Quando chegamos na casa dela, Laura apenas vai entrando, e eu sigo atrás dela. A casa não é grande, bem humilde, a sigo mesmo ela não me convidando para entrar, na verdade acho que ela nem me viu caminhando atrás dela. Quando entro a casa está vazia e escura, apenas uma luz de um quarto acesa no final do corredor, a sala é pequena. Na parede há vários quadros a maioria são da Laura pequena.
Fico parado na porta do quarto observando, ela deitou na grande cama de casal dela, chego de fininho e me sento na beirada da cama, sem dizer nada. Ficamos em silencio por um bom tempo, ela não mexe, não me olha e não fala. Dá para ver que alguma coisa está errada de uma forma que ainda não entendo e obviamente ela não quer falar sobre isso.
— Acho que já vou – digo me afastando da cama
— Não... – ela se senta na cama, ainda não me olhando, abraça as pernas, e fica encarando o pé
— O que aconteceu? – pergunto – conversa comigo
Não me sento de volta na cama, fico de pé encarando ela, esperando por respostas, esperando um sinal, uma luz que seja, mas ela ainda está sentada abraçando cada vez mais forte as pernas. Demora uns minutos até ela finalmente se abrir comigo.
— Eu o vi – começa ela, fazendo uma pausa e coçando os braços suavemente – eu vi o Marcelo, ele... não sei que merda de mundo é esse, por que ultimamente essas "coincidências" estão ficando um saco... ele trabalha na boate como barmen, no caminho para o banheiro ele me parou, ele disse que queria conversar.
"Eu congelei e fiquei lá parada imóvel, aterrorizada. Ele chegou mais perto e disse no meu ouvido "É tão bom te rever, sinto tanta saudade... acho que deveríamos voltar, sabe, deixar tudo para trás e voltar a ser feliz juntos", eu ainda estava tão preocupada com tudo aquilo, minhas mãos tremiam, eu já não conseguia ver ele, meus olhos já estavam cheios de água, eu queria falar alguma coisa, eu queria gritar, eu queria sair correndo, mas eu não conseguiu e fiquei lá parada feito uma idiota"
Ela se levanta da cama e caminha para o fundo do quarto e fica ali de pé ao mesmo tempo que eu via que ela me olhava, eu sabia que ela não me olhava de verdade, seus olhos se perderam nas lembranças.
— Quando eu consegui me mover eu corri para o banheiro, eu... eu não conseguia respirar direito, minha respiração estava tão ofegante que eu pensei que estava me afogando... e ouvi a porta se abrindo atrás de mim, senti meu coração parando, minha mente ficava frenética, e só pensava... Ele vai fazer de novo, ele vai fazer de novo... Não consigo nem me mover, pensar, falar agir quando ele está perto de mim – seu choro era mais vivo, suas palavras ficavam mais carregadas, mais difíceis de ser ditas – eu senti as mãos dele nos meus ombros, ele beijou minha bochecha e me virou de frente para ele, eu chorava, em silencio, quieta, ele me olhou sorrindo, se aproximou do meu rosto – ela tampou o rosto com as mão e as lagrimais pingavam de seu queixo e ela lutava para impedi-las de cair, ela votou sua atenção para o sapato – ele tentou me beijar, mas eu finalmente consegui me mover, consegui – ela concorda com a cabeça – consegui, mas ele segurou meu braço, com tanta força que me fez gemer de dor
"Ele me puxou para perto e sussurrou no meu ouvido 'Quando eu quiser te dar um beijo, não recue, você é minha, você me pertence, quando eu quiser a gente volta, você é minha' ele me puxou mais perto me deu um beijo, na verdade ele tentou, eu não conseguia abria a boca nem para falar com ele imagina se isso iria acontecer para beijar aquela boca, ele ficou nervoso e me empurrou eu tropecei e bati a cabeça na parede e fiquei no chão chorando, eu pensei que ele ia sair, mas ele chegou mais perto e se abaixou perto de mim 'fica no chão sua vadia' ele disse. Não conseguia me levantar, e mesmo depois dele ter saído do banheiro eu fiquei ali, sentada, humilhada, me sentindo um lixo, quando umas meninas entraram e me viram caída, elas riram provavelmente pensando que eu estava bêbada, eu levantei num pulo e sai, nisso eu encontrei vocês"
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Além da imaginação
عاطفيةGustavo santos, mais conhecido como Guto, e sua família se mudam para uma nova cidade. Seu maior medo em relação a essa mudança é que com isso vem outra escola. Guto nunca se adaptou bem em escolas, sem dúvida foi zoado, e ele sabe que nessa nova es...