Capítulo 3

687 100 27
                                    

Camille


Tyler tinha um jeito estranhamente curioso de me deixar à vontade na presença dele, o que era realmente muito bom tendo em vista que passaríamos um tempo considerável juntos com suas supostas dicas de atuação e que, depois de ter que passar a falsa imagem de filha perfeita para os meus pais, era bom ser eu mesma com alguém que não fosse Lori.

E acho que ele chegou a mesma conclusão ao meu respeito, pela forma que muitas vezes me encarava embasbacado aposto que não esperava que eu fosse tão despojada ou salaz ao ponto de eu mesma colocar sua mão em meus seios, aquela foi a única forma que encontrei de calá-lo. Eu havia achado um tanto presunçoso de sua parte deduzir que por ser mulher eu não poderia gostar de pizza, cerveja e basquete. Que babaca.

Fazer ele me tocar bem em frente a pizzaria foi meio que uma forma de o alertar para que não fosse tão idiota novamente ao pressupor coisas sobre mim ou qualquer outra mulher. Ou transexual como ele havia achado que eu era. A lembrança me fez ter outra crise de gargalhadas. Tyler me encarou com a testa franzida do outro lado do sofá.

Estávamos comendo nossas pizzas e bebendo cervejas enquanto Chicago Bulls detonava os Boston Celtics por 15 pontos de diferença no 4° quarto. A vinda de volta da pizzaria foi tão tranquila quanto a ida.

- O que foi que eu fiz dessa vez? - Perguntou com uma expressão confusa. Ele ficava uma gracinha com aquela carinha, diga-se de passagem. Controlei o riso, levando o gargalo da minha cerveja à boca e sorvendo um longo gole, deixando-o um pouco mais curioso. Ele sentou na beirada do sofá e espremeu as pálpebras, me encarando de lado.

- Nada, mas foi muito engraçado ver você se perguntando se eu era ou não mulher, e sua cara quando coloquei sua mão nos meus peitos? Meu Deus, eu deveria ter gravado!

- Não foi nada engraçado, senhorita libertina, na verdade só mostra que não conhecemos nada um do outro e que precisamos urgentemente de uma rodada de confissões, porque, no final disso tudo você será a minha nova co-starring - em sua íris dançavam um brilho de diversão, mas o tom de sua voz denotava sisudez.

Dei de ombros, ele tinha razão, apesar de eu ainda não ter tanta certeza assim se seria mesmo capaz de conseguir a vaga.

- Você começa, professor - provoquei, apreciando o momento em que ele aceitou a incitação e um pequeno ganido reverberou de seu peito. Eu estava adorando toda essa coisa que de ele querer me ajudar e acho que poderíamos até sermos amigos mesmo se eu não conseguisse a vaga.

- Eu durmo pelado - não me contive e gargalhei. Esse cara era hilário e agradável na mesma medida.

- Irrelevante, Tyler - me sentei no chão de madeira, colocando minha corona sob a mesinha de centro, aquela seria uma brincadeira interessante. - Mas só para você saber, durmo só de calcinha - um brilho de desejo iluminou seus olhos, mas ele disfarçou.

- Me chame de Ty, só meu pai ainda me chama de Tyler, e é muito relevante saber como uma pessoa dorme, isso diz muito sobre ela - balancei a mão esquerda, indicando que gostaria de saber mais a respeito. Tyler se sentou do outro lado da mesinha e me encarou austeramente antes de continuar: - Uma pessoa que dorme pelada mostra que tem controle do seu próprio corpo, que é segura de si e de seus desejos. Além de que, dormir pelado faz bem para a saúde. - Deu de ombros como se estivéssemos apenas comentando sobre o jogo que ainda rodava na TV, ele falava do assunto com tanta propriedade que me deixou realmente interessada. Esse cara além de ser bom transando era bom com as palavras. Papai adoraria esse lado dele, diria que Tyler seria um ótimo advogado, ou promotor.

Take 2 - Segundo livro Trilogia Estrelando o Amor - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora