Prisoner

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Ser uma amante

Pode não atrair tolos como você

Nós estivemos por aí

Quero ser algo que você pegaria

Prisoner - Capítulo dois

Apesar da falta de cor, aquele não era meu quarto. Eu sabia pelo cheiro fortemente horrível de remédios. Quando virei meu rosto, lá estava Jackson, deitado em um sofá, dormindo como um anjo (coisa que não era). Me mexi na cama branca e dura, acordando o garoto com o barulho.

- Onde estou? - Franzi o cenho. Minha cabeça estava mais dolorida que antes. Luzes piscavam como vagalumes quando fechava meus olhos. - Jackson...

- Ei, calma eu to aqui. - Colocou as mãos em meus ombros, me abraçando. - Vou chamar um médico.

Me deitei mais uma vez e abri os olhos novamente. Me via de novo prisioneira de meu passado. Era o mesmo hospital que vim quando perdi meu bebe. Não consigo acreditar até hoje que meu filho havia saído de meu corpo sem mais nem menos, e quando fui fazer alguns exames, ele simplesmente não estava mais lá. Chorei. Chorei mais uma vez depois de dias. Meu choro se intensificou assim que o belo rapaz que julgava ser meu marido chegou com um homem vestido de branco.

- O que houve? - O médico apertava minha mão de leve.

- Jackson... Por que me trouxe aqui? - Eu gritava e me debatia nas mãos do médico, que logo me soltou. Minha cabeça doía ainda mais, mas eu não me importava, só queria chorar e sair daquele local.

- Foi o hospital mais próximo que achei. - Levantei da cama, retirando a camisola branca de meu corpo, ficando apenas de trajes íntimos diante os dois homens. Vesti minha roupa, indo às pressas até a porta, sendo impedida por Jackson. - Você não pode sair daqui assim, precisa fazer exames e... Você precisa de ajuda.

- Agora você me diz isso? - Me soltei do mesmo e limpei minhas lágrimas. - Poderia ter pensado nisso antes de me abandonar depois de ter perdido MEU bebe.

- NOSSO bebe! Não diga que eu te abandonei, eu cuidei de você o máximo que pude!

- Não existe mais nós, Wang Ji Er! Não existe eu e você! Não existe mais nossas coisas! Não existe mais nosso filho! Você não é nada meu desde que me...

- EU NÃO TE ABANDONEI! EU CUIDEI DE VOCÊ PORQUE EU TE AMAVA!

- MAS SE CANSOU DAS MINHAS CRISES! NÃO ME AMOU O SUFICIENTE! NA PRIMEIRA OPORTUNIDADE FOI CORRENDO NOS BRAÇOS DE OUTRA! - O empurrei e comecei a outra crise de choro. - Eu não quero mais nada vindo de você! Me deixa em paz. - Silabei e sai do quarto, sendo impedida novamente, mas dessa vez pelo médico.

- Você não pode ir embora assim. - Suspirei e assenti, ouvindo com calma o que o médico me falava. - Você precisa de tratamentos psicológicos. Irei te indicar uma amiga minha, ela pode te ajudar.

- Agradecida, mas acho que minha depressão nunca vai ser curada, é impossível.

- Se ela não aceitar, - Jackson respirou fundo olhando para mim e em seguida para o doutor, cujo nome era Park Jinyoung. - me dê o número, que vou ligar para a mesma e levar minha esposa até lá hoje mesmo.

- Não sou sua esposa Wang.

- Nunca assinamos papéis, minha querida. Querendo ou não, somos casados. - Revirei os olhos e cruzei os braços. - Não haja como uma criança.

- Jackson, faz o que você quiser. Eu to indo pra minha casa.

O chinês me puxou pela cintura, me impedindo de mover. Pediu o número da psicóloga e assim que conseguiu, agradeceu ao médico e me guiou até seu carro. Abriu a porta da frente para que eu entrasse, mas recuei e sentei nos bancos de trás, cruzando os braços como uma criança.

- Você está impossível hoje. - Entrou também dentro do carro bufando irritado, ligando o carro, mas olhando para mim antes de dar movimento ao automóvel.

- Você disse isso semana passada quando não quis comer a comida que sua mulher preparou para mim.

Suspirou fundo e apertou um pouco o volante, parando o carro em uma esquina qualquer.

- Olha, a gente vai ir pra sua casa tudo bem? Ai nós jantamos e amanhã te levo ao psicólogo.

Fiquei tanto tempo desacordada assim?

Voltou a andar com o carro. Ficamos em silêncio a viagem toda. Sabia que isso era desconfortável para ele também. Mas eu não aguentava mais olhá-lo de perto sem poder abraçá-lo ou beijá-lo como fazia à anos. Sentia saudades de ser tocada novamente. Será que um dia, voltaria a ser feliz com alguém?

~~~~*~~~~

- Eu não quero comer. Estou sem fome. - Dizia pela milésima vez só naquela noite.

- Mas você tem que se alimentar! Não comeu nada o dia inteiro! E ainda precisa tomar seus remédios.

- Mas eu não quero comer essa comida. Não quero a comida da sua mulher. - Deitei a cabeça na mesa entre meus braços e comecei a chorar. Era tão ruim dizer aquelas palavras. Eu era a mulher de Jackson Wang, não Kimba Alysha, a garota que roubou o coração de meu amado.

Kimba Alysha. Australiana. Pessoa em qual Jackson estava apaixonado antes de se casar comigo, e que até hoje é apaixonado, um dos motivos para ter me trocado. A garota fez a cabeça do Wang de tal forma que eu não acreditava. Suja e manipuladora, sempre o jogava contra mim, e o mesmo, fazia como a garota queria. Sempre foi assim, não fico mais surpresa.

Ouvi Jackson suspirar fundo e andar à passos firmes em direção à algum lugar, batendo a porta em seguida.

E eu sabia que Jackson não voltaria para ficar comigo nessa noite fria, mas mesmo assim o esperei a noite inteira.

[...]

Sick - Long Imagine JacksonOnde histórias criam vida. Descubra agora