Epílogo

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Fazia muito frio. No Oregon faz frio mesmo, mas não sei porque tanto frio se o aquecedor estava ligado, e a lareira também.
  Peguei meu telefone de novo, e liguei para a Isabella. Já era a décima quinta vez que ligava, e ela não atendia. Decidi continuar tentando, ela tinha que me perdoar.
Virei a garrafa de vodka de novo, os comprimidos estavam fazendo efeito. Estava vendo tudo preto e enjoo. Perfeito, era o que queria.
Fui ao banheiro do quarto de motel, e vomitei.
Nossa que alívio,sabe quando você se sente vazia e precisa fazer algo para lidar com isso? Não adiantava quantos cortes que fizesse, ainda ia me sentir assim, vazia.
  Deitei perto da larreira com o cobertor e continuei a beber.
Veio imagens da Bella, de todas as coisas que passamos juntas, isso me deu esperança. Mas quando Fechei os olhos, senti a dor que estou sentindo agora.
  Ninguém entendia, ninguém nunca entendia, tudo era culpa minha-minha. Precisava acabar com isso logo de uma vez.
Liguei para Bella de novo, passava da vigésima ligação. Decedi deixar mais um recado.
-Por favor Bella, eu preciso de você, não estou brincando. Sinto a sua falta -disse baixinho e desliguei.
  Penso em todos os motivos que me levaram a fazer isso. E como sugaram tudo de mim, minha alegria, minha alma. Mas penso novamente na Bella, droga, precisava falar com ela, se ela não conseguia nem se salvar, ia salvar logo a mim? Nem eu mesma era capaz de me salvar agora. Não me conhecia mais. Decido levantar tropeçando em coisas invisíveis e tentando manter o equilíbrio, e ver o espelho, lá estava meu fracasso, minha derrota, encaro o espelho. Os cabelos ruivos estavam bagunçados, e meu rosto estava pálido. Me enchi de comida e vomitei todas as vezes nesse fim de semana, nada parava no meu estômago, e ainda me sentia gorda-gorda-gorda.
Minha mão involuntariamente socou o espelho. E mais uma vez, e mais uma vez, não sentia dor, não comparada o que estava sentindo. O espelho se quebrou como um baque vazio, e minha mão começou a sangrar.
  Isso não importava. Peguei o telefone e liguei novamente, Bella atende, preciso me despedir. Já passava da trigésima ligação.
-Bella, por favor, preciso de você.
-Você precisa largar esse babaca do Jason, quando não estiver mais aqui, o que ele vai fazer? Te matar. Pior que não vou poder fazer nada, porque vou estar morta -ri baixinho.
-Você precisa cuidar do Felix e do nosso gatinho, não deixa ele nas mãos de ninguém. -minha voz estava tão arrastada, acho que é o álcool. É deve ser isso.
-E precisa falar para Cristina que nunca gostei dela, acho que nem você, porque todos sabem que você me ama. -sorri.
-Bella, esconda nosso segredo. Não deixa ninguém saber. Você ganhou. -essa mensagem completava a trigésima quinta mensagem.             Desliguei.
  Decidi ir na janela e olhar para lua, a minha lua era a mesma dela. Sorri, pensando em como ela me fazia feliz.
Fechei a janela, tomei mais um gole, esvaziando a quarta garrafa de vodka. Uma pessoa com bulimia não podia beber tanto, pensei.
  Peguei minhas lâminas e fui para banheira, enchi a banheira. Vomitei outra vez. E outra vez. Dessa vez começou a sair sangue.
A banheira já estava cheia, me deitei de roupa tudo, e tracei uma linha reta nos meus pulsos, estava começando a sangrar muito, jorrar sangue. Fiz no outro pulso, e comecei a ficar ofegante. Senti a vida esvaindo de mim.
  Estava sozinha, gelada e quebrada, sangrando pelos pulsos e no meu estômago.
  Meus últimos pensamentos foram a Bella, "espero que ela esteja bem,eu a amo tanto, mas ela não.Melhor guardar nosso segredo". E apaguei.

Garotas feitas de gelo Onde histórias criam vida. Descubra agora