VI. Camaleão

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Laura encarou seus amigos, apreensiva.

- Ela não atende - ela disse, lágrimas se formando em seus olhos.

Manu e Thomas se entreolharam, aflitos. O que estava acontecendo, afinal? Sabiam do sonho que Laura havia tido com a irmã, mas desde quando ela tinha sonhos estando acordada? E por que Isabelle não atendia as chamadas da irmã? Tudo aquilo estava muito estranho.

- Eu tenho que ir até lá. Eu... eu preciso ir na casa dela - disse Laura, já se levantando.

- Laura, calma - disse Manu, tentando segurar a amiga.

- Calma? Não me peça pra ter calma. Minha irmã pode estar à beira da morte e... - ela foi interrompida pelo toque do celular.

Ela encarou a tela do smartphone e suspirou aliviada.

- Izzy, é você??

- Sim, Laura sou eu - disse Isabelle.

- Izzy, você tá bem???

- Laura... calma, Laura. Eu tô bem. Por que toda essa preocupação? Aconteceu alguma coisa?

- Não é nada... não é nada... - respondeu Laura.

- Por que você me ligou desse jeito? Toda aflita? É algum problema com mamãe?

- Não, não é nada com ela- disse Laura, tentando encontrar uma desculpa - Eu recebi uma ligação...

- Que ligação, Laura? De quem?

- Dizendo que haviam sequestrado você... foi um trote. Só isso, mais nada.

- Você tem certeza que foi só isso?

- Tenho. Eu só precisava verificar.

- Tudo bem. Agora eu tenho que desligar. Estou ocupada.

- Okay. Tchau...

- Tchau.

Laura encerrou a chamada e jogou o celular sobre a mesa.

- Ela está bem...

- Está vendo? - perguntou Manu - Não precisava daquele alarde todo...

- Mas... ainda assim...- disse Laura, pensativa- E o que eu vi? Porque eu de fato vi alguma coisa.

- Você tem certeza de que viu aquilo? - perguntou Thomas.

- Tenho certeza absoluta. - ela respondeu - E não foi só um devaneio. Foi... real.

- Você viu a mesma cena daquele seu sonho. Só que com alguns detalhes a mais. - disse Manu - Laura, acho que está na hora de considerarmos a hipótese de que sua mãe não estava equivocada em querer te levar a um médico. E eu estou falando isso como sua amiga.

- Não. Nem pensar. Minha mãe não pode saber disso e eu não vou a médico nenhum. Isso não foi nada e também não estou doente. Deve ser um cansaço. Uma hora isso vai ter que parar não é mesmo?

Os dias se passaram calmamente. Não houve mais notícia alguma sobre os assassinatos de Josef e Martha ou sobre o desaparecimento de Marcus. Sequer foram encontrados outros corpos sem sangue pela cidade. Com toda essa ausência de notícias ruins, as pessoas de Nova Aurora começaram a pensar que talvez os dias de paz tivessem em fim retornado. Estavam enganados, no entanto.

Os Mutantes 01 - Os RemanescentesOnde histórias criam vida. Descubra agora