Ardente

Dezoito

DEMI SE recordou da conversa que tivera com Nick antes de deixar o escritório. Talvez seu irmão estivesse certo e ela devesse contar a Selena como se sentia.

Para qualquer um que não conhecesse Demi, ela provavelmente parecia estar calma, tranquila e contida. Uma mulher definida por suas conquistas, alguém que sabia o que queria e estava orgulhosa do que possuía. Uma mulher relutante em demonstrar suas emoções para muitas pessoas. Uma pessoa reservada. Definitivamente não uma mulher que desnudaria sua alma a qualquer pessoa. E Demi admitia que, antes de conhecer Selena, tal imagem provavelmente lhe fazia jus.

Mas agora ela também era uma mulher que sabia como era amar uma pessoa, amar verdadeiramente uma pessos. Agora ela entendia as lágrimas de seu pai naquele dia. Compreendia a dor de amar alguém e não ter esse amor correspondido. Embora estivesse certo de que a profundidade da tristeza de seu pai tivesse sido mais intensa do que a dela, devido à traição da esposa, o resultado era que amor era amor de qualquer ângulo. E ela admitia ser uma mulher apaixonado. E a parte triste é que a mulher que possuía o coração de Demi não fazia a menor ideia disso.

Ela se dirigiu para a cozinha a fim de preparar um daqueles jantares de micro-ondas quando a campainha tocou. Deu meiavolta, perguntando-se quem diabos poderia ser. Não estava de bom humor e a última coisa que queria era companhia.

Sem se dar ao trabalho de conferir pelo olho mágico, Demi abriu a porta, pronta para mandar a pessoa ao inferno por ter a coragem de incomodá-la em uma noite de quinta- feira.

A respiração dela ficou presa na garganta e sentiu-se cambalear para trás. Piscou, pensando estar vendo coisas. Quando percebeu que não estava, perguntou com uma voz chocada:

– Selena, o que está fazendo aqui?

Ela sorriu, e aquele sorriso a afetou de forma inexplicável, e toda a frustração e raiva que Demi sentia pareceram derreter.

– Eu estava me perguntando, Demi, se você gostaria de brincar um pouquinho.

DEMI PISCOU novamente, mas quando percebeu o que tinha perguntado ela estendeu a mão e puxou Selena para seus braços, beijando-a. Então a carregou e bateu a porta com o pé. Demi teve um vago vislumbre de Selena jogando a bolsa no sofá. Mas o que se destacou em sua mente, mais do que qualquer coisa, foi quando a levou para o quarto e começou a despi-la antes de arrancar as próprias roupas, estourando botões em meio à pressa. Ah, sim, elas iriam brincar. Em seguida, mais tarde, elas iriam conversar.

Demi olhou para ela e quase teve um orgasmo ali mesmo. Selena estava apoiada nos travesseiros naquela posição sexy e de dar água na boca da qual ela tanto gostava. As pernas estavam entreabertas, mostrando tudo, e o cheiro dela a estava deixando louca. Definitivamente era um momento afrodisíaco.

Avançou até ela, mas achava que precisava deixar uma coisa bem clara antes: 

– Nós não estamos fazendo sexo, Sel. 

Ela sorriu.

– Não estamos? 

– Não.

– Então, o que é que estamos prestes a fazer?

 – Amor – respondeu rapidamente.

O joelho de Demi tocou o colchão e ela estendeu a mão para Selena. Puxando-a, sussurrou de encontro aos seus lábios:

– Eu nunca conseguiria simplesmente ter relações sexuais com a mulher que amo. 

Pronto, estava dito, e ela tinha esperanças e rezava para que Nick estivesse certo, que talvez, possivelmente, as coisas pudessem funcionar entre elas e que Selena se importasse com ela também.