O não e as coisas do coração

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Com apenas vinte e dois anos, me mudei para o interior de São Paulo para fazer faculdade. Eu usava o MSN para me comunicar com amigos e familiares. Um belo dia, loguei no MSN e recebi uma solicitação de um homem chamado André. Sempre fui muito reservada e só após três dias aceitei o rapaz na minha lista de contatos.

- Nos conhecemos de algum lugar? - Perguntei por curiosidade.

- Não, somente quero fazer novas amizades. - Ele respondeu.

Nós começamos a conversar, eu também não argumentei muito sobre como ele havia conseguido o meu contato. Perguntou-me até hoje por que não argumentei! Logo eu, sempre restrita. Ele era dois anos mais novo do que eu, era inteligente, engraçado e bonito, mas nada que fizesse meus olhos brilharem, ou que me chamasse atenção. Trocamos telefone e começamos a conversar mais.

Ele me chamou para sair a primeira vez, mas não pude ir. Ele não desistiu e me chamou por diversas vezes, mas eu sempre tinha algo pra fazer, nunca podia ir. Até parecia que eu estava inventando, mas não estava. Ele sempre me convidava nos momentos errados. O que mais me chamou atenção é que ele não ficava chateado com isso. Não eram desculpas esfarrapadas, eu no lugar dele desistiria. Mas ele não. Ele continuou e insistiu.

Eu acho que, de certa forma, ele adorava a minha liberdade.

Continuamos a conversar pelo MSN. Algumas noites nós ficávamos a madrugada toda conversando. Eu via o sol nascer enquanto teclava com ele, mas não percebia que um sorriso aparecia no meu rosto. Até que, um belo dia, nós saímos. E eu gostei da presença dele, da companhia, e nós acabamos ficando. Eu estava solteira, saia com outros caras, mas algo nele me chamou muita atenção, algo que parecia um magnetismo pessoal incrível e surreal de descrever.

Coisas do coração.

Saímos na semana seguinte. E na outra, e na outra... E assim foi por um mês. E em todos os nossos encontros, nunca transamos. Ele nunca forçava isso, o que não é tão normal em alguns homens. Até que ele me pediu em namoro.

- Pâmela, eu gosto de você, gosto de estar com você, de conversar com você... Vamos namorar? – Ele me perguntou pelo MSN.

Eu fiquei surpresa e não aceitei. Você pode achar que sou louca, mas havia passado por uma frustração amorosa há alguns anos. Tive um noivado e não deu certo. Eu queria ficar solteira, estudar, me descobrir e conhecer pessoas. Não queria namorar ainda. Não naquele momento, e, por isso, comecei a ignorá-lo. Eu até queria ficar com ele mais vezes, mas como ele me assustou querendo um compromisso, eu resolvi me afastar para não magoá-lo.

Mas ele não desistiu mais uma vez.

Ele continuou a me procurar, mandou e-mails, insistiu em manter contato. Em pouco tempo cedi e voltamos a conversar. Saímos uns dias depois. Ele novamente me pediu em namoro.

"Puts, que cara insistente" – eu pensei.

Claro que amoleci. Mas ainda estava surpresa com tudo aquilo, e principalmente, com muito medo. Quem não tem medo de sofrer uma decepção amorosa novamente? Para a ferida curar, leva um tempo. E eu não me sentia preparada para um novo relacionamento. Eu apenas disse que não sabia. Como já estava entrando de férias da faculdade, dei essa desculpa para não aceitar.

Desta vez era uma desculpa mesmo.

Viajei e passei as minhas férias com amigos e família. Mal tinha tempo para internet, e também, queria muito matar a saudade da minha cidade. Morar distante não era bacana e eu era muito nova. Sumi da vida dele durante vinte dias. Às vezes ele me mandava email. Quando voltei, tive que mudar o número do meu telefone, mas liguei pra ele para passar o número novo. Eu confiava nele, mesmo o conhecendo há pouco tempo e pela internet! Ele me chamou pra sair e saímos no mesmo dia. Até hoje me lembro da data: 26 de julho de 2004.

Ficamos e, pela terceira vez, ele me pediu em namoro. Eu não tinha como não aceitar. Ele insistia tanto, e isso me despertou uma curiosidade. Coisas de mulher, sexto sentindo talvez. Transamos uma semana depois do namoro. Ele sempre me respeitou muito. Só foi na minha casa após dois meses de namoro. Não chegou de surpresa, foi convidado.

Em dezembro fizemos a nossa primeira viagem juntos, foi quando ele conheceu toda a minha família, na verdade, ele apenas conhecia o meu irmão, pois passava os fins de semana na minha casa. Essa viagem foi maravilhosa! Fomos para Porto Seguro passar o Revéillon.

Um tempo depois eu tive que me mudar, e ele mudou de cidade para fazer faculdade. Só nos víamos nos fins de semana, mas ele já tinha até a chave da minha casa. Nosso relacionamento estava mais sério do que eu esperava. Para quem não queria relacionamento sério, o amor chegou em boa hora. Ficamos assim por .

Terminei a faculdade e tive que voltar para a Bahia. Já tínhamos três anos de namoro e acabamos terminando por causa da distância. É muito ruim manter um relacionamento morando em cidades diferentes, o mais natural seria finalizar tudo e cada um ir viver a sua vida. Eu na Bahia e ele em São Paulo.

Mas mais uma vez ele não desistiu.

Ele largou tudo por mim. Largou sua família, emprego, estabilidade e veio morar comigo na Bahia. Pouco depois passamos para um concurso público e mudamos de cidade.

Desde então, estamos juntos. Não queremos casar oficialmente e não desejamos ter filhos. Somos pessoas diferentes, e como todo casal, temos nossos atritos. Aprendemos muito um com o outro, e também não nos vemos um sem o outro.

Descobri o meu amor mesmo não querendo, achando que não era o momento e querendo ser livre. Encontrei o amor no momento em que eu mais queria me perder, viver e voar sem limites. Eu encontrei o amor com os nãos, mas não puder negar as coisas que vêm do coração e que o destino traça para nós.

E, agora, estamos construindo a nossa casa juntos. Está quase pronta.

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Por Joyce Xavier
Baseado em fatos reais

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O que acharam? Sexta tem mais! \o/
Esse já foi o penúltimo capítulo! Quem vai ficar de ressaca literária aí levanta a mão! \o/

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