segundo capítulo

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Uma pessoa gentil porém constantemente passado como antissocial devido sua dificuldade de comunicação. Alguém com sonhos de explorar terras jamais descobertas porém sem nenhuma motivação para sair de casa em alguns dias. Josh era a pessoa que queria — e merecia — o mundo inteiro, porém seus demônios o atravancavam constantemente. Seus transtornos o incapacitavam de simplesmente pensar em qualquer outro assunto e suas crises psicóticas — as piores delas para Josh, no qual acontecia alterações no juízo da realidade — acabavam com ele toda vez que ocorriam. Nelas, o menino poderia achar que estaria sendo perseguido ou ameaçado por alguém. Em suas últimas crises, Tyler era a pessoa ameaçada. Isso o aterrorizava. 

Tyler nunca entendera porque alguém tão bom merecia uma mente tão conturbada. Isso fazia-o questionar o plano de Deus para nós e até mesmo sua existência. Como poderia uma alma tão benevolente ser tão machucada? Ele sempre se esforçava para ver o lado bom de tudo, então desde que Josh chegou em Columbus, ele não o via como problemático como a maioria das outras crianças fazia; para Tyler, ele era diferente, alguém com uma outra visão de mundo e que lhe acompanharia em escapar do padrão infantil que seus pais queriam encaixa-lo. Josh era extraordinário na visão de Tyler. E era claro que Tyler não era normal. Pro menino que já havia desaparecido na floresta perto da vizinhança por mais de um dia e discutido em pleno culto com um pastor sobre Deus e sua existência numa serenidade absurda, Josh era a companhia que sempre buscou.

     —  Hoje vamos a floresta. — Tyler anunciou adentrando o quarto do menino cujo os olhos eram de algum tom de café.

     —  Ty, eu não sei se posso sair hoje, tem psiquiatra e eu...

     — Não foi uma pergunta, Josh.

Josh olhou para o menino com dúvida. Ele tinha compromisso com a Dr. Alana e apesar de não gostar de ser psicanalisado, era parte de seu tratamento. Suspirou.

     — Encontro você lá depois de jantarmos.

10:16 p.m.

Tyler adorava o cheiro dos pinheiros e a sensação que a floresta lhe dava. Ele sentia-se seguro. Apesar de estar exposto à qualquer coisa ali dentro, sua mente sentia-se segura. Ele esperava que Josh sentisse o mesmo.

     — Olha aquele cervo, Tyler!

     — Já é o terceiro que passamos, Josh.

     — Não era pra isso que você queria vir aqui? Ver animais? Já está começando a chover... — Josh disse, olhando para as nuvens escuras que chuviscavam.

     — Não, Josh — Tyler abriu os braços enquanto andava para trás fitando os olhos de Josh. — é por isso! É porque estamos vivos! — Tyler gritou, de modo que sua voz ecoou pelo local.

     — O que você...

     — Estamos vivos, Josh! — Tyler ainda gritava, na intenção de Josh fazer o mesmo. — E ninguém está aqui para nos ouvir! NINGUÉM!

     — Ninguém...

     — Grita comigo, Josh! — Tyler se aproximou de Josh e olhou no fundo dos seus olhos. — Você não vai se arrepender, eu prometo.

Josh gritou. Josh gritou querendo expulsar tudo o que lhe atormentava. Gritou que estava aterrorizado, gritou que não queria sentir mais nada que ele não podia suportar. Gritou aos céus questionando o porquê. Tyler o acompanhava. Ninguém os ouvia, era apenas os dois meninos gritando seus sentimentos e espantando seus fantasmas com todo fôlego. Josh teve a certeza que aquilo era mil vezes melhor do que as consultas da Dra. Alana quando sentiu o alívio em seu peito invés daquele incômodo aperto. No meio das silenciosas árvores, após em plena chuva liberar toda sua raiva junto a seu melhor amigo, pela primeira vez Josh não estava com medo.

taken by sleep | t+jOnde histórias criam vida. Descubra agora