Cinquenta e dois

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1 mês. Já passou um mês desde que não estou com o André. Ao inicio falávamos sempre que era possível. Ligava-lhe depois dos treinos mas ele deixou de atender e dizia que não via. Outras vezes atendia mas mal falava comigo. Ele mudou bastante desde que se foi embora. Hoje, eu e o Afonso vamos a Milão, eu vou fazer uma surpresa mas não tenho grande vontade porque temo o que possa encontrar lá.

-Alice, estás bem? - Perguntou o moreno mais novo.

-Sim. - Respondi desviando o olhar para o chão.

-Sabes que podes falar comigo.

-É o teu irmão, Afonso, ele está distante. - Admiti. - Não atende as minhas chamadas, quando atende despacha-me. Demora imenso tempo a responder às mensagens e quando responde é bastante seco. - As lágrimas ameaçaram cair. - Ele não é mais o André que eu conhecia e temo o que posso encontrar quando lá chegar.

-Achas que ele tem outra pessoa?

-Não sei...

O Afonso levou as malas para o carro e arrancámos, íamos ficar lá três dias, o fim de semana e a segunda feira porque é feriado. Quanto mais o momento de aproximava mais nervosa eu ficava, ele espera o irmão mas não me espera a mim. Chegamos ao aeroporto.

-Tem calma. - Disse o Afonso, reparando no estado de nervos em que me encontrava.

-Não consigo Afonso, tenho uma má impressão. - Disse. - E o olha que nunca me engano.

Saímos do aeroporto e vimos o André de costas encostado ao seu carro, estava ao telemóvel bastante alegre e o seu sorriso desapareceu assim que olhou os meus olhos. E veio até nós bem devagar.

-Mano! - Gritou o Afonso.

-Então puto! Estás bem? - Perguntou a olhar para mim. - Olá Alice! - Disse ele dando-me um pequeno beijo.

O caminho todo até casa foi feito em silêncio, um silêncio constrangedor. Até o Afonso estava calado demais. Chegamos à casa onde o André vive agora, é enorme. Maior que a do Porto, entrei e deixámos as coisas na sala enquanto ele foi à rua fazer um telefonema.

-Estás a ver Afonso? Era isto que eu temia.

-Calma, pode não ser nada...

-Ele não me vê à um mês e recebe-me com um bate chapas? Estás a gozar?

Não dissemos mais nada pois o André entretanto entrou na sala. Ele levou o Afonso até ao quarto onde ele ia ficar e depois pegou a minha mala e levou para o seu quarto. Entrei atrás dele que nem olhou para mim, pousou a minha mala e ficou a olhar para a janela aberta com um vista linda. 

-Preciso de falar contigo Alice. - Disse ele por fim e senti o meu coração apertar. - Eu interessei-me por outra pessoa, eu não queria mas aconteceu...

-E andaste a fazer de mim parva durante um mês? - Perguntei. - Tu traíste-me? - Ele olhou para o chão. -Tu foste para a cama com ela não foi?

-Desculpa...

-Não acredito André! - Gritei-lhe. - Tu prometeste que íamos conseguir! Prometeste que íamos ficar juntos! És um merdas André! Como é que tu foste capaz de me fazer uma merda destas?

-O que se passa? - Perguntou o Afonso entrando no quarto por ouvir os gritos. E eu nem por um segundo desviei o meu olhar dos olhos do André.

-Diz-me porque! - Disse já a chorar. - Não tenho mais interessa? O que tem ela a mais que eu? Porque André? 

-Não tem nada a ver...

-Tem! Tem tudo! Se tu me amasses como dizias nunca me fazias sofrer assim!

-André, tu... - Ia começar o Afonso.

-Sim, ele traiu-me! - Interrompi-o.

-Eu não queria! Mas ela trabalha no centro de treinos e começamos a falar. Aconteceu.

-Aconteceu? E tudo aquilo que nós vivemos? Como consegues deixar isso passar em vão? - Perguntei. - Nunca fui realmente importante pois não? Admite!

-Alice...

-Esquece! - Gritei interrompendo-o. - Nunca mais na tua vida me apareças à frente André, nunca, percebeste? Tu foste a maior desilusão da minha vida, nunca pensei que me fizesses uma merda desta! Confiei em ti e pelos vistos nunca o devia ter feito. Adeus André.

-Desculpa. - Ouvi-o dizer quando saí. 

FIM



10 | André Silva ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora