XXIV. Fatos de uma Morte

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Algumas horas antes

Ele entrou no casarão ​abandonado. Já passava das 19 horas e estava com pressa. Sua reunião tinha sido um sucesso. Não poderia esperar outra reação dela. Mas esse não era o único motivo de sua alegria. No dia anterior, ele havia finalmente encontrado o diário de sua irmã, Ariana.

Havia contratado um jardineiro para cuidar do jardim de sua casa, já que desde a morte de Ariana, o jardim da pequena mansão em que morava num bairro rico da cidade estava sem cuidados. A grama havia ficado muito seca e amarela, de forma que nem as chuvas torrenciais que caiam de vez em quando mudavam a situação.

Aquele jardim sempre fora a grande paixão de sua mãe e de sua irmã, então, nada mais do que justo que ele pedisse a alguém que cuidasse dele. Havia voltado para casa na hora do almoço para ver como estava o trabalho. Estava sentado numa cadeira, no balcão da cozinha, quando ouviu batidas na porta. Era o jardineiro dizendo que havia encontrado uma caixa de madeira enterrada nos fundos da casa. Os dois se encaminharam até o local. Ele pegou a caixa nas mãos e, com um martelo, conseguiu romper o cadeado. Estava lá dentro. O diário de sua irmã.

Ele agradeceu ao jardineiro e foi direto para seu escritório. Agora que ele tinha finalmente conseguido encontrar aquilo que procurava há tanto tempo, ele poderia enfim continuar a produzir seu antídoto. E não só isso. Tinha mais uma coisa que ele queria fazer.

Balançou a cabeça para afastar os pensamentos e trancou a porta por dentro. Estava prestes a subir as escadas quando ouviu ser chamado.

_ Olá, Arthur.

Ele se virou, tentando descobrir de onde vinha a voz. Uma figura feminina se ergueu de uma das poltronas altas e se virou para encará-lo. Ele quase desabou no chão, tamanho o susto que tomara.

_ Você - ele disse, embasbacado.

_ Sim. Eu. - ela disse.

Ele ainda não conseguia acreditar.

_ Ariana... É mesmo você?

_ Mas é claro que sou eu. Quem mais seria?

_ Mas como... como isso pode ser possível? Você está...

_ Morta? - ela o interrompeu - Francamente, Arthur, se você ainda preserva o mínimo de sua inteligência pode ver que eu, obviamente, não estou morta.

Ela contornou a poltrona e deu dois passos até ele.

_ Mas... eu vi o seu quarto cheio de sangue. Eu pensei que... pensei que os vampiros tivessem te encontrado, te matado e levado seu corpo embora.

Ele deu um passo vacilante para a frente.

_ Você não vê, não é? Não consegue entender. - ela perguntou.

Ele nada respondeu.

_ Não consegue ver que tudo isso não passou de um plano cuidadosamente arquitetado para lhe enganar? Eu nunca estive morta, meu irmão.

_ Então onde você esteve todo esse tempo? Por que armou contra mim? Por que me fez pensar que estivesse morta?

_ Você uma vez me disse que nós somos traiçoeiros. Era verdade.

Ele a encarou sem entender.

_ Nós? Como assim nós?

_ Os vampiros, é claro.

_ Vampiros? O que eles têm a ver com tudo isso?

Ela abriu a boca e seus caninos cresceram, transformando-se em presas afiadas.

Os Mutantes 01 - Os RemanescentesOnde histórias criam vida. Descubra agora