Era uma ponte como outra qualquer. Nove metros de comprimento que conectavam duas cidades. Construída em blocos de pedra e cimento, com pilares de concreto maciço, a maioria parcialmente submersa em um rio sossegado.No entanto, desde menina, ouvia dizer que se tratava de uma passagem amaldiçoada, uma espécie de portal dimensional, através do qual, muitos haviam desaparecido. Não pelo suicídio! Absolutamente! Nenhum corpo nunca fora encontrado no rio. O que se conta é que, de forma insólita, algumas pessoas, em tempos diferentes, subiram de um lado da ponte e, simplesmente, não desceram do outro lado. Evaporaram como a neblina que habitualmente se assenta na região.
Nunca fui ligada a superstições e pra mim tudo não passava de lenda urbana, inventada para assustar as crianças e distrair o povo. E, principalmente na última década, no auge da minha "adultice", não poderia me dar ao luxo de crer em fantasias. A condição de ter que sustentar minha família era, obviamente, bem mais real e exigia muito mais da minha atenção.
Mas, o fato é que a mesma ponte sempre foi o meu caminho de ida e volta. Para a escola, quando criança. Para a faculdade, quando jovem e, há cerca de oito anos, para o trabalho, um pequeno jornal onde emprego toda minha energia como fotógrafa. E posso assegurar que, nunca, nada me aconteceu de anormal ao cruzar a ponte. Nada, até aquela fatídica noite.
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A Ponte
KorkuUma ponte amaldiçoada sempre foi o meu caminho para casa e isso nunca foi uma preocupação... Até a noite em que caminhei lado a lado com a própria maldição.