XV. A História de uma Mordida

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Laura não podia acreditar no que estava ouvindo. Sua mãe havia mesmo trazido um parapsicólogo para conversar com Laura a respeito de seu sonho?

_ Mãe, será que poderíamos conversar em um lugar mais reservado?

_ Filha, tudo o que tiver para falar, pode ser dito na frente do dr. Walter.

Laura encarou a mãe, olhou para os próprios pés e então levantou o rosto, olhando para a frente.

_ Tudo bem. Lá vai. Eu não quero conversar com médico nenhum.

_ Mas, filha, o que aconteceu é uma coisa muito... muito intrigante. Precisamos de uma resposta.

_ Não, mãe. Não precisamos não. Você precisa de uma resposta. Unicamente você. Eu pouco me importo com isso. Não vou falar com médico nenhum. Dr. Walter, perdoe o incômodo, mas, se o motivo de sua visita é unicamente os meus sonhos, sinta-se convidado a ir embora.

_ Filha! Que modos são esses?

_ Olha, mãe, me desculpe. Não vou falar sobre a minha vida com um estranho.

_ Laura!

Walter se levantou.

_ Marisa... Marisa... tudo bem. Não tem problema. Ela não quer falar. Eu já vou indo.

_ Não, doutor. O senhor fica. - disse ela, colocando a mão no ombro do médico e o fazendo sentar-se novamente - Eu já volto.

Marisa saiu da cozinha e puxou Laura pelo braço. As duas entraram na sala e Marisa jogou Laura no sofá.

_ O que você pensa que está fazendo? - perguntou Marisa - Eu trago um médico aqui, para lhe ver, para cuidar do seu problema e...

_ Problema? Meu problema? - disse Laura, alterada - É isso que você pensa de mim? Que eu sou uma garota problemática?

_ Minha filha, não foi isso o que eu quis dizer...

_ Mas foi o que você disse.

Marisa se sentou ao lado de Laura e pegou a mão da filha. Laura puxou a mão com violência.

_ Filha... eu... eu só quero entender o que aconteceu com a sua irmã. Entender porque você teve aquele sonho.

_ A questão é que eu não estou nem um pouco interessada nisso. Para de tentar encontrar respostas para coisas que não tem o mínimo de importância e tampouco vão mudar o que aconteceu. Isabelle está morta. Pelo menos tente fingir que ficou triste com isso.

Marisa foi atingida em cheio pelas palavras de Laura. Perdeu a cabeça e então tudo aconteceu muito rápido. Levantou a mão, num ímpeto de fúria e indignação, e, quando viu, já havia desferido um tapa contra a face da filha.

Laura levou a mão ao rosto instantaneamente. Estava em completo estado de choque. Se levantou, olhou a mãe e então virou as costas.

_ Laura...! - gritou Marisa - Me desculpe, minha filha...!

_ Desculpa não melhora - Laura disse, encarando a mãe - Às vezes eu acho que devia ser você a queimar naquela maldita casa ao invés de Isabelle.

Laura então deus as costas à sua mãe e foi para seu quarto. Da janela do mesmo, viu o médico indo embora. Minutos depois, a mãe bateu à porta de seu quarto. Ela não respondeu. Ouviu os passos da mãe se arrastando pela escada.

Quando a noite caiu, Laura colocou sua mochila no ombro direito, saiu do quarto e desceu as escadas. Ia cruzar o batente da porta, quando ouviu seu nome.

_ Laura? Onde está indo, minha filha?

Laura sequer olhou para trás. Abriu a porta e trancou-a novamente quando saiu. Não dormiria em casa, isso era um fato. Agora só precisava arranjar um lugar para passar a noite.

Os Mutantes 01 - Os RemanescentesOnde histórias criam vida. Descubra agora