XXI. A Viagem pt. 2

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Manu corria desesperadamente pelas ruas de Nova Aurora, com os olhos atentos a qualquer movimento suspeito. Estava se aproximando da parte antiga da cidade, assim como na outra vez em que havia seguido o jovem vampiro.

Cruzou o portal e então parou. Olhou para os lados, mas não viu nada. As lâmpadas dos postes haviam sido trocadas após os rumores de que Marcus poderia estar se escondendo ali. Evidentemente, não ajudou em nada e a falta de informações fez com que a polícia deixasse as buscas de lado em menos de uma semana.

Manu não sabia muito bem o que estava fazendo ali ou o que a havia levado a ir àquele lugar. Algo a impelia a seguir o garoto. Talvez fosse uma espécie de aviso. Ou talvez fosse simplesmente o seu ego falando alto demais.

Livrando-se de seus pensamentos, continuou a andar, adentrando ainda mais naquele lugar. Fazia frio, muito frio. O vento soprava e seus cabelos tremulavam. Escutou um barulho. O barulho de alguma coisa cortando o ar. Muito rápido, veloz. Tinha a impressão de estar sendo seguida, então olhou para trás, mas não viu nada.

Continuou andando, sorrateiramente, para não fazer o menor barulho sequer. Escutou novamente aquele barulho, como se algo estivesse passando muito rapidamente ao seu lado, então parou. Olhou para os lados. Já havia avançado bastante desde o portal e estava quase perto da cratera que o meteoro havia deixado. Foi quando sentiu uma respiração gelada atrás de si. Virou-se para trás e então o viu.

Seus cabelos estavam grandes e levemente cacheados. A pele cor de oliva, os olhos castanho-escuros com um círculo carmim em volta das íris. A boca escancarada num sorriso doentio e maníaco, mostrando suas presas afiadas. Manu tentou conter o grito que se formava em sua garganta, e por pouco não conseguiu.

_ Sabe, essa parte da cidade pode ser muito perigosa para garotas como você. Especialmente a esta hora da noite. Deixe-me levá-la daqui.

Ela se virou e saiu correndo, desembestada, indo em direção à cratera. Ele ficou parado por alguns segundos, deixando que ela tomasse uma distância consideravelmente generosa. Então correu também - e nem usou toda a sua velocidade. Ela não conseguiu parar de correr e acabou se chocando contra ele e caiu sentada no chão.

_O que você quer comigo?! - ela gritou.

_ Presumo que a pergunta mais apropriada seria "o que você quer comigo?". Afinal, como ambos sabemos, foi você quem veio atrás de mim, não só uma, mas várias vezes.

_ Eu... eu não estava atrás de você. - ela disse, mas o desespero em sua voz era evidente, até para os mais leigos no assunto.

_ Ah, não caia na besteira de mentir para mim. Eu sou um vampiro! Acha que não escutei você e seus amigos conversando a meu respeito quando vieram aqui outro dia? Acha que eu não escutei você dizendo ao seu amiguinho cabeludo que tinha me visto na praça?

Manu ficou sem saber o que dizer. Procurava uma desculpa para dar ao jovem vampiro, mas não encontrava nenhuma.

_ E então? O que queria comigo?

_ Eu não quero nada com você!

Ele riu.

_ Por acaso queria experimentar a minha mordida? Ou seria o meu outro dote e está com vergonha de admitir?

_ Eu não quero nada de você! Muito menos isso que você chama de dote! Eu só quero ir embora!

_ Que pena. Eu realmente esperava que você quisesse ficar aqui, comigo. Podíamos fazer várias coisas juntos, se é que me entende...

Os Mutantes 01 - Os RemanescentesOnde histórias criam vida. Descubra agora