Capítulo XIV

187 28 14
                                    


PENÚLTIMO

"Quando fala o amor, a voz de todos os deuses deixa o céu embriagado de harmonia."
William Shakespeare


César olhou para sua amada, ele entendia as desconfianças dela em relação aos sonhos, aos desenhos que ele desenhava, sobre estarem interligados, até aceitou aquela "onda" de terapia e hipnose e vidas passadas. Mas, isso ainda era estranho para ele.

- Eu? - ela o olhou e ele percebeu o quanto emotiva ela estava. Seus olhos verdes estavam avermelhados, talvez de choro ou de cansaço, mas ele sabia que ela não estava bem. - O que me esconde, Vicky? Diz. Se abre comigo... Porque ainda não me disse o que está acontecendo? - ela encostou a cabeça na dele e ambos fecharam os olhos.

- Me desculpe... Eu... - ela respirou fundo e se separou um pouco, eles abriram os olhos; se olhavam com amor. - Foi tudo tão rápido que não tive tempo... E... E eu tinha parado de acreditar, então teve o sequestro e...

- Eu entendo... - ele a interrompeu. - Só quero que você não me esconda mais nada. - ela respirou fundo. Por onde começar? Pensou um pouco e começou por onde era relevante.

- Vivemos juntos no passado e Omar nos separou. Por algum motivo eu consigo entrar em contato com minha antiga alma. Ela me ajudou a te encontrar e em troca eu achei o diário dela. - ele a observava com atenção e ela começou a acariciar o peito dele com uma das mãos. - Eu fui a casa que ela me mostrou e encontrei o diário. O li e descobri coisas... - ela engoliu em seco.

- Que coisas? - ele tentou olhá-la nos olhos, mas ela mantinha a vista baixa, ela não queria descrever as coisas terríveis que Omar fez, ela queria esquecer tudo. Ele tocou o queixo dela a obrigando a olhá-lo nos olhos. - Que coisas, amor?

- Por exemplo... O porque tínhamos o mesmo sonho... - disse tentando fugir das coisas dolorosas que queria esquecer, ele a olhou como a incitando a prosseguir. - Aquele foi um dia especial para nós dois...

Espanha - 31 de Maio de 1920

Era um dia claro de primavera, o sol quente na medida certa, a grama mais verde possível e o céu azul anil. Tudo estava pronto para o casal passar alguns dias juntos, em uma casa no leste da Espanha. Saíram de carro, a viagem duraria horas e eles chegariam a tempo de ver o por do sol, fariam um piquenique admirando a linda paisagem, a qual Victoria estava ansiosa para ver. Quando chegaram, avistaram um campo separado por uma estrada delimitada por árvores, ao longe viam pastos com animais e cercas de madeira que faziam contraste a paisagem natural. Caesar estacionou o carro entre duas das árvores que delimitavam a estrada. Entre beijos e sorrisos, começaram a retirar as coisas necessárias para o piquenique, no entanto tudo acabou virando brincadeira. Eram tão felizes juntos, Vicky começou com um beliscão, Caesar com cócegas e então começaram a brincar de "pega-pega". Pareciam crianças. Largaram tudo no chão próximo ao carro. Vicky correu pela estrada e Caesar foi atrás, ela vestia um vestido branco com uma estampa em flores azuis que o tornavam mais azul do que branco, seus cabelos eram bagunçados pelo vento enquanto corria de Caesar. Ambos sorriam e ela olhava para trás esperando que ele a alcançasse. Não demorou muito. Ele a agarrou por trás, seus fortes braços envolveram a cintura dela a levantando do chão, ela jogou a cabeça para trás a apoiando sobre o ombro dele. A respiração de ambos agitada pela correria sem propósito. Ele a colocou no chão a virando para que ficassem cara a cara. Ela sorria. E o beijo foi inevitável. Estavam felizes e passariam dois dias na casa de um amigo de Caesar. Quando o sol começou a ir embora no horizonte, os amantes estavam deitados no chão sobre um lençol de xadrez, tipico de piquenique, mas Victória ao ver as cores que pintavam o céu, tão colorido em uma mistura de vermelho e azul, que faziam contraste as nuvens, se levantou e ficou em pé. De costas, andou ficando um pouco distante de Caesar o qual a observou atencioso, enquanto se apoiava ao seu cotovelo direito. Ela estava encantada, o vento balançava seus curtos cabelos, que babélicos tocavam o rosto dela suavemente, e quando ela voltou a olhá-lo estava com um sorriso que o deixou mais apaixonado, se é que era possível.

Seus olhos Onde histórias criam vida. Descubra agora