Capitulo Vinte E Sete

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Volto. Meu corpo não pensa como da última vez, minha cabeça não está girando, meus olhos não ardem tanto com a luz, apenas sinto uma leve irritação. Abro e fecho a boca, não sei por que, mas faço isso. Pisco várias vezes tentando fazer meus olhos se acostumarem com a luz. Tento me sentar, mas meus braços não conseguem suportar o peso do meu corpo então caio de volta no meu lugar, meu corpo está muito pesado. Tento reconhecer o local, olho para um lado e quando olho para o outro. Tem uma mulher dormindo sentada na poltrona.

— Mãe?

Minha voz sai fraca, mas é o suficiente para acorda-la, ela me olha como se estivesse vendo um fantasma. Acho que nunca a vi desse jeito. Ela sorri para mim e chora, o que me deixa confuso. Ela se levanta e vai até a porta e quando volta até mim ainda chorando, me assusto com sua aparência. Seu cabelo parece opaco, seu rosto inchado, sua pele cinza, suas mãos geladas, os olhos fundos e pequenos. O homem de branco do outro dia volta, com mais duas pessoas, uma mulher e outro homem.

— Olá rapaz – diz ele

— Oi, oi filho – a voz da minha mãe está estranhamente rouca

— Gustavo você consegue conversar conosco? – pergunta o moço de branco

— Mãe... Onde... O que... é isso?

— Do que você se lembra Gustavo?

— É Guto... quem... é você? – Aos poucos minha voz vai voltado

— Ok Guto, você pode me falar do que se lembra?

— Eu estava em um carro... – e de repente tudo volta, a festa, meus amigos, meu irmão, Marcelo brigando com Laura, o carro batendo – AH! – Grito com um pouco de dor na cabeça

— Você pode nos dizer com quem estava? – Pergunta o outro homem de branco

— O que aconteceu com eles? – Lagrimas se juntam em meus olhos me impossibilitando de ver por alguns segundos, vejo que eles se entreolham curiosos – onde está Caio? E Laura? Ah não, Mãe... Nando... o que aconteceu com eles? – Agora sim estou chorando

— O Nando está ótimo meu amor

— E o Caio e a Laura? – Meu choro se intensifica quando olho nos olhos da minha mãe e ela desvia abaixando a cabeça e logo depois olhando para as outras pessoas ali – me fala o que aconteceu com eles? – minha cabeça dói

— Meu filho – começa ela tentando me tranquilizar – quem são esses dois?

Fico surpreso com a pergunta, não acredito que ela esteja fazendo joguinhos agora

— Mãe por favor, não começa, eu sei que você não gostava deles no começo, mas eu pensei que já tinha superado isso... o que aconteceu? Eles estão bem?

— Não sabemos nada sobre Caio ou Laura – diz o primeiro homem de branco

— O que? Como assim? Eles estavam no carro comigo e Nando... – meu coração bate mais forte – cadê o Nando? Chama o Nando, eu quero ver o Nando

Fico em silencio, minha mãe não para de chorar e me abraçar, mas fico a empurrando para longe. Dez minutos depois Nando aparece no quarto, ele parece um pouco diferente, mais magro, mais pálido, estranho, a barba malfeita. Ele também começa a chorar e se aproxima, segura a minha mão.

— Desculpa Guto – ele chora – me perdoa

Puxo minha mão de volta e o encaro confuso

— Nando, não fui sua culpa... eu vi um carro vermelho, sei que foi o Marcelo que bateu na gente, fico feliz que esteja bem, mas eu preciso saber dos meus amigos, Nando o que aconteceu com a Laura e o Caio? A mãe não me diz... o que aconteceu?

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