O dia não era um dos melhores. Um clima frio, muitos compromissos e pouco tempo. Depois que crescemos, o tempo que nos tem disponível nunca é o suficiente, e sempre esperamos incessantemente pelo amanhã. Mas sabe de uma coisa? Mesmo com tão pouco tempo devemos viver, arriscar e fazer do tempo que temos o mais aproveitado possível. Foi o que Catarina quase fez.
Vários minutos haviam se passado, mas mesmo assim Catarina não desistiu. A sensação de que ele poderia chegar a qualquer momento não saía de sua cabeça, e o medo de ele aparecer enquanto ia embora era inevitável. Ela agradeceu a Angelo e, depois de dispensá-lo, esperou por Anthony. Ele já a havia deixado plantada 20 minutos, o que era frustrante e vergonhoso. O arrependimento de não ter aceitado o convite de Angelo começou a querer surgir, mesmo Catarina tendo feito o que desejava.
Desistiu. Esperou que ele aparecesse, mas não apareceu. Cacá não poderia se concentrar em uma das suas aulas preferidas com seu estômago fazendo escândalos em sua mente. Simplesmente retirou-se tentando desacreditar. Ela não mais admirava a vista e sim o concreto sob seus pés. Seu olhar, estava tão vidrado que era perceptível sua consciência estar distante, mas ainda sim aparentava estar bem.
Finalmente chegou a lanchonete mais próxima a escola. Era a mesma lanchonete que havia combinado com Anthony, sendo uma de suas favoritas pelos bolinhos de queijo com goiabada. E melhor que o sabor só o nome, "bolinho Romeu e Julieta". Ela adentrou a lanchonete e a viu, não cheia, mas com um certo movimento. Ela possuía um ar tranquilo e casual, um tanto quanto rústico. A lanchonete, com paredes de madeira, assim como o teto e as mesas, era banhada ao fundo com uma música acústica calma vinda das caixas de som por ela espalhadas.
Mesmo com todas as conversas gritantes e música ao seu redor, Catarina ouvia apenas aos seus pensamentos altos e vagos. "E se ele estiver lá?", "E se eu tiver dado um bolo nele?", "E se ele tiver ficado chateado? Será que entenderia?", "E se"... Eram tantos pensamentos que, sem nem mesmo perceber, já estava sentada e fazendo o pedido de sempre. Um suco adocicado de laranja, que só aquela lanchonete tinha, acompanhado de camarões com arroz aos quatro queijos, ou arroz "grudadinho" como Catarina brincava. Até se deparar com uma cena inesperada.
Ele estava lá, era realmente ele. Sentado em uma mesa, sozinho, ao lado de uma janela. Ele aparentava estar bem, mas o fato de estar sozinho tornava a cena deprimente. Seu almoço aparentava ter acabado de chegar, já que se viam vapores de calor saindo de lá. O da moça havia ficado pronto, e assim que foi buscá-lo direcionou-se a mesa do rapaz. Sem falar nada, apenas puxou uma cadeira e aconchegou-se pronta para comer. Quando olhou para seu rosto, seus olhos brilhavam sem moverem-se da moça e o sorriso lutava para aparecer.- O que faz aqui almoçando sozinho... Angelo? - Pergunta Catarina olhando para seu prato enquanto move a comida com seus talheres.
- Ah, minha companhia recusou meu convite. - Sorri o rapaz que ainda estava vidrado na jovem.
- Entendo, deve ser uma louca de ter recusado o convite de um bom partido como você não é mesmo? - Riu baixo, fazendo pouco da situação e levando comida até a boca.
- Boba. - Diz o rapaz começando a comer.A conversa fluía cada vez mais, e as risadas e gracinhas saíam a cada minuto que se passava. O almoço havia acabado, mas o tempo estava parado para os dois, que mesmo compromissados, não haviam perdido seu tempo... Ainda.
- E então, vai me dizer o que fez você vir almoçar comigo e não com o Sr. mistério? - Diz Angelo seguido de algumas risadas e prosseguindo. - Não vá me dizer que ele te deixou plantada?
- Bem... Não é isso, é que... - Catarina não conseguiu disfarçar estar sem jeito, mas não possuía resposta dessa vez.
- Ah, droga... Ele realmente te deixou esperando não é? - Diz Angelo, que num ar mais sério, mostrou sinceridade no olhar e traços de preocupação na voz.
- Está tudo bem, releve isso. - Diz Catarina rindo sem graça tentando esquecer a situação. - Não é como se ele fosse aparecer aqui do nada não é mesmo?
- Bem, não diria isso tão rápido. - Angelo aponta para a porta que se encontrava atrás de Catarina, logo em seguida direcionando seu olhar para a mesa.
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DECISÕES
Genç KurguEssa história não começa com o clichê "Era uma vez", já que o "final feliz" possa não vir a acontecer. Tudo só depende do que você decide.