assim? Como você sabe que não sou um escalador, ou um canoeiro?

- Você Guto, que me disse isso... – ela chega mais perto de mim – seu corpo diz isso, você fica sem graça quando eu chego perto e só de me ouvir falar dessas coisas você já ficou ofegante – ela ri, mas não de um jeito debochado, mas muito simpático e natural, ela se afasta

Depois de ter um intervalo muito agradável, o sinal toca e um velho magro e alto funcionário da escola expulsa os alunos do pátio. Laura e eu entramos na sala, na verdade somos praticamente os primeiros a entrar na sala. O Don Juan ainda da em cima dela, mas ela não parece se importar com as piadinhas.

Fico meio assustado com os sentimentos que estou tendo em relação a ela. Parece que pela primeira vez não estou tão ansioso para voltar para casa. Fico meio que decepcionado quando a aula acaba e eu tenho que dar tchau para Laura. Me dei bem com ela logo de primeira.