Mais um 3/4
POV Camila
Olhem só para isto.... Essa filha-da-puta está sorrindo amplamente para mim como se nada tivesse errado. Há minutos atrás estava apreensiva, até me abraçou – como há tempos não fazia – e agora está com o sorriso convencido de volta na cara!
Sentada do outro lado da mesa, exatamente como vinha fazendo todas as noites por cinco longos anos. Os mesmos gestos, as mesmas palavras, o mesmo maldito sorriso. Sempre sorrindo. Sorrindo para mim. Sorrindo para tudo o que eu dizia. Sem jamais enxergar o que quer que fosse. E mentindo deslavadamente durante todo esse tempo.
Como foi em Atlanta, querida?
Tudo bem, fora uns probleminhas com uns números. Blá, blá, blá. Acontece, meu amor, que eu não estava em Atlanta. Estava numa festa de um mafioso, tentando explodir os seus miolos com uma semi-automatica!
Por um instante fiquei ali, observando-a repetir o mesmo teatro de sempre. Será que pensava em mim quando não estava em casa? Será que riu da mulherzinha ridícula e impotente quando dava em cima do velho safado? Será que fazia piadas com o meu nome quando se jogava nos braços de uma agente qualquer, provavelmente uma femme fatale, nas noitadas pós-missão cumprida?
Era por isso, então, que virava para o lado e dormia feito pedra sempre que passava as noites comigo. Não que lhe faltasse apetite. Mas gastava cada gota de sua energia vivendo aquela emocionante vida dupla! Cachorra. Agora vinha para o meu lado como se fosse uma esposa dedicada, pronto para me servir mais uma taça de vinho. De repente, meu coração parou. Não gostei nada daquele brilho em seu olhar. A questão era a seguinte: será que Lauren sabia que era eu, sua mulher, quando descarregou um pente de pistola na minha cara? E agora estava ali para terminar o serviço?
Talvez não soubesse. Nem soubesse que eu sabia. E no final das contas quisesse apenas me servir um pouco de vinho. Ou talvez estivesse cansada da mulher enfadonha e quisesse dar cabo dela apenas para fugir com alguma agentezinha ordinária chamada Cristal! Ela vinha na minha direção, casualmente carregando a garrafa na palma da mão, olhos sempre pregados nos meus. Aquela garrafa me deixou tensa. Se quisesse, Lauren não teria a menor dificuldade para espatifá-la no meu crânio.
Meus olhos procuraram a faca mais próxima. Prendi a respiração, cruzei as pernas, levantei minha taça. Quando Lauren se abaixou para me servir — ou matar —, percebi que ela parecia surpresa.
Meu vestido havia subido um pouco nas pernas, revelando meu joelho enfaixado e os hematomas adquiridos na queda da janela.
Ela deixou a garrafa escorregar de sua mão.
Num gesto rápido, estiquei o braço e peguei a garrafa em pleno voo. Uma manobra brilhante. Reflexos excelentes. Reflexos incomuns para uma dona-de-casa.
Que estupidez, a minha.
Lauren lentamente abriu um sorriso, o meu sorriso predileto. Nosso olhar se cruzou outra vez. Ela sabia. E sabia que eu sabia. E agora eu sabia que ela sabia que eu sabia. Isso mesmo. De repente nos transformamos num casal que sabia demais.
Deixei a garrafa cair.
Vendo-a cair — aparentemente em câmera lenta — em direção ao nosso tapete perfeitamente branco, fui surpreendida por certas lembranças...
Nosso encontro em Bogotá. Lauren sempre envolvida nas coisas. Nunca lhe perguntei o que estava fazendo por lá, nem por que saía em horários tão estranhos para trabalhar. Só me interessavam àquelas horas abençoadas em que ela estava livre para passar em minha cama. Quando não estava fazendo amor com ela, cuidava das missões que me haviam levado até lá. Quatro assassinatos em apenas uma semana. E ela? Decerto fazia exatamente o mesmo.
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Sra. e Sra. Jauregui - Camren
AcciónAdaptação de um fanfic Faberry para o universo Camren; AU; Jesse precisa fazer uma história como trabalho de português, mas não tinha ideias, então sua vó se ofereceu para ajudá-lo. Assim começa a ser narrada a história confusa e cativante do casal...