5ª Decisão: Diálogo

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O céu estava limpo. As nuvens haviam o abandonado completamente, deixando-o esvair todo seu azul mais que eletrizante. Era fácil sair da realidade com tamanha imensidão, e era o que havia acontecido com Catarina. Porém, mais fácil que perder-se no azul céu, era se perder no verde daqueles olhos. Aqueles olhos... Tão vibrantes que lhe pescavam da realidade para um profundo êxtase. Acompanhando aqueles olhos, haviam fios ruivos que, facilmente, eram levados pela brisa e repousados numa pele lisa e pálida. A pessoa a sua frente era alta e possuía uma feição mais que angelical, até que de repente ela mudou...

- Eii, acorda. O que há com você? Está parada aí já faz bem uns 10 minutos. Você está bem? - Catarina fica naqueles lábios vermelhos que movimentavam-se mais que freneticamente, logo em seguida acordando.

- D... Desculpe. Eu só estou um pouco cansada. Estou bem, obrigada. - Diz Catarina envergonhada, ciente que estava ali parada, encarando-o sem perceber.

- Tudo bem. - Diz o garoto. - Você veio andando até aqui e simplesmente parou aí, está precisando de algo? Ou procurando por alguém? - pergunta calmamente o rapaz, que mesmo possuindo uma voz rouca, era quase que melódica.

- Na verdade sim. Eu queria saber, onde comprou este cachorro? - Pergunta a garota, já sabendo a resposta, preparada para pega-lo na mentira.

- Ah, o Teobaldo... - diz o rapaz, desarmando completamente Catarina com tal informação. - Na verdade não o comprei, eu o encontrei. Minha cadela que o trouxe para minha casa.

- O que?!?! - Diz a garota espantada. - Como assim?

- Minha cadela tem o costume de passear sozinha toda noite. O portão fica aberto, ela sai e volta. Porém, na noite passada, ela voltou com um amigo, que estava sem identificação por sinal. Que é o amigão aqui. - explica o ruivo.

- Entendo. Mas me diz uma coisa, como você sabe que ele se chama Teobaldo? Ele está sem identificação. - pergunta a garota Ainda duvidosa.

- Ahh. Na manhã do dia seguinte, a vizinha, senhora Filomena, o viu aqui no quintal e o reconheceu. Ela me disse que a dona era desse condomínio, uma tal de Catarina, e logo depois me disse o nome dele.

- Compreendo, e você fez algo a respeito ao saber de quem era?? Não vejo cartazes nem nada! - retruca a menina querendo toda verdade, do começo ao fim.

- Verdade, não pus nenhum aviso porque alguma pessoa poderia mentir ser dono do Teo aqui. - Diz fazendo carinho em Teobaldo. - mas eu fiz algo a respeito, claro. Assim que a vizinha me disse o nome da dona eu soube quem era. Ela estuda na mesma escola que eu, e logo encontrei seu número em sua documentação da escola. Inclusive, já era para ela estar aqui. - Conclui o rapaz, que logo começou a passar o olho em todos os lugares.

- Se ambos estudam na mesma escola, por que não falou com a garota pessoalmente? Para que pegar seu número? - Diz a garota quase que indignada.

- E...Eu sei, deveria ter falado com ela, mas não sou seu amigo. - Diz o rapaz um tanto estranho. - Não a conheço realmente bem, e só a vejo de vez em quando, em meio a esbarrões. Inclusive, era uma boa oportunidade de conversar com ela fora da escola, já que apenas sei que ela é de lá.

Catarina logo fica surpresa. Eram tantas informações ao mesmo tempo. Estava surpresa sobre quem era que estava a seu encontro, no quanto ele tomou conta de seu cão, em como não havia o reconhecido já que eram da mesma escola e como ela ficava nervosa perto dele. Eram tantas coisas que ela não conseguia concentrar-se. Não sabia o que fazer, como sempre. Aqueles lábios, vermelhos como sangue, não a deixavam focar no que precisava.

- Olha, é um prazer conhecê-lo. - Diz Catarina estendendo-lhe a mão. - Qual seu nome? - Pergunta com um sorriso simples e simpático.

- Prazer, meu nome é Anthony. Anthony DiBlanco. E você? Como se chama? - Questiona o ruivo.

    Catarina abre um sorriso um tanto quanto malicioso, e calmamente diz. - Prazer, Catarina. Catarina Silver, a dona do cachorro. - Responde Ainda sorrindo maliciosamente.

- Ca...Catarina??? - Diz o ruivo um tanto quanto surpreso. - Nossa, como não a reconheci? - indaga o rapaz, que agora demonstrava um nervosismo estupendo.

Catarina ri da situação e das reações múltiplas que o garoto estava tendo. Ela abaixou-se e continuou a conversa com Anthony, enquanto acariciava Teobaldo.

- Pode ficar tranquilo. Só tenho a lhe agradecer. - Diz a garota voltando sua atenção para seu melhor amigo. - Muito obrigada.

    O garoto consente e logo fala. - Olha, até aceito sua gratidão, mas é meio impossível ficar calmo quando há uma garota com uma chave de fenda em seu bolso bem a sua vista... - Diz o garoto fazendo piada da situação que se encontrava.

A jovem não havia percebido que a chave de fenda em seu bolso estava aparente, mas logo começou a se explicar:

- Desculpe sobre isso. - Diz ela em meio a risadas. - Eu fiquei assustada com a sua ligação... Tão misteriosa. - Diz a garota gesticulando como algo mágico e louco. O garoto compreende o medo Dela e logo a responde.

- Perdão pela ligação tão estranha... Eu já havia chegado na escola, e meu celular não possuía bateria alguma. Precisava combinar com você. Sabe como é né... Esquecimento de adolescente. - Ambos consentiram com os ombros e soltam risadas cativantes.

- Mas Catarina... - Gesticula Anthony. - Como posso ter certeza que você é realmente a Catarina a quem procuro? Digo, dona do Teobaldo? - Questiona.

Catarina o responde com um sorriso. Apenas se levanta e da alguns passos para trás. Após tomar uma certa distância da casa do rapaz, solta um assovio, tão alto e agudo que qualquer pessoa a quilômetros de distância ouviria. Era impressionante a capacidade sonora daquele assovio, porém, mais impressionante que aquilo fora a reação do cachorro que, pulando o portão, corre disparado ao encontro da moça já distante. Ela retribui a obediência do cachorro com a ração que encontrava-se em seu bolso e volta ao encontro do rapaz ao lado de seu amigo.

- Isso prova? - Diz a garota com um ar vitorioso, enquanto observava o rapaz boquiaberto.

- Impressionante... - Respira fundo o ruivo. - Mas não posso confiar, esse cachorro pode ser bem treinado, ou algo parecido. Eu preciso de algo mais concreto, entende. - Diz o rapaz que se mostrava claramente incomodado em demonstrar que não confiava 100% na jovem.

    Catarina fica agradecida pelo esforço que Anthony está fazendo pelo cachorro. O ruivo estava fazendo de tudo para ter certeza que o cachorro voltaria ao local de onde saiu. Até que lembra-se da identificação que havia pego no dia em que seu amigo havia fugido. Mas ela estava em casa, não havia a levado ao encontro para ter certeza que não a perderia ou qualquer outra coisa. Ela poderia levá-lo até sua casa para mostrar a coleira... Mas será que não estava muito cedo ainda para confiar nele?
    Para ela parecia que ele falava a verdade, era simpático, gentil e várias outras coisas que ela preferia nem ficar citando. Mas ela poderia apenas trazer a coleira enquanto ele a esperava. Ou ela arriscaria levá-lo até sua casa, ou arriscaria deixar seu cachorro com o ruivo. Catarina, dificultando mais Ainda sua decisão, lembra-se do bilhete que havia deixado para sua mãe, e precisava decidir logo antes que ela o encontrasse e pirasse. Finalmente Catarina abre a boca e responde:

- tenho como prova-lo...

(Cacá pede espera ou leva-o consigo? Decida)

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