Capítulo VI

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Por mais que Cesar estivesse irritado e frustrado por sua atual situação, em outra parte da cidade Omar parecia comemorar, bastante satisfeito com sua vida.

- Se eu fosse fazer com minhas próprias mãos conseguiria o que desejo, mas não pensei que um erro me faria tão satisfeito. - tomou um gole do vinho da taça que estava em sua mão e caminhou em direção a parede de vidro da sala de sua casa. - Serei um político de prestígio, ganharei mais dinheiro do que tenho... - sorriu. - Terei tudo que desejo. É uma promessa.

*

No hospital, Dona Rosa tentava conversar com Cesar.

- Filho, sei que isso é difícil, mas você precisa reagir. - desde o dia anterior ele não dizia uma palavra, muito menos tinha se alimentado. - Cesar continuou olhando para o nada. - Por favor. Se não faz por você mesmo, faça por mim, por Victoria. Pelas pessoas que te amam. - esperou uns segundos. - Amor, filho. Olha para mim. - ela pegou o rosto dele o fazendo olhar-la e deu um terno sorriso. - Sua irmã esta em caminho, todos estão preocupados com você e sua reação só piora as coisas. Por favor, filho. Reaja! - lágrimas começaram a cair e Cesar também começou a chorar. Depois de uns minutos chorando ele resolveu ouvir ao pedido da mãe.

- Sinto muito... - ele pegou a mão dela. - Mãe se eu não voltar a andar eu...

- Isso não vai acontecer! Eu tenho fé e...

- E se não voltar a andar... - disse elevando a voz para que ela o escutasse. - Irei contigo para Montreal.

- Filho, e Victoria?

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Victoria amanheceu exausta, era como se em um piscar de olhos a noite houvesse passado e ela não descansara nada, pelo menos não houve sonhos esquisitos e ela pode se sentir normal novamente, até o momento. Depois de se banhar e começar a se maquiar ela viu uma imagem no espelho do quarto, era ela mesma com cabelos presos em um coque e franja em ondas que seguiam o formato de sua cabeça; parecia penteado dos anos 20, mas a imagem estava em preto e branco. Era como se o espelho não refletisse como era atual, mas uma Vicky de outra era. Depois de olhar em choque para aquela imagem, uma voz foi ouvida e era a sua própria, mas não era ela quem falava, era a mulher no espelho.

- Não tenha medo de mim. - Vicky só olhava o reflexo com a boca aperta e a mulher no espelho sorria. - Desculpe, mas preciso que você seja forte, por nós.

- Eu devo estar ficando louca... - esfregou os olhos tentando acordar, se é que estava dormindo.

- Não está... Minha vida está se refletindo na sua e não podemos permitir.

- Quem é você? - a campanhia tocou e Vicky se assustou, retirando os olhos do espelho para olhar a porta do quarto.

- Lembre-se do nome. - Vicky voltou a olhar o espelho, mas a mulher havia sumido e a única coisa que ressoava em seus ouvidos era a última fala da mulher misteriosa. Ela suspirou e foi atender a porta,  ainda com o robe.

- Você...

- Podemos conversar? - Vicky pensou um pouco se aceitaria, mas acabou o deixando entrar;  deixou a porta aberta e caminhou até o sofá, enquanto isso ele fechou a porta e se aproximou, ficando de pé na frente de Vicky, a qual estava sentada no grande sofá perpendicular a varanda e próximo do piano.

- O que você quer Omar?

- Sei que terminamos, mas não quero deixar de te ver.

- Como assim?

- Quero ser pelo menos seu amigo Vicky. - ela o olhou e reconheceu que apesar de tudo, eles passaram bons momentos juntos.

- Não quero dar falsas esperanças.

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