capítulo 21

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O resto do dia de trabalho passa rápido, olho sempre em volta pois agora a minha cabeça desconfia de todas as pessoas na mesma sala que eu, o facto de o meu irmão controlar o Harry, assusta-me completamente. Harry a querer-me convidar para jantar sabendo que o meu irmão irá odiar a ideia, mas ele não tem que saber não é verdade ? Tento convencer-me que irá tudo correr bem mas o meu subconsciente diz o contrário e ainda diz que o jantar é a pior das ideias, eu quer queria quer não, concordo com ele. Olho para o relógio e são quase 18:30, horas de eu sair.

- Margarida vens ou não ? -  Beth diz-me enquanto está na rua à espera que eu saia para poder baixar a grade. Pego na minha mala e no meu casaco.

- Já vou já vou - Agarro o meu telémovel e encolho-me debaixo da grade que ia até á minha cintura.

- Não vais apanhar o autocarro ? - Olho para o lado e reparo que o meu autocarro estava na paragem a receber outras pessoas.

- Não, eu agora não vou para casa. -  Mando-lhe um sorriso. Mas onde é que está o Harry? Ele já devia ter vindo. E se John descobriu que eu e ele íamos jantar ? Agarro no telémovel rapidamente mas lembro-me que nem o número dele tenho. Frustrada, ponho o telemóvel de volta ao bolso.

- O que é que tens ? - Beth pergunta preocupada. Será que se lhe contar ela vai ficar estranha ? Será que ela sabe sobre o " trabalho sujo " do Harry ?

- Oh nada - Sussurro e esfrego as mãos nos meus ombros para tentar afastar o frio da noite.

- Bem, contas-me amanhã sobre o assunto, agora tenho que ir - Beth manda-me um sorriso e eu assento com a cabeça.

Estou sozinha, à noite no meio da rua à espera de um rapaz que eu nem sei se vem, a ideia não me agrada. Lembro-me que tenho um gorro na mala e não hesito em pô-lo na cabeça. Para tentar não apanhar com tanto frio vou até à paragem de autocarro e sento-me. Onde é que ele está ? São 19:15, eu não lhe disse a que horas é que eu saía mas para ele ter dito que me vinha buscar depois do trabalho, é porque sabia, certo ?  Vejo um jipe preto a aproximar-se lentamente da parede, os vidros são pretos pelo que me impedem de olhar para dentro deste. O carro pára metros antes da paragem de autocarro, o meu coração bate com mais força pois o medo lentamente entra dentro de mim. Harry ? És tu ? 

Um rapaz alto sai do carro mas não consigo perceber bem se é o Harry levanto-me discretamente para tentar saber a resposta a essa pergunta. 

- Hey - Diz ele. Era Harry. Ma como é que ele diz " Hey " de uma forma tão descontraída ? Eu fiquei 45 minutos á espera dele por amor de deus. Nem era minha obrigação esperar por ele, além disso podia ter ido para casa à muito tempo, mas não o fiz, não sei porquê, mas não o fiz.

- Onde é que estavas ? - Pergunto. Ponho os meus braços à volta das minhas perna geladas e esfrego-as.

- Estava a caminho. Anda bora. - Diz ele e abana a cabeça em direção ao carro. Sem dizer nada levanto-me e sigo em direção ao carro, aposto que lá dentro está quente por isso espero pelo conforto para falar com Harry. Subo o degrau do jipe e fecho a porta. Cheira a alecrim e agora também a menta, ele também entra no carro e eu tiro o meu gorro da cabeça e olho para o retrovisor para ajeitar o meu cabelo.

- O que é que tens ? -  Pergunta Harry enquanto está desligar a música que até eu estava a gostar.

- Nada. Onde é que vamos ? - Quero esqucer o atraso dele pois não quero fazer disso uma discussão. Mudo de assunto.

- Aonde é que queres ir menina mal dispota ? - Tento que ele não me veja o meu sorriso leve na cara e olho pela janela do carro em movimento.

- Não sei e não estou mal disposta - Digo secamente e entro no jogo com ele.

- Bem ok, então podemos ir a um restaurante tipo tasca,  cheia de velhos, o que achas da ideia ? - Diz ele de modo sarcástico mas gozão ao mesmo tempo, e põe os olhos de volta á estrada.

- Pronto ok ok eu já não estou mal disposta. - Riu e dou um leve murro no ombro de Harry. - Mas agora a sério onde é que vamos mesmo ? - Pergunto.

- Já vais ver - Ele sorri e eu também. Este momento faz-me lembrar o meu sonho, não sei porquê mas faz. Harry está-me a mostrar uma faceta muito diferente de quando o " conheci " na festa, mas a sua faceta quando está com o John assusta-me, mesmo que nunca a tenha visto. Ele a ser como o meu irmão não é uma imagem que me agrade por isso acho que nunca irei ter totalmente confiança nele porque parte de mim tem medo do que ele se possa tornar.

- Margarida ? 

- Sim, diz - Ponho o meu cabelo para trás da vista e olho para o lado e percebo que já tinhamos chegado. Era um restaurante com a aparência de ser muito caro. Harry deve ter-se apercebido que eu já estava concentrada, ele saiu do carro e abre-me a porta. Ao pé do nosso carro está uma fonte e eu aproximo-me e consigo reparar nas moedas no fim da fonte. Consigo imaginar as pessoas e os seus desejos ali naquelas moedas submersas por a água esverdeada. Em frente à fonte uma enorme escadaria branca estende-se até à porta do restaurante e as  pessoas descem e sobem as escadas. Harry sobe comigo, um empregado abre-nos a porta. Sorriu para o Harry, olho em volta, alegre com o ambiente acolhedor que o restaurante nos dá e vejo alguém inesperado a uns metros de mim.

Oh não. Mas o que é que ele está a fazer aqui ?

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