XVI. Ariana

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Ele estava sentado numa cadeira alta. Havia frascos espalhados pela mesa à sua frente. Já passavam das 23 horas. Há mais de um mês, ele fora mordido por um vampiro, mas conseguira impedir sua transformação com a ajuda de um soro, um antídoto. Há mais de um mês ele vinha tentando recriar o soro, mas não conseguia.

Ele estava suado. Ali, naquela espécie de laboratório improvisado, fazia muito calor. Olhou novamente para os frascos amontoados sobre a mesa. Se ao menos ele soubesse onde se encontrava a fórmula do antídoto... mas até isso havia sido tirado dele. Voltara à estaca zero.

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Dois anos antes...

Ela andava calmamente pela rua. Carros passavam na avenida. Apesar do vento que soprava, a noite estava quente e abafada. Seu nome era Ariana, estava na casa dos 19 anos e seu maior anseio naquele momento era chegar em casa e descansar. Às vezes, a vida de estudante de Medicina podia ser bem cansativa.

Virou numa esquina e andou em linha reta. Foi surpreendida por uma outra mulher. Ela vestia um macacão de couro preto com um decote grande, que evidenciava suas curvas. Tinha cabelos vermelhos.

_ Noite quente, não acha? - ela perguntou.

_ Sim - Ariana respondeu - E esse seu macacão deve fazer ainda mais calor.

As duas caminhavam lado a lado. A de cabelos vermelhos riu.

_ Um pouco. A propósito, me chamo Ramona. E você?

_ Ariana - ela respondeu.

Foi quando Ramona cambaleou e caiu.

_ Ramona? - Ariana olhou para ela - Tudo bem?

_ Ai... Torci o pé. Nada demais.

_ Deixe-me ver - Ariana se abaixou - Sou estudante de medicina.

Ariana pegou o pé da outra e olhou.

_ Não é nada... Não precisa se preocupar. - Ramona colocou a mão no ombro de Ariana e então a puxou para si.

_ O que é isso? - Ariana perguntou, confusa.

_ Desculpe, mas... estou morrendo de fome.

Ramona mostrou seus dentes afiados para Ariana, que se assustou e tentou se desvencilhar dela. Ramona intensificou o aperto, se levantou de sobressalto e correu o mais rápido possível para o lugar escuro mais próximo, arrastando Ariana.

_ Por favor, não faça nada... por favor.

_ Você está além da minha compaixão...

Ramona cravou suas presas no pescoço de Ariana e ela deu um grito - talvez o mais alto e mais agonizante que dera em toda a sua vida. Seus olhos se encheram de lágrimas e uma dor lancinante apoderou-se de seu corpo, frágil e cansado.

_ Não vou tirar todo o seu sangue - disse Ramona interrompendo a mordida - Você é mais útil viva.

Ramona jogou o corpo de Ariana no chão, limpou um filete de sangue que lhe escorria do canto da boca e saiu dali. Ariana tentou se levantar, mas acabou caindo novamente. Então a consciência lhe deixou e ela dormiu profundamente.

Os Mutantes 01 - Os RemanescentesOnde histórias criam vida. Descubra agora