V. Em Meio Ao Incêndio

14 5 8
                                    

Marcus estava sentado num sofá rasgado num apartamento abandonado de um prédio abandonado no leste da cidade. Havia encontrado aquele lugar enquanto andava por Nova Aurora. O prédio ficava na parte antiga da cidade - depois da queda do meteoro aquela região da cidade havia sido desabitada.

Uma televisão antiga estava ligada. Ele nem sabia como aquela coisa velha ainda funcionava, mas de qualquer forma era melhor do que nada. Acabara de passar o plantão do jornal local, no qual Roberto Campos, o jornalista, havia informado à população sobre o resultado das análises feitas nas amostras de sangue e sobre os vestígios encontrados no carro queimado.

Ainda eram três da tarde e o sol estava longe de se pôr. Ele precisava sair para se alimentar, como fazia todas as noites. Deitando no sofá, ele desligou a televisão e ficou pensando em uma forma de reaparecer em casa. Mais cedo ou mais tarde, e ele sabia disso, a polícia começaria a desconfiar de que ele estava por trás dos desaparecimentos e assassinatos misteriosos.

Pois que venham atrás de mim. Acabo com eles em dois tempos, ele pensou consigo.

Era uma manhã de sábado. Manu estava em sua casa assistindo televisão. O plantão do jornal local entrou no ar, trazendo tensão e curiosidade.

"Aqui quem fala é Roberto Campos. Estou em frente à delegacia de Nova Aurora com o delegado João Carlos. Agora há pouco recebi a notícia de que a perícia feita nos vestígios encontrados ontem à tarde num carro carbonizado foi enfim concluída. Segundo a autópsia, o material pertencia a Josef Assunção e Martha Serafim. Agora está oficialmente confirmado, os dois estão mortos. Marcus Assunção, filho de Josef, ainda está desaparecido." - virou-se para o delegado - "Doutor, o que o senhor vem achando de toda essa história?"

"Marcus, como todos bem sabem, ainda está desaparecido e não foram encontrados vestígios dele em nenhum local. Já consideramos algumas hipóteses, mas não posso entrar em muitos detalhes."

"Mas, diga-me, doutor, ele é considerado suspeito?"

"Sim. E digo mais. O único suspeito até o momento"

"E a polícia não tem em mente nenhuma ideia do paradeiro dele?"

"Não. E, dados os últimos acontecimentos, se não for ele o autor dos crimes, ele pode até mesmo estar morto"

"Muito obrigado, doutor" - ele virou-se para a câmera - "A qualquer momento, volto com mais notícias."

Manu desligou a televisão e ficou encarando o teto, deitada no sofá. Resolveu ligar para Laura e Thomas. Os três marcaram de se encontrar no café Monet's. Trinta minutos depois, os três estavam sentados em volta da habitual mesinha de pedra com três xícaras de café quente sobre ela. 

— Vocês viram o plantão? — perguntou Manu.

— Qual deles? — perguntou Laura — Ultimamente é só isso que tem passado na televisão.

Manu explicou para eles do que se tratava, ao que Laura respondeu:

— Eu vi — disse Laura — E ele só serviu pra me fazer ter mais certeza das nossas hipóteses.

— Eu não vi — respondeu Thomas — Eu estava muito ocupado dormindo, sabe? E estaria até agora se vocês não tivessem atrapalhado o meu sono.

— Então foi por isso que eu precisei te ligar três vezes — disse Manu revirando os olhos.

— O que aconteceu? — perguntou Thomas, passando a mão direita pelos cabelos castanhos que lhe batiam nos ombros.

— Os resíduos encontrados no carro queimado — disse Laura — Eram de Josef e Martha.

Os Mutantes 01 - Os RemanescentesOnde histórias criam vida. Descubra agora