TENTANDO SABER QUEM SOMOS - Livro I

Capítulo 12

— Francamente, Micael. Não esperava que você fosse tão irresponsável — Alessandra que estava sentada no sofá de sua sala, levantou-se, andando de um lado para o outro.

— Mãe. Tenta entender.

— Entender, Micael? — Victor, seu pai replica. — Você nos conta que conheceu uma garota dez anos mais nova dias antes das aulas começarem e então, soube que ela é sua aluna. Aí, não satisfeito, resolveu ter um relacionamento com ela. Você só pode estar ficando louco. Quer perder o emprego? Quer ir para a cadeia?

— Por que cadeia? — Micael perguntou.

— Além dela ser dez anos mais nova que você, é menor de idade — responder seu pai, nervoso. — Você é responsável, como pode deixar isto acontecer?

— Eu gosto dela, pai.

— É incrível como você gosta de arrumar garota problema, né? — Retrucou Victor.

— Agora você vai jogar a Júlia na história? Eu sei que errei e que fui burro quando estava com ela, não precisa jogar na minha cara.

— Victor, calma — Alessandra pede. — A dissimulada da Júlia não tem nada a ver com esta história.

— Micael, por que se envolver com esta menina? — Carlos, pai da Gabriela, pergunta. — Ela é só uma adolescente.

— A gente se gosta — Micael responde irritado. — A gente tentou ficar separados, mas não deu certo. Vocês podem achar o que quiserem, não me importo. Tenho vinte e seis anos, não preciso da permissão de vocês.

— Olha o que você está falando. Você tem vinte e seis. Você é o adulto, não deveria estar cometendo esses erros adolescentes. Pensa, nós nunca permitiríamos que a Gabriela namorasse com um professor porque não tem cabimento, ela é muito nova, da mesma forma que esta Sophia também.

— Quer saber, Carlos? Eu não sei porque você está se intrometendo. Você não é meu pai.

— Micael, olha como fala com o Carlos — Alessandra o interrompi. — Estamos tentando mostrar a verdade para você. Não queremos que você se prejudique. Este relacionamento pode até te levar para a prisão.

— Ninguém vai preso aqui. Ela gosta de mim. Não estou forçando ninguém a nada.

Irritado, Micael inspira e expira. Não imaginava que seus pais apareceriam em sua casa de surpresa, ainda mais para discutir sobre sua relação.

— Filho, você é adulto. Isso está errado — Victor diz.

— Pai, mãe, por favor entendam. Desde o que aconteceu com a Júlia, eu não imaginei que fosse gostar de alguém como estou gostando da Sophia. Sei que temos muitas diferenças e que de certa forma é errado, mas estamos dispostos a fazer dar certo. Pelo menos a conheçam para saber o quão maravilhosa ela é. É só o que peço.

Um silêncio se instala naquela grande sala. Carlos, sentado no sofá, decidiu não falar mais nada depois da forma com que Micael falou com ele. Enquanto Victor não sabia o que fazer, Alessandra pensava no que o filho tinha falado.

— Ok, Micael — Alessandra diz. — Vamos conhecer a Sophia, hoje ou amanhã de preferência — Micael sorri com o consentimento da mãe. — Porém, você pede demissão segunda-feira.

— O que? Nem pensar.

— É uma escolha. Ela ou o seu emprego.

— Mãe, você não tá entendendo. A gente combinou de não contar para ninguém esse ano, e quando ela se formar, a gente conta. Eu não vou pedir demissão. Vocês sabem o quanto eu batalhei por aquele emprego e se eu sair de lá sem nenhuma explicação, vai ser difícil outro colégio me contratar sem desconfiar de algo.