Vi na janela do ônibus que, o sinal ainda não tinha tocado. Estranhei um pouco.
Saltei do ônibus, o motorista parecia não gostar muito daqueles meus pulinhos. Ele sempre me olhava com cara feia, mas eu sempre ignorava.
Caminhando para o portão da escola, me deparei com minhas amigas, elas sorriam tanto.. parecia muito que iam fazer propaganda da Colgate.
Elas vinheram em minha direção, sorrindo e com os braços abertos. Eu logo pensei - Ou eu tô muito bonita e eles querem fingir ser meus amigos do peito ou eu tô muito feia e eles querem me esconder. Enfim, a opção 2 parece ser mais convincente pra mim mesma.
- CATARIIIINAAAA ( Falou Alexia, minha amiga de infância. )
- CATARINA SUA SUMIDA ( Era Maria, que falava ao mesmo tempo que Alexia, também minha AMIGA de infância )
- Oi. ( Falei sem animação )
- Nossa amiga, porque tanta negatividade? ( Falou Alexia )
- OOOOOOOOIII ( Gritei )
- Não precisa gritar né ( Falou Maria )
- Enfim, porque está tão desanimada? ( Perguntou Alexia )
- Qual minha obrigação de estar feliz as 6 da manhã? Prestes a ter aula da velha rabugenta.. ( Falei irritada )
- Ela não é rabugenta! ( falou Maria )
- AAAAH, CLARO QUE NÃO. Você é a sobrinha queridinha dela. ( Falei com um sorriso irônico )
Maria tinha todos os defeitos do mundo, mas o pior deles era ser a sobrinha da professora de português. Oh velha chata.
- Falando na " Dona Lúcia " você trouxe o livro dela não é Catarina? Sabe como ela fica irritada quando os alunos não trazem o livro na aula dela.
PUTAAAAAAAAMERDA, Eu tinha me esquecido do livro.. Ah, dessa vez eu não escaparia da rabugenta.
( Fiz uma cara " Deu merda " )
- EU SABIA que você tinha esquecido o livro, agora vamos todos ter que escutar a rabugenta reclamar sem parar. ( Falou Alexia irritada )
- AAAH NÃO CATARINA ( Falou Maria )
- Me desculpem.
* O sinal tocou *
Entramos na escola e partimos em direção a nossa sala. Afinal, não trazer o livro já era uma merda, chegar atrasada na sala também.
Enquanto eu me apressava para chegar na sala, eu ia rezando para que alguém também estivesse esquecido o livro.
Cheguei na sala e para minha surpresa a velha ainda não estava lá. Sentei na última cadeira da primeira fileira.
Aquele cantinho, sempre foi o meu preferido. Porque, ficava perto da janela e quando eu me encolhia, ninguém podia me vê direito.
Tirei os cadernos da mochila e os coloquei em cima da mesa, não demorou muito para a velha chegar na sala soltando fogo pelas ventas.
- ALUNOS ( Ela falou chamando a, atenção de todo mundo ) - QUERO TODOS OS LIVROS ABERTOS NA PÁGINA 45.
Eu sempre pensei que ela não gostava de dar aula, pelo seu jeito de falar com os alunos. Mas talvez fosse só grosseria ou ela queria bancar a última bolacha do pacote.
Queria ignorar o fato de estar sem livro. Mas ela não ignorou..
- CATARINA ( A rabugenta gritou meu nome )
Todos me olharam e meu coração quase saiu pela boca novamente. Quando eles viram que eu estava sem o livro, uns colocaram a mão na cabeça, outros queriam não estar ali pela sua expressão. Enfim, eu só não queria ter ouvidos para ouvir as reclamações dela.
- Oiiiii ( Falei assustada )
- Onde está o seu livro? ( Perguntou com tom de ignorância )
Eu tentando amenizar o climão, só fez piorar tudo.
- Sabe professora, é que ele quis da uns role, ficamos de se encontrar, mas ele não apareceu.
( Todos riram baixinho )
- Acha que eu tenho cara de palhaça Catarina? ( Perguntou Brava )
Eu fiquei olhando ela e pensei..
" É óbvio que ela não tem cara de palhaça, mais de demônio " ( Escapou uma risada )
- Isso Catarina, ria. Agora você tem um trabalho para me entregar quarta-feira! Eu quero um texto ( Ela foi interrompida pela chegada de um aluno )
- BONITO SENHOR MIGUEL, MUITO BONITO.. ( Ele a interrompeu )
- Nossa Lúcia, eu sempre soube que eu era lindo, mas a senhora falando agora. ( Miguel falou colocando um sorriso nos lábios )
- Parece que todos resolveram debochar da minha cara hoje. Então todos faram o trabalho. Vão criar um texto falando da vida animal. Podem escolher o animal que vocês quiserem. ( Falou irritada )
Todos da sala ficaram em silêncio.
- O senhor Miguel, fará o trabalho junto com a Catarina. ( A rabugenta falou )
- OQUEEE? * Bati a cabeça na mesa * Continuei.. - Porque eu não posso fazer sozinha igual todo mundo? ( Eu falei em um tom um pouco alto )
- Porque eu quero que você faça em dupla. ( A rabugenta falou com um sorriso de dar raiva )
- MAAAAS.. ( Falei irritada )
- Você quer mais um trabalho CATARINA? ( Ela perguntou com aquele maldito sorriso nos lábios )
Apenas baixei a cabeça. Então Miguel se aproximou de mim..
- Qual é boneca, é maravilhoso estar comigo. ( Falou com um sorriso meio malicioso )
- Deve ser maravilhoso ficar perto de um cachorro sarnento! E não me chame de boneca. ( Falei com uma puta raiva )
Eu não gostava daquele garoto. Ele se achava muito o " Gostosão " sendo que ele era um idiota patético.
- Afiada você hem.. ( Falou rindo )
- Vai se catar. * Mostrei o dedo do meio para ele *
Ele riu.
- O que está acontecendo aí atrás? ( A velha falou )
Ficamos calados.
PUTAMERDA, nem percebi que ela estava fazendo um monte de tarefa no quadro.
Abri meu caderno depressa e comecei a escrever.
Quando ela se virou de novo, Miguel me cutucou.- Na minha ou na sua? ( Perguntou sorrindo maliciosamente )
- Calaboca idiota! ( Falei estressada )
Afinal, aquele não era meu dia.
- Na minha ou na sua irritadinha? ( Perguntou novamente )
Ele parecia gostar de levar uns tapas.
- O que? AF, me deixa escrever ( Eu queria socar a cara daquele garoto )
- Aonde vamos fazer o trabalho.. na minha casa ou na sua?
- Não vamos fazer o trabalho juntos! ( Falei decidida )
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A dor é a cura.
RomanceVocê me fez sangrar! mas sangrar pelo coração. E eu sangrei tanto que.. as veias do meu coração não conseguiram mais bombear sangue para o meu corpo, me fazendo morrer com meu próprio sangue em meu próprio coração.