Era madrugada e Tyler esperava pacientemente na varanda do hospital da cidade. Já esteve ali muitas vezes, mas dessa vez era, de alguma forma, diferente. Enquanto nas outras vezes tudo que ele podia identificar dentro de si era medo, culpa, arrependimento e incerteza, agora seu coração aquietava-se ao saber que, finalmente, teria Josh de volta. Ele olhou pra Lua e viu como seu brilho estava resplandecente em tons que assemelhavam-se a dourado e ouro. Havia passado tanto tempo com seus arredores anulados e entorpecidos que esquecera como era o mundo exterior. Josh preso dentro de seu corpo e Tyler dentro de sua mente. Foi assim durante esses quase 6 anos. Parecia que o vento cortante contra sua face anunciava mudança e boas notícias. Anunciando que o que antes era cinza, estava prestes a se tornar sublime. Ainda olhando para os astros, Tyler pensou que, finalmente, Josh poderia observar a Lua e seus acompanhantes novamente.
Jordan apareceu ao seu lado, o que Tyler demorou um pouco para perceber.
— Ei, Tyler.
— Eu já posso ir? — seus olhos brilhavam de esperança por finalmente poder se comunicar com Josh.
— Sim. Mas não conversem nada que possa despertar algo ruim nele. Ainda está muito fraco.
Jordan saiu e fez sinal para Tyler o seguir, e assim ele o fez. Enquanto caminhava pelos corredores super iluminados e frios do hospital foi tomado por dúvidas. O entusiasmo misturado com o medo e nervosismo o invadiram, será que Josh o reconheceria? Será que ele estava pronto para possivelmente não ter seu amigo de volta da mesma forma? Era incerto, porém Jordan não havia avisado nada disso e isso acalmou um pouco sua mente. Mas mesmo assim, Tyler sentia-se um pouco apavorado com a possibilidade.
Quando finalmente chegaram na porta do quarto, abriu-a lentamente e viu que Josh bebia água através de um canudinho mergulhado no copo que Laura segurava. Assim que a mãe o viu adentrando o cômodo, pôs o copo de lado e caminhou em direção ao menino. Tyler não tirava o olhar da direção de Josh.
— Vou deixar vocês a sós. — sussurrou após abraçar o menino mais alto que ela e fechou a porta atrás dele.
Tyler caminhou em direção ao olhar dele, que estava profundo e brilhante. A feição do garoto antes desacordado mudou completamente, estava carinhosa e mansa. Tyler pôde perceber que seus olhos também marejavam a medida que olhava o garoto, finalmente, com os olhos abertos. Num repente, se aproximou sorrindo e abraçou-o, abraçou-o como nunca. Não foi preciso uma palavra para ambos transparecerem o que aquele momento significou. Josh segurava em seu moletom e sentia o cheiro de seu cabelo, sorrindo da maneira mais sincera desde que acordou do coma. O primeiro pensamento que veio em sua mente após acordar estava ali, o tocando, o abraçando, finalmente juntos. Tyler apertava o abraço à medida que sentia suas lágrimas descerem. Fora tomado por uma imensa gratidão e o coração de ambos pareciam estar finalmente realizados.
Conforme Tyler se desvencilhou do abraço sentiu as mãos frias do menino segurando as suas. Foram seis anos em que apenas Tyler segurava sua mão. Foram anos e anos esperando uma resposta da sua mão, esperando sentir a mão do garoto segurando sua mão de volta e tendo seus estímulos e movimentos de volta. Tyler se sentia realizado e não conseguia parar de chorar tamanha a alegria e agradecimento que sentia.
— Valeu tão a pena, Josh. Meu Deus, o quanto eu desejei por esse momento, o quanto eu esperei por você e você tá aqui, meu Deus, voce tá aqui segurando minha mão e olhando pra mim, você voltou, Josh!!!
Tocou o rosto do garoto como se não acreditasse. Tantas foram as vezes em que sonhou que Josh havia voltado à vida. O que, enfim, havia sido materializado à realidade. Era ele, o ser humano que Tyler mais amava, por fim consciente e vivo.
— Eu sei, Ty. Eu sei.