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14h- o meu turno finalmente terminou. Hoje foi mesmo um dia cansativo. Fizemos mais deslocações do que o normal. Agora só quero ir para casa.

Entrei dentro do hospital e passei diante da recepção em direção ás salas dos cacifos do enfermeiros. Mas enquanto passava pela recepção, a senhora que lá se encontrava chamou por mim:
Eu:Eu Sim, diga D. Josefa (nome da recepcionista). Precisa de alguma coisa?
D. Josefa: Estiveram aqui á pouco, 2 jovens que perguntaram por si. Disse-lhes que estaria a terminar o seu turno. Como eles queriam falar consigo, mandei-os esperar no refeitório/bar.

Eu: Muito obrigada. Irei lá agora.

Dirigi-me para o bar. Na minha opinião era Afonso e André. Mas uma parte de mim, esperava que não fosse. O que é que eles queriam?
Assim que cheguei ao bar, pude realmente confirmar que se tratava de André e Afonso.
André levantou-se e cumprimentou-me com 2 beijos na cara:

-Olá Bianca. Desculpa, sei que acabaste agora de trabalhar. Queríamos dizer-te que o Afonso já teve alta, e agradecer uma vez mais.

Eu: Oh, outra vez essa história? Já disse que é o meu trabalho-sorri
Afonso: Bem e queríamos também convidar-te para almoçar. E não vale apena dizeres que não, porque eu e o meu irmão somos muito teimosos- disse sério, mas acabou por se rir, o que me fez rir também.

Eu: Eu também sou teimosa, mas talvez desta vez possa abrir uma excepção, com uma condição claro.

André: Qual é a condição?-perguntou sério.

Eu: Tenho de ser eu a escolher o restaurante, porque acho que vocês ainda não devem conhecer muito bem Milão.
Afonso: Aceite!-disse esticando-me o braço, para me dar um aperto de mão.

Acabei por me "desmanchar" a rir com tal gesto.

Eu: Bem eu vou só tirar o meu uniforme, e depois seguimos no meu carro. Podem esperar por mim lá fora.

Seguimos viagem, apesar de inicialmente ter pensado que não era boa ideia, ou que a viagem de carro seria um pouco constrangedora, pois afinal eu apenas os conhecia á 48h e já ia almoçar com eles. No entanto, a viagem foi muito alegre, Afonso é aquilo que se diz em Portugal "fala pelos cotovelos". Não se calou a viagem toda. André parecia mais reservado,mas participava em algumas das conversas do irmão, algumas vezes para o envergonhar ou para "discutirem" na brincadeira.

Eu-parei o carro- Chegamos!- disse saindo do carro.

André: Isto não fica muito no centro de Milão pois não?
Eu: Não. Estamos a 30km do centro. Esta é a vizinhança mais calma de Milão. Trouxe-vos aqui, porque não queria levar-vos a um sítio onde só iriam ter como opção lasanha, risotto, pizza, pasta, calzedone etc... Acho que vocês vão ter muito tempo para comer tudo isso, e vão acabar por se enjoar, tal como eu.

André: Então o que se come aqui?-perguntou

Eu: Vamos entrar e logo vês!-pisco-lhe o olho, avançando na direção do restaurante.

Dentro do restaurante:

Eles olhavam muito atentos para a ementa, e o silêncio instalou-se. Já eram 15h pelo que o restaurante estava vazio. Eramos a única mesa.

Afonso: Como assim, uma ementa com montes de pratos Portugueses, em Itália?

Eu: ri- Pois é, é um restaurante pouco conhecido, mas muito apreciado. É dos poucos que conheço em que não se come pizzas e pastas.

André: Então obrigada por nos trazer aqui. É bom saber, que afinal existe um sítio onde posso comer picanha, fora de Portugal. -sorriu-me

Afonso: Ai eu também vou querer picanha. Já tenho saudades de um bom arroz de feijão.
Eu: Muito bem , então vão querer os dois picanha?-pergunto.
André: Sim, e a dama acompanha-nos?-perguntou-me gentilmente.
Eu: Não, obrigada. Eu sou vegetariana-sorri fraco e um pouco envergonhada. Geralmente as pessoas não me levam muito a sério quando digo que sou vegetariana.

Chamei o empregado e pedi picanha para dois, e para mim, uma omolete recheada com legumes e arroz de cogumelos.

O almoço chegou e todos comíamos tranquilamente.

Afonso: Bianca, isto está uma delícia. Como é que tu não comes carne?-perguntou-me de boca cheia.

André e eu rimos-nos por ver Afonso a falar de boca cheia.



Lost in your light || André SilvaWhere stories live. Discover now