Capitulo Dois

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O sol já nasceu e minha mãe já está de pé. Não demora muito até ela vir bater na minha porta para me acorda. Eu não quero ir para a escola. Uma coisa que odeio mais que tudo é acordar de manhã cedo, mas o que posso fazer? Já de pé e indo em direção ao banheiro. Definitivamente não estou completamente acordado, quando minha mãe me grita, estou cochilando debaixo do chuveiro.

Depois de cuidar da higiene pessoal como uma pessoa normal, vou tomar café, ainda quase dormindo. Odeio acordar cedo. Quando eu e minha mãe íamos saindo Nando ia chegando. Ele nos cumprimenta e vai direto para o quarto dormir.

Minha mãe me leva até a escola de carro. No caminho vou observando as pessoas na calçada, alguns começando o trabalho, outros voltando de festas igual ao Nando, o legal de sair de carro e não dirigir é que dá para observar as coisas do lado de fora, a vista é linda.

O lugar parece ser bem bacana, a entrada da escola está cheia de alunos. A única coisa que vem aminha cabeça é "obedeça ao lema, ser invisível é o essencial". Mas acho que dá para burlar um pouco minhas regras e tentar fazer um amigo, ao menos tentar, escola nova, vida nova, novos atos, acho.

Minha mãe se despede e me direciono a entrada da escola, meu coração bate mais forte, não sei se eu estou com princípio de infarto, mas essa velocidade que meu coração está batendo não pode ser normal. Alguns dos alunos me encaram, outros nem notam aminha presença, já gostei desses. Todos começam a entrar, já deve ser hora de a aula começar.

Chego atrasado uns vinte minutos na sala de aula. Me perdi no caminho. Ao entrar todos olham para mim e eu fico sem reação.

- Então? - pergunta a professora

- Então oque?

- Eu perguntei qual o seu nome? – Alguns alunos riem de mim.

- Meu nome é Gustavo Santos, mas pode me chamar de Guto, eu gosto mais – respondo

- De onde você é veio "Guto"?

- Sou de Belo Horizonte, Minas Gerais.

- Fica à vontade Guto, qualquer coisa é só perguntar a mim ou seus colegas – diz a professora, que parece ser nova demais para ser professora

Caminho a procura da cadeira mais próxima que esteja vazia. Mas um idiota coloca a mochila e não me deixa sentar. Vou até a outra cadeira vazia que está no fundo da sala. "Começamos bem Guto, agora é só esperar e logo vamos para casa" repito na minha cabeça, quero ir embora.

***

O dia parece que está se arrastando, as horas demora passar. O primeiro dia em uma escola sempre é difícil, mas para alguém igual a mim, só vai piorando, não sou o mais bonito, nem o mais engraçado, muito menos o musculo da escola, sou apenas o Guto, o magrelo baixinho que gagueja se ficar muito nervoso, acho que sou uma presa fácil.

- Caipira – grita alguém do outro lado da sala. Odeio quando as pessoas me chamam assim só pelo motivo de que sou mineiro, uma coisa não tem nada a ver com a outra

A sala tem cerca de trinta alunos, os mais variados possíveis, tem um menino que chega a ser quase mais estranho que eu, ele fica olhando de um lado para o outro, usa óculos e é mais magro que eu, desculpa, mas ele sim é estranho. Na frente tem uma menina que não para de falar com outras duas que estão perto dela, a garota olha para todos da sala, já sei que essa é fofoqueira, mas atrás dela tem um baixinho que parece estar escutando duto que as três conversam.

Do outro lado tem um menino que se acha o bonitão da sala, ele que é o idiota que me chamou de caipira por ser mineiro, acho que seu nome é George alguma coisa, tento não ficar muito nele, esse tipo de gente não merece atenção. Duas cadeiras ao meu lado direito tem um carinha que com toda certeza absoluta é o mais nerd, ele não tira os olhos do livro nem por um minuto. Essa é a minha sala, estranhos iguais a mim.

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