Capítulo 11

269 15 6
                                    

Micael tentava controlar a sua raiva, mas não estava sendo fácil. E tudo ficava ainda pior quando tinha de dar aula justamente para a pessoa que estava tirando-o do sério.

Tinha passado um ótimo final de semana com Sophia, e os três primeiros dias de aulas daquela semana foram tranquilos. Mesmo que tivesse vontade de assumir para todos que Sophia e ele estavam juntos, Micael podia lidar com tudo isso e seguir em frente, até porque já estariam juntos no próximo final de semana. Porém, como se nada pudesse ser realmente tranquilo por um tempo, Micael que ainda estava lidando com o fato de Sophia ter transado com outro e esse outro estudar na mesma sala que ela, viu que a sua Sophia estava conversando animadamente com Mateus mais cedo.

O mesmo Mateus com quem ela tinha transado.

Por mais que tentasse se controlar, a raiva transbordava pelo seu corpo e Micael não estava conseguindo nem dar sua aula normalmente. Evitava olhar para Mateus. Evitava olhar para Sophia. Evitava olhá-los, porque a cada vez que os via, sua mente imaginava a cena deles juntos, fazendo sexo e debochando dele. Claro, era só a imaginação de Micael lhe provocando, fazendo com que ficasse ainda mais nervoso.

— Tudo bem, Micael? — Micael é tirado de seus pensamentos por Marcos que tinha reparado que o professor estava estranho.

Micael apenas assentiu com a cabeça e respirou fundo. Olhou novamente para seus alunos. Cravou seus olhos em Mateus que conversava com o amigo sentado ao lado.

— Quer dividir conosco o que tanto tem para conversar com o Gil, Mateus?

Era explicito para todos os alunos a raiva na voz do professor. Todos estranharam a atitude de Micael, primeiro porque ele sempre estava de bom humor e segundo porque todos os alunos estavam conversando uns com os outros.

— Desculpa, professor — Mateus pede mesmo sem entender a reação de Micael.

Sophia que estava conversando com a Lua, os observa. Ela não entendia o que estava acontecendo, mas imaginava o que podia ser, porém se recusava a acreditar. Afinal, Micael era maduro o suficiente para não ter uma crise de ciúmes, ainda mais dentro da sala de aula, na frente de todos. Contudo, talvez ele não fosse tão maduro assim. Sophia temeu por isso.

— Engraçado, né? Agora pede desculpa... Porque não estava prestando atenção na minha aula? — Micael é sarcástico.

— Você não começou a passar nada ainda — retruca Mateus, ofendido por ele levar bronca por algo que todos estavam fazendo. — Todos estão conversando.

Micael ri com deboche, o que chama ainda mais a atenção dos alunos que não conseguiam entender a atitude do tão adorado professor.

— Agora você joga a culpa nos outros? Não é você que adora ser o machão da turma? Homem de verdade não coloca a culpa nos outros.

— Como é? — Mateus pergunta irritado. — Qual o seu problema? Por que resolveu implicar comigo?

— Implicar com você? Você se dá tanta importância assim? — Micael arqueia a sobrancelha e força um sorriso. — Só estou sendo verdadeiro. Não é porque eu ainda não comecei a aula que você pode ficar conversando e achando que a minha aula é uma boate. Se estou aqui dentro, exijo respeito.

Mateus respira fundo. Queria discutir com o professor e xingá-lo de todas as formas possíveis, mas não podia.

— Eu te respeito muito, só não entendo o que está acontecendo com você hoje. Eu não fiz nada.

— Tem certeza de que você não fez nada, Mateus? Certeza?

Sophia então percebe que se não o parar agora, Micael acabará falando sobre ela e Mateus terem transado e consequentemente, contará sobre o relacionamento deles. Ele não podia falar.

TENTANDO SABER QUEM SOMOS - Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora