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           Novamente, vestida de preto, indo para uma nova casa. Minha mãe morreu três meses depois de meu avô, Gregorio. Minha mãe estava reformando aquela casa, iria morar lá depois de ter tudo arrumado. Mas ela não está mais aqui...

-Filha, -meu pai me chama- eu queria lhe avisar, que no seu aniversario de 15 anos, você será apresentada para a sociedade! - ele fala com orgulho.

          Para qualquer outra menina, isso seria perfeito, a realização de um sonho. Mas, para mim é só um pesadelo. Eu sabia que após ter a primeira conversa com meu pretendente meu pai iria montar o casamento. Ele não entende que eu não quero casar por obrigação. Papai acha que vai ser como ele e a mamãe, que se casaram por obrigação e depois se apaixonaram.

          Estavamos entrando no bosque. A carruagem estava balançando. Meu irmão estava amando o balancear. James é muito imaturo para um garoto de doze anos. Ou talvez não.

-E o que acha do Heliotte? O filho do lorde de Bandales. Ele é o meu favorito. - meu pai inicia uma conversa.

-Como? Tem mais que um? Ah, papai. Por que não posso me apaixonar antes de me casar?

-Você ainda não irá casar. -ele explica, graças aos céus- Tem apenas quartoze anos! Irá casar com dezoito! Mas, tem de se apaixonar pelo rapaz que eu escolher!

          Viro meu rosto para a janela, seguro a pequena cortina e observo a vista maravilhosa. Assim como minha mãe, amo a natureza, amo pintar, ler e cantar. Mas, meu pai, me proíbe de fazer tal coisa quando eu quero. Para ele, tudo tem que ser na hora e no momento que ele quer.
          Senti o chão mudar, agora a estrada de terra virou o jardim da chácara, feita de pedras.

          A carruagem parou. Um rapaz, que talvez seria um dos mordomos da casa abriu a porta. Desci e olhei ao meu redor. Aquilo não era uma chácara, era uma mansão enorme. Suas paredes de um branco impecável, janelas e portas de carvalho.
          Entramos na casa, sua sala era tão grande quanto eu esperava. Janelas de dois em dois metros de distancia, com cortinas do mais bonito azul que eu vi. Uma lareira e poltronas se encontravam do outro lado da sala. Varias portas com destinos desconhecidos se alastravam pelo comodo. Uma escada no segundo andar e quadros na parede.

-Senhores e senhorita, - o mesmo rapaz que abriu a porta da carruagem se pronuncia - seus quartos ficam no segundo andar. Vou leva-los. - ele começou a andar e o seguimos.

           E como foi dito, o rapaz mostrou nossos respectivos quartos. O do meu pai era no inicio de um corredor, o meu e o quarto do James ficava em outro corredor. O dele ficava no meio do corredor, o meu era a ultima porta.
          Entrei no meu quarto e fiquei deslumbrada. Meu quarto era tão grande quando a nossa ultima casa.
          Minha cama ficava do outro lado da porta, uma cama fofa e cheia de travesseiros, estantes de livros, um guarda-roupa, poltrona e mesinha, tudo de mais bonito.

          Passei o dia me aventurando pela casa. Esse era um daqueles momentos em que eu e James estavamos unidos.

Entre Dois MundosOnde histórias criam vida. Descubra agora