capítulo 15

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" Não por favor não " O grito tornou-se mais intenso

Levanto-me depressa do sofá, foi um sonho, como sempre um mero sonho.  A minha respiração está ofegante e custa-me a respirar. Não me lembro do sonho só me lembro de ouvir uma voz a gritar duas vezes que não. Não o quê ? Era uma voz de uma mulher receosa e pelo que me pareceu a mulher devia estar a ser atacada ou qualquer coisa assim parecida.

Sinceramente não sei e também só quero esquecer. Começo a andar até à cozinha agarro num copo lavado do balcão, encho-o com água e bebo-a para me ajudar a levar os meus pensamentos para longe. Enquanto agarro o copo com as duas mãos vou percorrendo a cozinha com os meus olhos e consigo reparar numa moldura em que Beth está a abraçar a mãe enquanto elas as duas seguram um gelado, não consigo imaginar a dor que Beth deve estar a sentir, só espero que ela saiba que a mãe dela está muito orgulhosa por tudo o que ela alcançou. Eu estaria orgulhosa. Se alguma coisa acontecesse à minha mãe eu não saberia o que fazer, acho que também queria ir com ela, ela é tão importante para mim que se eu a perdesse, um pedaço grande do meu coração ia com ela. Apago a luz da cozinha e volto-me a deitar no sofá.

Acordo com uma luz nos os meus olhos.

- Bom dia ! - Beth diz. Ela abre as cortinas da sala deixando entrar ainda mais a luz luminosa para dentro da sala antes escura. Levanto-me lentamente e espreguiço-me.

- Costumas comer algo ao pequeno-almoço ? - pergunta ela.

- Sim, sim costumo - mando-lhe um sorriso e sigo-a até à cozinha onde o pequeno almoço já está posto na mesa. Pão num cesto vermelho com manteiga fiambre e queijo ao lado e um jarro de leite quente sobrepõem a mesa dando-lhe um ar muito acolhedor. Sento-me na cadeira e como um pão com queijo.

- Dormiste bem ? se não dormiste bem eu não tenho a culpa. Culpa o sofá - Diz-me Beth a rir-se e a pôr o leite no copo.

- Dormi não te preocupes, e obrigada mais uma vez - digo. Mando-lhe um sorriso.

- Hoje vais para casa ? - pergunta ela.

- Sim, Acho que sim - digo. Sincermente eu não tenho bem a certeza se vou para casa ou não. Não quero estar a encontrar-me com o meu irmão não quero vê-lo. Aposto que se for para casa não vou conseguir aguentar e vou explodir e meter-me no quarto, mas também não quero deixar a minha mãe com aquele monstro. Não quero e não posso. A minha cabeça está uma confusão e neste momento eu não sei nada.

- Se não quiseres ir para casa não há problema. Podes ficar aqui mais um dias - ela diz-me. Ficar em casa da Beth é o que eu mais quero mas não, eu não posso. Eu tenho que enfrentar os problemas e não fugir deles, não quero ser como o meu pai e fugir.

- Mas eu vou Beth não precisas de te preocupar eu fico bem e além disso amanhã já é 2ª feira, já vou trabalhar e vou-te ver - sorriu e levanto-me da mesa.

O resto dia passou rápido, fui com a Beth ao shopping e comemos um gelado e comprámos algumas coisas, ela contou-me mais coisas sobre a vida dela, especialmente sobre a mãe dela e contou-me que o pai está no estrangeiro e que lhe ajuda a pagar a renda da casa e mais outras coisas, e que foi da mãe e do pai que ganhou o amor à música e que sempre gostaria de ter tido um irmão ou uma irmão mais nova mas que infelizmente, ela foi filha única. Depois contou-me o funeral da mãe e como ultrapassou isso tudo. Como ainda estava a ultrupassá-lo. De seguida ela fez questão de me pagar o bilhete do autocarro e agora estava eu a 5 minutos de casa e ainda a perguntar-me a mim própria se irei ou não ter coragem de abrir aquela porta. Desco a rua lentamente para ver se a minha coragem aumenta ou diminui mas pelo que me parece só baixa, baixa e baixa. Abro a porta do prédio e as minhas pernas estão a tremer e o elevador parece que encolheu. Estou à frente da porta e parece que consigo ouvi-lo a respirar do outro lado desta, respiro fundo abro a porta e não vejo ninguém. Um peso enorma sai-me dos ombros enquanto olho para a cozinha e para a sala e não vejo lá ninguém. Ponho a minha mochila no chão do corredor e vou diretamente para o quarto, e abro a porta. O meu coração acaba-me de cair do peito.

- Bem-vinda.

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