Além da imaginação

CAPITULO UM

Nunca fui de fazer muitos amigos, prova disso é Nando meu melhor e único amigo que aproposito também é meu irmão. Nando que é de ter uma lista grande de amigos, e outra lista maior ainda de namoradas, talvez seja esse o motivo de termos nos distanciado há alguns meses, ele tem amigos de mais.

Eu nunca nem se quer me apaixonei por ninguém, para Nando parece ser fácil se apaixonar ou se envolver com alguém, porque parece que todo mês ele está com alguma menina diferente, nunca me apaixonei, mas já tive alguns crush na escola, mas nada que eu levaria a diante. Na minha casa mora eu, minha mãe Joana e Nando. É tudo muito tranquilo e sossegado, tudo que gosto, mas para a minha aflição estamos de mudança. Outro estado, outra cidade e outra escola. Na minha antiga escola ninguém vai sentir minha falta, eu acho que nem vão notar minha ausência.

Tenho um lema e pretendo leva-lo para a próxima escola.

"Ser invisível é o essencial"

Estamos saindo de Minas Gerais e nos mudando para o Rio de Janeiro. Minha mãe é advogada e recebeu uma proposta ótima de emprego, então tivemos que ir para a cidade maravilhosa. Nando está amando essa mudança. Ele vai poder mostrar seus músculos na praia, assim diz ele. A única coisa que se passa na minha cabeça é como será a escola? Tenho um histórico de matar aula, para fugir das pessoas, quando meu irmão estudava comigo ele me "protegia", mas agora ele já formou e eu vou iniciar o ensino médio e isso é assustador. Falando desse jeito parece até que sou algum tipo de pessoas estranha e reclusa, eu até tento não ser, mas ficar no meu canto e não chamar tanta atenção é mais forte que eu.

Depois de algumas horas dentro do caminhão de mudança, finalmente chegamos. Em Minas Gerais morávamos em uma casa muito aconchegante em uma zona que meus colegas de classe chamavam de "zona rural" e assim surgiam os "apelidos carinhosos". Mas aqui no Rio de Janeiro vamos mora em um apartamento, o prédio é grande e muito chique. Minha mãe deve estar ganhando muito bem, para comprar um apartamento desses. Meu irmão já fez questão de corre para a praia e me arrastar junto dele.

Em menos de vinte minutos, Nando já está sem camisa dando em cima das meninas que estão na praia. O sol brilha forte é um dia perfeito para ficar por aqui, mas prefiro voltar para conhecer a nova casa, Nando vai ficar bem se eu deixar ele sozinho, pelo jeito parece que ele morou aqui a vida toda, ele nem vai notar minha ausência. Nando não é nenhum metido a bonitão, nem um péssimo irmão, mas como nossas vidas foram ficando cada vez mais separadas, nos distanciamos um pouco, mas ele continua sendo um bom irmão.

***

O apartamento é grande mesmo, fico feliz por minha mãe, que está muito orgulhosa. Nando vai ama esse apartamento. Procuro o meu quarto e ele é bem grande, de frente para a praia. Minhas coisas já estão todas lá. Minha mãe está na varanda do prédio admirando a imensidão azul. Vejo que ela está super feliz e orgulhosa, o mínimo que tenho que fazer é fingir gosta só para agrada-la, mesmo que por dentro eu esteja querendo voltar correndo para minha antiga vida.

- Gostou da nossa nova casa, Gustavo? – Pergunta minha mãe sem conseguir tirar o sorrido do rosto

- É Guto mãe... – faço uma pausa e finjo estar sorrindo – Amei é tudo que você sonhou.... Você merece.

- Você vai se acostumar – ela me abraça

Eu tenho orgulho da minha mãe e fico realmente feliz por essa conquista na sua vida, mas isso tudo me faz lembrar do meu pai que morreu quando eu tinha dois anos em um acidente, ele foi atropelado, Nando tinha seis anos, eu não consigo me lembrar dele, até porque eu era muito jovem. Mas minha mãe me fala muito dele e como eu sou parecido com ele, eu queria ter crescido com ele junto da gente, esse momento iria se tornar mais especial. Eu até gostei do apartamento e a vista é realmente linda, queria que a família estivesse completa aqui, mas em parte está.

Nando chega todo sujo de areia, seu cabelo loiro pinga agua, ele corre até nós, dá um beijo no rosto da minha mãe, e corre para tentar achar o quarto, ele escorrega umas duas vezes, mas continua firme na procura do quarto. Quando finalmente acha o quarto ouço um grito.

- Eu amo esse lugar – entusiasmado berra Nando do quarto.

Minha mãe e eu rimos. Volto para o meu quarto, sinto que minha mãe quer um momento de privacidade. Depois de arrumar minhas coisas, me deito na cama e tiro um cochilo.

***

Nando me grita da porta, e me acorda. Ele entra no meu quarto caminha pelo espaço, e para na janela. Já está à noite, me levanto e vou até a janela ao seu lado. As luzes deixam as ruas mais bonita. A imensidão azul deu lugar a escuridão.

- Eu sei que você não se adapta fácil a um novo ambiente – Nando me encara – Mas se precisar eu estou aqui, pode contar comigo. Igual na escola você se lembra?

- Claro. Obrigado Nando – digo com sinceridade

- Ansioso para a escola? – Começa ele, mas o interrompo

- Nando... Foi mal não quero pensar nisso agora

– Eu vou sair agora, depois conversamos mais.

- Aonde você vai?

- Conheci uma gata na praia e ela me chamou para uma boate – ele faz uma pausa – eu te levaria se você não fosse menor de idade

- Isso que dá ter dezesseis anos – volto a olhar pela janela

- Então, até amanhã Guto – Nando me abraça e sai pela porta.

Fico feliz de ter esse momento irmão mais velho e irmão mais novo, eu sentia falta de conversar com o Nando. Depois de um tempo olhando pela janela e não pensando em nada vou para a sala e minha mãe ainda está ajeitando os moveis.

Minha mãe é alta maior que eu e do tamanho de Nando, por anos eu sofri por ser o baixinho da casa, hoje em dia eu já me acostumei. Vou até ela e a ajudo.

***

Quando terminamos, ela se senta no sofá e bufa, me sento ao seu lado, e por um breve momento ficamos calados. Meus ombros doem, acho que minhas pernas não vão mais me aguentar.

- Você quer dar uma volta na praia? – pergunto

- Não, estou toda suja, e cansada – desanimada responde minha mãe.

- Então vai tomar banho... E uma caminhada vai te tirar esse cansaço

Minha mãe concorda e se levanta, ela para o quarto tomar um banho. Também vou para o banheiro tomar banho, acho uma injustiça meu quarto não ter banheiro igual ao dela. Fico esperando por ela na sala. Depois de uma hora e meia minha mãe finalmente surge para o nosso passeio. Ela sorri para mim. Ela sempre se atrasa. Minha mãe para se arrumar é o mesmo que fazer uma maratona de senhor dos anéis e Hobbit junto, longa e demorada parecendo que nunca vai acabar, mas adoro os filmes, mais a trilogia do senhor dos anéis...

- Vamos? – Chama ela interrompendo meus pensamentos nerds

Caminhamos pelo calçadão, observando o mar escuro, os prédios altos. Vamos a praia e nos sentamos, o som das ondas se quebrando, os carros ao fundo, estou começando gosta daqui. Até que pode ser divertido, eu já aprovei o local, o apartamento, e agora só falta ver como vai será a escola amanhã. Peço a Deus, o universo, o destino o que seja, que nessa escola as coisas sejam diferentes, quero fazer amigos, quero me sair bem nas matérias, que sou uma tragédia, principalmente as que envolvem números. Estou com um bom pressentimento em relação a essa nova escola, só espero que eu esteja certo.