IX

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          Eu não sabia o que o meu pai quis dizer com:  "nossa vida está na mão desse casamento". Eu sabia que esse era um casamento vantajoso, mas o meu pai falou de uma forma estranha, ele estava muito preoucupado...

-Senhorita? Está acordada? - Helena, uma das empregadas com que converso, pergunta entrando no quarto.

-Estou Helen. - A chamo pelo apelido - Está muito tarde?

-Não, o sol nasceu a algum tempo. Mas ainda está cedo.

-Meu irmão já foi para a escola nova?

-Sim. Ele foi hoje mais cedo. A carruagem pegou ele e agora ja deve ter chegado.

-O triste que eu nem me despedi... E ele voltará apenas nos fins de semana...

-Sim... Ah! Ia me esquecendo... Tome seu café direitinho. E seu pretendente está na sala.

-Tomarei o café. Mas não sairei daqui. Diga que eu estou cansada ou coisa parecida.

          Ela acente e coloca a bandeja sobre a cama e sai do quarto. Eu tomo o meu chá matineiro e os biscoitos - ou bolacha... - e como as frutas. Depois tomo um banho demorado, aproveitanto a água. Pego um vestido comum. Penteio meu cabelo e o deixo solto. Olho para o espelho e me vejo.

          Volto para a cama quando escuto vozes.

-Minha querida, já acordou? - Heliotte fala dando ênfase na palavra 'minha'.

-Heliotte, - falo com voz doce - eu não estou acordada. É que eu durmo de olhos abertos. - dou uma risadinha.

-Filha, respeite ele! Eu não te ensinei assim.

-Não tem problema. É bom ela ter senso de humor.

-Viu papai. Ele disse que foi engraçado.

          Me levanto. Os dois me olham.

-Bem, eu tenho que falar com um amigo.

-Querida, o único homem com quem deveria conversar sou eu. Ou alguns podem suspeitar que está se envolvendo com esse amigo.

-Primeiramente: eu não sou obrigada a falar apenas com você. Segundo: se eu estou me "envolvendo" com meu amigo então deverei casar com ele e não com você. Terceiro: eu não tenho nenhuma relação com você! Então não diga o que posso ou não fazer!

-Filha! Tenha modos!

-Eu tenho papai. Mas desde de pequena disse que não seria submissa a um homem! Eu só estou cumprindo minha promessa. Sinto muito papai. Mas ele é arrogante de mais. E se ele não aprender a ter modos eu não irei casar com ele. - ao falar isso olho para os dois e saio do quarto, olho novamente para traz e vejo o crápula mexendo a boca e formando a palavra ingrata.

          Procuro Louis por toda a casa. E o acho no jardim.

-Oi! - falo atrás dele, o mesmo se assusta.

-Ah! Oi... - ele esconde algo atrás dele.

-O que é isso que está segurando?

-Não é nada... - ele olha para o chão - A pessoa que eu ia dar já não pode receber isso... - ele fala triste.

-Mas, por quê? Eu posso te ajudar... - me preoucupo.

-Você é uma das únicas pessoas que não pode me ajudar... Mas isso não inporta, não agora.

-Tudo bem. Então, vc ainda quer saber o que aconteceu ontem?

-Sim. Quero saber no qur você se meteu.

-Bem, eu entrei na cabana. E descobrir o que tinha lá.

-Finalmente teve coragem! E o que tem lá?

-Não sei se te conto... Prometa que não vai contar!

-Eu prometo. - eu o olho com cara de quem não acredita - Eu prometo pela nossa amizade que nada sairá da minha boca. Nem que eu morra por isso.

-Muito bem! - falo sorindo.

          Conto a ele um resumo do que aconteceu. Seu rosto muda de expressão, o seu sorriso vira um cara séria.

-Se não queria me contar o que aconteceu era só falar. Mas não precisava mentir. - ele fala meio bravo.

-Mas isso é verdade!

-Então tá. E quando vai chegar a parte em que vc acorda deitada na cabana ou quando um dragão saí da cabana junto com você?

-Eu não menti e nem sonhei! Quer ver com seus proprios olhos?

          Levo ele até o coração do bosque. Onde fica a minha cabana. Pego a chave e abro. O puxo junto comigo para dentro. Sua expressão muda novamente.

Entre Dois MundosOnde histórias criam vida. Descubra agora