Entre Dois Mundos

V

-Na verdade, essa não é minha casa. Minha casa fica num reino perto daqui.

-Quem está falando? - olho para todos os lados e só vejo Ariel perto de mim - Você que está falando comigo?

-Sim, pensou que fosse quem? - Ariel fala.

-V-você fala?

-Sim.

          Me levanto e começo a me afastar. Isso deve ser um sonho. Ou... Eu morri?

-Não se assuste.

-Como não vou me assustar? Eu tô falando com um gato! - fecho os olhos - Eu estou louca! Só deve ser!

-Não, você não está louca. Você só saiu da sua dimensão e veio para a minha.

-Ah, claro. Daqui a pouco as árvores vão cantar e dançar? Porque, se for quero está preparada! - falo com ironia.

-Não, nenhuma árvore vai sair do lugar! Você mesma tinha dito que um dia queria me visitar onde eu moro. Você está aqui.

-Mas isso é impossível! Impossível!

-Não, não é impossível. Quer que eu te prove?

-Logicamente.

          Ela chega perto de mim e me arranha, bem de leve.

-Sentiu? Pois bem, não é um sonho e não está morta.

-Meu Senhor! Eu tô em outra dimensão! De verdade!

-É, só não grite. Não estou surda.

-Bem, poderia me mostrar sua casa? Eu não tenho onde ficar. E não quero voltar para casa, não agora.

-Claro! Mas... Eu moro onde trabalho.

-Não tem problema. Qualquer lugar será bom.

         
          Ela começa a correr, corro atrás dela. Tempos depois chegamos realmente em um reino. Pisando lá, um certo brilhozinho cercou Ariel. Dois ou três minutos vendo aquela luz, surge no lugar da gatinha uma garota da minha idade. Cabelos cacheados, olhos castanho e branquinha. Usava um vestido azul claro e um sapatinho branco.

-A-ariel? É v-você?

-Sim, pensou que eu iria ser uma gatinha falante nesse mundo.

-Sim.

          Começamos a andar pelas ruas daquele reino. Conversando com Ariel descobri que o nome daquele lugar era  Guetania. No início foi dificil me acostumar com esse nome. Fomos seguindo ela até seu trabalho e me deparo com um enorme castelo.

-Meu Deus! Que imenso! Que lindo!

-Pode ser até lindo. Mas não é tão bom trabalhar aqui. Ainda mais tendo o Nathaniel como príncipe...

-É tão ruim assim?

          Dois guardas que estavam montados em cavalos se aproximaram.

-O que está fazendo aqui? Deveria está trabalhando! - um deles falou, ele aparentava ter quarenta anos.

-Eu sei. Eu só fui busca minha... Minha... Minha prima. - ela me olha e eu confirmo.

-E o que ela quer aqui? - o mesmo homem pergunta.

-Ela...

-Eu vim ajudar minha prima no trabalho! - interrompo Ariel.

-Ah, sim! O príncipe irá gostar de ter mais servas. Ainda mais, bonita como você!

-Agora, eu irei trabalhar, senhores. Até mais tarde.

          Entramos no castelo. Sua decoração variava das cores vermelho, dourado e prata. Eu e Ariel estavamos limpando o grande salão quando escutamos uma voz, uma voz masculina.