Capítulo 12

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Kamylla

Muitos momentos da minha vida tive aquele pesadelo medonho, a única parte diferente que não encaixou foi o brilho no chão que por vezes me encandeou. Biblioteca, aí vou eu! Não vou presenciar mais uma despedida de outro pelotão. Não mesmo.

Entro na biblioteca e lembro que agora Wisdom Ajeg que um dia foi o conselheiro do Rei Migas, agora é o responsável pelo recinto, tendo em vista que o lugar andava meio abandonado ele foi jogado aqui, lá no fundo acho que o Rei só criou esse cargo pra não o punir tão fortemente pela traição a favor de Rarin anos atrás, melhor uma vida de servidão aos livros do que a masmorra fria.

Sem sombra de dúvidas!

Ele meio que se assunta quando eu entro, e eu entendo, quase ninguém visita aquele local.

- Ora, ora Senhorita Kamylla! Que bons ventos a trazem aqui? Posso ajudá-la em algo?

Precisa ficar assim tão empolgado?

- Oi Wisdom, na verdade não sei! É um sonho recorrente que tenho tido, não sei explicar muito bem.

- Conte-me o sonho querida. Quem sabe eu consigo ajudar!

Sabe quando você tem uma sensação ruim? Pois é! Não me senti a vontade, inventei uma desculpa que havia esquecido algo com a minha gêmea e saí correndo de lá. Definitivamente fiquei atordoada sem rumo, fui andando e quando me dei conta estava na entrada na Floresta Outonal, um braço do Rio das Sereias passava por ali, aliás, o rio delas passava por todos os reinos, fadas, elfos, feiticeiros, até a parte mais longe da Floresta Sombria, que por sinal nunca me atrevi a pôr os pés, existem lendas bizarras sobre aquele lugar. Mas já que eu estava aqui darei uma olhadinha no único unicórnio que sobrou, sento em uma das grandes pedras esperando que ele apareça, o tempo muda um pouco tornando-se frio, só porque estou com uma blusinha de alças! Droga! O unicórnio não aparece e acho estranho, resolvo seguir adiante e levanto-me da pedra, saio a sua procura, ouço a voz de alguém, não consigo distinguir pois ainda estou longe e o vento não me favorece, conforme me aproximo já entendo que se trata de uma voz masculina, sigo o som e acho meu alvo, não é possível uma coisa dessa. O Guerreiro de Sky que não sei nome, o mesmo que me emprestou a capa, e que estava tentando me humilhar no corredor do quarto de Rarin dias atrás está lá alisando e conversando com o unicórnio, eu pensei que ele tinha partido com o Pelotão de Rarin. Ele segura um cantil e coleta lágrimas do animal. Eu bem sei que lágrimas de unicórnio tem poderes mágicos, alguns dizem que é poder angelical, mas mágico pra mim é uma boa definição. Essas lágrimas tem o poder da cura. Doenças, cortes, perfurações profundas, qualquer enfermaria é curada com lágrimas de unicórnio, essa é uma das razões por eles terem escolhido morar conosco, uma vez que são livres pra viverem onde acharem melhor, acho que foi esse motivo dos fadas roubarem dois deles. Mesmo ainda estando um pouco afastada do Guerreiro sou descoberta.

- Bisbilhotando Senhorita? – ele me pega de surpresa, não vou me fazer de rogada.

- Jamais Senhor! Eu não sabia que era você que estava aqui. Mas continue, estou indo embora.

- O que a senhorita faz aqui na Floresta Outonal?

- É proibido agora vir aqui? Não sabia disso, Senhor! - observo que ele não parou de coletar suas preciosas lágrimas, nem se virou para falar comigo, ainda está de costas.

- Proibido não é! Mas pode ser perigoso.

- Perigo? Não tenho medo de nada. Desculpe por decepcioná-lo. – só então ele para, fecha o cantil, faz um derradeiro carinho no animal a sua frente e o agradece, daí vira-se pra mim.

30 NoitesWhere stories live. Discover now