Mal tinham avançado pela trilha arborizada e dois guerreiros morenos surgiram esbaforidos de entre as árvores, ladeando o forasteiro e ostentando seus machados.
— Está tudo bem, rainha? — quis saber um deles, preocupado.
— Ouvimos o rugido — acrescentou o outro, olhando estreitado para o ruivo.
— Estou no controle da situação, obrigado, podem retornar à patrulha. E avisem os outros do urso nessa área — informou Kyrah tranquilamente para os homens, que fizeram uma breve reverência antes de se embrenharem na mata.
Era normal que os guerreiros tivessem a seguindo de perto, para sua proteção, então não ficara surpresa com a aparição. Continuou o seu caminho, acelerando o passo já que o sol estava se pondo.
— Se me permite perguntar, senhora, conhece o meu primo há muito tempo? —Emmerich perguntou, cortando o silêncio que pairava entre os dois.
— Há mais de dez anos — Kyrah disse, após pensar um pouco. Então arregalou levemente os olhos, ao se dar conta de o quão velha estava.
— Então conheceu Aleksander na época de glória — o homem de cabelos avermelhados a olhou com curiosidade estampada no rosto, antes de ousar sugerir — Por um acaso, não era uma daquelas garotas que o seguiu pelos campos de batalha?
Se aquela pergunta tivesse sido feita por Jolie e não um estranho, Kyrah teria ruborizado à menção do fato vergonhoso de sua vida. Como não devia satisfações ao homem, disse simplesmente:
— Não.
Arqueando as sobrancelhas ao pescar a mentira, aquele Maküsh a analisou descaradamente pelo canto dos olhos. Enquanto Kyrah tinha ganas de ter deixado o urso o comer.
Percebendo o alerta no olhar da mulher, ele resolveu mudar o assunto. E se adiantou alguns passos, parando à frente de sua Valquíria, fazendo uma breve reverência, apesar da dor do braço machucado.
— Creio que agora que já sabe o meu nome, minha salvadora, poderia me revelar o seu, assim saberei a quem agradecer futuramente — e estendeu a mão direita para ela.
Impedida de prosseguir, a morena parou e olhou da mão para o homem à frente, antes de lhe dar um voto de confiança, estendendo sua própria e se apresentando.
— Kyrah Von Brandeburg.
Os olhos verdes cintilaram por um momento ao ter um vislumbre de quem ela era, e alçou a mão enluvada com a sua, ajoelhando-se e beijando-lhe as costas dos dedos.
— Minha rainha, é uma honra conhecê-la e ainda mais ter sido salvo por uma nobre Brandeburg — declarou Emmerich, olhando-a ainda mais fascinado do que quando a vira pela primeira vez. — Sua beleza e ferocidade sempre foram exaltadas na Ode de meu primo.
— O Bardo Vermelho escreveu uma Ode sobre mim? — repetiu Kyrah, surpresa, antes de estreitar os olhos castanhos — Como que eu nunca ouvi? E onde anda aquele Maküsh?
— Bem... — o ruivo se levantou, ainda segurando a mão dela, enquanto escolhia as palavras. — Aleksander escreveu, sim, embora não tenha cantado muitas vezes a Ode à Cabeça que teve de entregar em sua aldeia. Ainda mais que a esposa dele não gosta que cante sobre outras mulheres.
— Oh — fez Kyrah, arqueando as sobrancelhas. Então sua antiga paixão havia se casado. Bem, aquilo era meio óbvio, para um bardo bonito naquela idade.
— Aleksander foi sequestrado por uma saxã enquanto visitava nossos parentes nas ilhas celtas, resumindo, eles agora vão ter o segundo filho — Emmerich falou, sorrindo divertido para o fato, mas ao perceber que a morena ainda o olhava com a mesma expressão, reiterou — Não estou brincando, pode perguntar para os meus irmãos, quando nos alcançarem.
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O Destino da Rainha
Short Story♕ Conto relacionado a UMA HISTÓRIA BÁRBARA. Situado temporalmente anos depois da Parte III (final do livro), então contém SPOILERS! Leitura não aconselhada para quem ainda não terminou UHB! ♥ Já ficou comprovado que as mulheres dos povos...