Ardente

Onze

– ENTÃO COMO foi que você e Selena se conheceram?

Demi sorriu para tia Gert, que parecia ter seus 60 e poucos anos. Selena tinha avisado que a tia iria fazer um monte de perguntas. E ela estava certa.

O café da manhã se transformou em um brunch de sábado de manhã no terraço. Mandy e tia Gert tinham feito a maior parte da comida, e Demi era obrigada a concordar que as mulheres eram grandes cozinheiras. Ela não deixou de notar que Edward lhe evitara durante a maior parte da manhã, mas que ficara perto de Selena sempre que tivera chance.

– Selena e eu nos conhecemos quando a melhor amiga dela, Sherri, que tenho certeza que você sabe quem é, ficou noiva do meu irmão Nick – respondeu ela com sinceridade.

– Então foi amor à primeira vista? – perguntou tia Gert com um olhar esperançoso. Demi estava inclinada a concordar com ela a respeito disso.

– Digamos simplesmente que um monte de coisas me atraía em Selena. Coisas das quais eu definitivamente gostava e admirava. – Ela bebeu um gole de chá gelado. Selena disse que tia Gert era uma romântica incurável, e era isso mesmo. A mulher realmente estava acreditando em tudo.

Demi olhou para Selena do outro lado do cômodo. Ela estava conversando com um homem que tinha sido apresentado como vizinho de sua mãe, Benjamin Sanders, a quem ela carinhosamente chamava sr. Bennie.

Demi percebeu de repente o quanto a afirmação que ela dera a tia Gert era verdadeira. Ela tinha gostado de um monte de coisas em Selena logo de cara. A aparência dela encabeçava a lista, é lógico. Mas também não demorou muito para descobrir que era uma mulher muito inteligente, com profundo sentimento de cuidado com os outros, por isso Demi não se surpreendeu quando soube que era enfermeira. Outra coisa que Demi admirava nela era sua coragem.

– Bem, fico feliz por ela finalmente ter um compromisso sério com alguém. Durante um tempo, fiquei bem preocupada com ela. 

– Preocupada? – questionou Demi.

– Sim, preocupada. – Demi riu ao ouvir as palavras da senhora.

– Você estava preocupada por ela não ter nada sério com uma pessoa? 

– Sim, afinal de contas, ela tem 27 anos. 

– Sim, senhora.

– Na sociedade de hoje, se uma mulher da idade dela não tem uma pessoa, as pessoas começam a pensar coisas – disse tia Gert.

– É por isso que você mandou os dados dela para aquele programa de televisão, porque você estava preocupada se ela ia ficar com alguem? – Ela quis saber, incrédula, depois de ter captado o que tia Gert estava insinuando.

 Ela encontrou o olhar de Demi.

 – Sim.

Naquele momento Demi teria pensado mal da mulher se não tivesse notado todo o amor que ela sentia por Selena irradiando em seu rosto.

– Acredite, ninguém tem motivos para pensar nada da Sel. Ela é a mulher que qualquer pessoa desejaria ou gostaria de ter. – E ela sabia até a base da virilha que aquela afirmativa era verdadeira.

O rosto da mulher se iluminou num sorriso.

– Estou feliz por ouvir isso. E gosto do anel que você deu a ela. Veja como parece ter sido feito para o dedinho dela. 

Demi não conseguiu evitar sorrir. 

– Sim, concordo. Então fique tranquila, tia Gert. Minha mulher está indo muito bem. 

Ela bebeu um gole vagaroso de sua limonada. Minha mulher. Seus pensamentos flutuaram de volta àquela manhã. Selena realmente tinha sido a mulher dela. Demi não esperava que Selena se juntasse a ela  no chuveiro, mas, uma vez que descobriu que o menino estava se recuperando da picada de cobra, ela o fez. Juntas, deram novo sentido à palavra vapor. Sentido que fez sensações se agitarem do peito até a virilha de Demi só de pensar no assunto.