Mais uma vez o céu escurecia e o Sol dava seu lugar à Lua. Josh era fascinado pela imensidão do céu acima de nós, e sempre gostava de imaginar o que haveria além dele, apesar disso lhe deixar ansioso. Ele gostava de ver como as estrelas acompanhavam a Lua na missão de iluminar os céus, e Tyler amava o jeito clichê que isso soava. Enquanto observava os astros, Josh caminhava para a casa na árvore como de costume.
Tyler esperava o dia todo Josh chegar. Estava com uma surpresa.
— Ei, Ty.
— Fecha os olhos. — Tyler falou logo que o menino adentrou a casa de madeira. Escondia algo atrás do seu próprio corpo. Josh imediatamente obedeceu.
— Tyler, eu posso cair.
— Não vai, Josh. Aqui, senta do meu lado. Agora abra a mão.
Josh o fez, e sentiu algo macio se mexendo em suas mãos. Mesmo sem Tyler mandar, abriu os olhos. O outro menino tinha um sorriso enorme em seu rosto.
— Tyler!! Isso é? Ele está machucado!
Josh segurava em suas mãos um passarinho num tom de azul claro. Tyler havia o encontrado na janela de casa quando chegou da escola.
— Sim, é um passarinho. Eu o achei hoje na minha janela, provavelmente bateu no vidro enquanto voava. Uma das asas quebrou.
— Ele precisa de cuidados, Ty.
— E nós vamos cuidar dele, o que você acha?
— Eu acho ótimo! — Josh o trouxe para próximo do rosto. Ele era minúsculo, e parecia tão frágil quanto o garoto. Ele parecia com dor.
— Como o vamos chamar?
— Daisy. É uma menina. Nossa filha, Ty. — Josh falou rindo e Tyler o acompanhou.
— Josh, eu amo você mas esse não é um dos seus filmes da Disney.
Os dois riram. Josh era fascinado pelo mundo da Disney. Ao mesmo tempo que era fã assumido de star wars ele também tinha uma queda pelo mundo das princesas clássicas. Josh nunca entendera porque isso era um tabu, o porquê dele ter que esconder isso do resto dos meninos. Apenas Tyler sabia e não o julgava. Tyler era aquela pessoa que Josh podia ser 100% ele mesmo, que o conhecia de corpo e alma, seus anjos e demônios e que já o vira em seus dois extremos. Eles eram totalmente transparente um com o outro.
11:39 p.m.
— Ty, eu não acho que ela cante.
Os meninos haviam levado o passarinho machucado para o quarto de Tyler. Ele ficaria lá porque a irmã de Josh tinha um gato e eles não queriam correr risco de uma tragédia. Daisy estava numa caixinha no canto do cômodo recebendo os cuidados necessários.
— Claro que ela canta, Josh. Mas talvez só quando ela está feliz e ela não ta podendo voar, então... Não deve estar tão feliz.
— Ela é um pássaro que não voa.
Tyler a observou. Ele pensava muito sobre algumas coisas simples, pensamentos que muita gente julgaria estranho. Mas Tyler tinha outra visão de mundo, uma perspectiva emocional do que nos rodeia.
— Talvez todos nós somos. — Josh já esperava suas próximas palavras. — Nós mesmos alinhamos nossas casas contra estradas sinuosas e achamos que tudo está difícil. Honestamente provavelmente por isso estamos mais suicidas do que nunca agora. Como a Daisy.
Josh era fascinado por todas as vezes que o menino viajava em sua inspiração. Ele poderia captar toda a filosofia da sua cabeça e até complementa-la. Ele gostava de ver o mundo pela perspectiva de Tyler e como o garoto se perdia na sua mente.
— Uau, Tyler.
— Falei demais?
— Não, claro que não, Ty. Você sabe do quanto eu gosto de ouvir essas coisas suas. — Josh fez uma pausa. — Me lembra que o mundo é muito além do que vemos.
Tyler sorriu e em seguida prosseguiu com suas palavras. O menino menor apenas o fitava, admirando-o e absorvendo cada palavra. Assim como apenas Tyler sabia da paixão de Josh pela Disney, apenas Josh sabia esse lado extremamente criativo e emocional de Tyler. Ele era alguém sensível demais, e sempre que podia estava transbordando suas criações. Apenas para Josh, claro. Ele era reservado demais e, além disso, Tyler não precisava da atenção, dos aplausos, dos elogios e admiração de muita gente. Ele só queria a de Josh.
