Ardente

Cinco

COMO UM despertador, a campainha de Selena tocou às 8h de sábado. Ela olhou para si enquanto se dirigia à porta. A previsão do tempo indicava que seria um belo dia para passear de barco, e ela estava usando uma roupa nova para a ocasião.

Abriu a porta e um facho de luz adentrou, quase cegando-a, mas não sem antes fazer uma análise da mulher em pé sob o batente. Ela inclinou a cabeça e semicerrou os olhos para fitá-la. Demi lançou um sorriso sexy e Selena imediatamente sentiu os joelhos fracos. Aquele ia ser um daqueles dias nos quais ela iria considerar quase impossível manter as mãos longe de Demi. Demi simplesmente causava esse tipo de efeito nas mulheres. Nela, em particular. Parado ali, vestinda um par de jeans que afilava pelas coxas, uma camiseta cobrindo os ombros, ela estava sensual até o último bocado, e aquilo não estava ajudando em nada. Por uma fração de segundo, tudo o que Selena conseguiu fazer foi ficar lá e babar.

– Bom dia, Selena.

Ela levou um momento para encontrar sua voz e responder. Mas observar o movimento da boca de Demi a fez se lembrar de todas as coisas que a mesma boca tinha feito com ela. Danadinha, danadinha. 

– Bom dia, Demi. 

– Está pronta?

 A lembrança de estar pronta para ela, nua e à espera, cintilou na mente de Selena, que afastou tal ideia imediatamente.

– Sim, só preciso pegar meu casaco e minha bolsa. – Tudo bem. Fique à vontade.

Selena voltou rapidamente para a sala de estar para pegar o casaco e a mochila. Ela percebeu o instante em que Demi passou pelo vão da porta, adentrou sua casa e fechou a porta. O ar entre elas começou a ficar denso, e foi como se o ar-condicionado tivesse parado de funcionar. Parecia que o calor estava entrando pelo duto em vez disso.

Demi lançou um olhar de reconhecimento para a sala de estar antes de voltar os olhos escuros para Selena. Cada nervo do corpo dela ficou teso quando o olhar de Demi vagou em cima dela, como se ela pudesse enxergar através da roupa. Ela já a havia visto nua, tinha provado praticamente todos os centímetros de sua pele, conhecia todos os seus pontos erógenos e sabia exatamente o que precisava fazer para estimulá-los ainda mais.

Ela engoliu em seco, perguntando-se se ela estava pensando em algumas daquelas coisas. Será que Demi estava se lembrando do último fim de semana, assim como ela estava fazendo? Será que ela estava tão ciente dela assim como ela estava em relação a Demi? Pela maneira como as pupilas de Demi estavam se dilatando, Selena imaginava que sim.

– Acho que não vai dar, Selena– disse Demi, quebrando o silêncio, a voz rouca fazendo os mamilos dela endurecerem. 

Ela inspirou fundo. 

– O que não vai dar?

– Não vai dar para esperarmos chegar ao barco antes de fazermos qualquer coisa. 

Ela poderia realmente se fingir de surda e perguntar o que ela queria dizer, mas se perguntou: por que desperdiçar seu tempo ou o dela com isso...? Selena sentiu a pele se arrepiar e conseguiu evitar comer Demi com os olhos do mesmo jeito como ela fizera com ela. Ela já tinha dado uma boa olhada nela quando chegara à porta. Mas agora, graças ao enorme volume atrás do zíper de Demi, havia mais ali, e a mulher dentro dela gostava daquele fato.

– Então, o que você acha que precisamos fazer a respeito? – questionou Demi.

– Por que pensar no assunto? – Além das sensações vibrando na boca de seu estômago, Selena também sentia o vapor flutuando entre elas.

Demi estava certa. Elas mal conseguiam esperar. O desejo de uma pela outra era urgente. Era espontâneo. E, tal como antes, elas precisavam lidar com isso agora. Ela não tinha qualquer problema com isso e começou a tirar a própria camiseta, contente por não estar usando sutiã.