Capítulo IX

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"Tomara que você volte depressa, que você não se despeça nunca mais do meu carinho e chore, se arrependa
e pense muito que é melhor sofrer junto que viver feliz sozinho. "
Vinícius de Moraes

Como desmentir uma mentira que causou tanto dano? Como se fazer acreditar quando não se há provas materiais para isso? Como fazer acreditar que o amor é real quando antes você mesmo afirmou estar findado?
Cesar se encontrava em um labirinto, não encontrava a saída daquele pesadelo no qual estava sem Vicky. Sabia que isso poderia acontecer e quando voltou a andar ele só pensou em tê-la de volta, em procurá-la e reconquistá-la porque, se ele sabia que a amava, agora ele tinha algo a mais do que convicção. A vida foi quase um inferno sem ela, sem ouvir sua voz, ver aqueles olhos que o embebedavam, tocar sua pele macia, sem o calor daquele corpo que o deixava louco só com as lembranças.
Ao se acalmar, depois de levarem Omar para longe, Cesar foi a procura de Vicky. Não a encontrou em nenhum lugar, até na casa dos pais dela ele foi, onde foi tratado com frieza, mas não se importou queria ver Vicky e consertar as coisas. Implorou para Dona Guadalupe que ligasse para Gaby, o olhar dele era de desespero. Ela pensou que ele realmente sofria, seu rosto mais magro demostrava tristeza e ela sentiu pena, pensou que talvez essa fosse a segunda oportunidade que todos merecem. Dona Guadalupe fez a ligação e depois de confirmar que Vicky não estava com Gaby, Cesar foi embora, desolado. Ele sabia que Vicky ainda o amava, o olhar dela não mentia, ele viu amor naqueles olhos verdes essa noite e não a deixaria partir novamente.
Dirigiu pela cidade por horas e reconheceu que pelo horário, já era madrugada, ela estaria em algum hotel procurando se esconder. No entanto, procurá-la em cada hotel seria procurar uma agulha no palheiro.

°°

Horas antes

Vicky entrou no quarto do Hotel Las Alcobas, era uma suite. Cama de casal, lustres, uma visão linda da cidade e todo luxo e conforto possível. Ficou um tempo olhando pela janela, chorou lembrando de Cesar, do reencontro, da briga com Omar. Ao lembrar desse último, reconheceu que o sentimento de Omar por ela era quase uma obsessão e que talvez Gaby tivesse razão. Ele a amava e ela não tinha certeza se isso era um problema. Deitou na cama e, usando o telefone, pediu comida acompanhada de um vinho tinto. Comeu e depois, foi por um banho de banheira demorado. Ao sair do banho vestindo um robe, ouviu a campanhia e se perguntou quem poderia ser. Estranho. Ninguém sabia que ela estava ali. Seria ele? Ao olhar pelo olho mágico da porta a abriu sem pensar duas vezes.

- Como me encontrou? - ele olhava nos olhos dela, a tristeza pesando o olhar e ela suspirou. Até quando resistiria a ele?

- Acho que nosso amor ainda é fogo e senti seu calor de longe... - sorriu divertido.

- Que baboseira. O que quer? - ele não esperou ser convidado e entrou. Ela abriu a boca espantada pela atitude folgada dele e fechou a porta o seguindo com a mesma expressão. - Não te convidei para entrar.

- Não sairia daqui sem falar com você. E pare com formalidades.

- Formalidades? - sorriu. - Se você não sabe, talvez sofra de amnésia, estamos a dois anos separados sem mesmo ouvir a voz um do outro. Então, acho que tenho todo direito de agir com formalidades. - ele suspirou.

- Me escuta, poxa. Eu te amo... Sempre amei.

- Que baboseira. Recordo que você disse que não me amava mais, você afirmou que... Como disse mesmo? - pensou um pouco enquanto ele respirava fundo formulando uma maneira de convencê-la. - Ahhh, disse que não me queria ao seu lado, não queria me ver, não queria ouvir minha voz, muito menos minha companhia... Não queria o meu amor.- ela ficou de costa para ele, o qual se aproximou, mas teve receio de tocá-la.

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