24.

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*REMEMBER ON*
A distância entre nós era ou devia ser muito pequena, pois conseguia sentir a sua respiração na minha cara.
Continuávamos-nos a olhar olhos nos olhos, como se o tempo tivesse congelado, e nada mais existisse.

A "paragem no tempo" terminou assim que André colou os seus lábios nos meus, iniciando um momento inesquecível

*REMEMBER OFF*

Assim que a falta de ar nos separou, levantei-me num ápice do banco onde ambos estávamos sentados.
Se me apeteceu fugir ou correr dali? Sim, mas a verdade é que eu não sabia bem o caminho de volta, visto que tínhamos caminhado mais de 10 min, e as ruas eram tantas, que eu não sabia como voltar.

André: Desculpa Bia. Não me consegui controlar. A sério desculpa, não era de todo a minha intenção...-disse atrapalhado, e também de pé.
Eu: Não tens de pedir desculpa André. Aconteceu, ok?-disse rude e fazendo força para que me largasse o braço- acho melhor regressarmos ao hotel, amanhã tens treino e conferência de imprensa.

Regressamos ao hotel, e por mais que não quiséssemos falar ou pensar no que aconteceu, era impossível, visto que ambos partilhávamos o mesmo quarto e a mesma cama.

A noite foi terrível, não consegui dormir nada, e se dormi umas 2h já foi muito. O que aconteceu naquela noite não me saía da cabeça, e dava voltas e voltas na cama, para tentar afastar esses pensamentos. Mas agora que penso nisso, André também se mexeu muito, e por vezes ouvia alguns suspiros seus. Talvez ele, tal como eu, não conseguisse afastar os seus pensamentos.
Mas a verdade era que ele nunca mais disse nada, desde que se desculpou, André pareceu ter caído num silêncio perpétuo. Levantamos-nos, arranjámos-nos, descemos sozinhos no mesmo elevador para irmos tomar o pequeno almoço, e até nos sentamos lado a lado na mesma mesa, isto tudo, sem um única palavra.
Este silêncio todo estava a dar cabe de mim, precisava de falar com ele, saber o que ele pensava, o que tinha sido aquilo...

Deixei que eles treinassem, fizessem a conferência de imprensa e preparava-me para antes do almoço falar com André, mas acabei por ponderar melhor e pensar que seria bastante egoísta da minha parte falar com ele antes do jogo. Pelas conversas que ouvi ele seria titular, e não o queria desconcentrar antes do jogo.
No fim do jogo falo com ele, pensei para mim mesma.

Minutos antes do jogo:
Os rapazes saiam agora dos balneários, depois de ouvirem os últimos conselhos do treinador Montella.
Também a equipa de emergência se preparava para entrar no campo e ocupar os seus lugares.

Eu: Boa sorte André- sorri fraco.
André: Obrigado Bianca- disse sério.
Ele chamou-me Bianca. As coisas não estão nada bem, pensei.

O jogo terminou e felizmente para a minha consciência o André marcou 2 golos. Afinal parece que aquilo não lhe afetou muito, porque ele jogou muito bem, para além dos 2 golos, fez uma assistência e teve oportunidade de marcar mais golos.

Assim que chegamos ao hotel ainda tive um pouco na conversa com a restante equipa técnica.
André já deveria ter subido, e só espero que ainda esteja acordado, assim que chegar ao quarto.

No quarto:
Eu: André, podemos falar?- pergunto dirigindo-me à beira do moreno que se encontrava à janela.
André: força- diz com um sorriso falso.
Eu: primeiro parabéns pelos golos. Estiveste muito bem e estou muito contente por ti. Segundo temos de falar sobre ontem. Nunca mais falamos. -disse tentando-o encarar.
André: aconteceu. Não foi o que tu disseste?- disse um pouco rude.
Eu: Sim aconteceu, mas eu quero saber porquê é que aconteceu.- disse convicta.
André: Porque é que aconteceu?
Eu: Sim André... ou vais me dizer que beijas todas as raparigas que levas a comer um gelado- disse severa
André: estás a querer dizer que eu te beijei só porque sim? E que beijo todas as raparigas?- perguntou um pouco exaltado.
Eu: Eu não estou a querer dizer nada disso. Aliás só me estás a dar razão. Se não beijas uma rapariga qualquer, então o que é que foi aquilo ontem?
André: eu não sei Bia, nós estávamos tão bem, estava a gostar tanto da tua companhia, aliás a tua companhia sempre me faz bem, e depois foi quando me aproximei de ti para te limpar do gelado, olhei-te nos olhos e ... -disse nervoso.
Eu: e...? - falei nervosa também.
André: não resisti- disse soltando um suspiro.
Eu: como não resististe?- perguntei confusa
André: não sei Bia. Não resisti. Simplesmente isso. Sinto uma atração por ti e quando estou perto de ti estou bem. Fazes-me bem. E admiro-te muito, desde do dia em que te conheci, e da maneira como te conheci.

Fiquei em silêncio, naquele momento apenas encarava o chão e as últimas palavras de André, encovam na minha cabeça.

André: Não vais dizer nada?- perguntou encarando-me.
Eu: desculpa. Não sei o que dizer. Não estava à espera do que acabaste de dizer... - falei atrapalhada.
André: Diz-me apenas uma coisa: estás arrependida?- perguntou preocupado
Eu: Não, não cometemos nenhum crime.
André: E o que é que significou para ti? -perguntou aproximando-se de mim.
Eu: André, eu não sei. Não te sou capaz de o dizer agora. A minha cabeça ainda está a tentar assimilar o que acabaste de dizer.
André: ok, eu compreendo.- disse de cabeça baixa e num tom de voz fraco.
Eu: Por favor não fiques assim. Não me leves a mal, mas eu não estou habituada a nutrir ou demonstrar muito os sentimentos.
André: Tens medo de amar? - perguntou encarando-me novamente

Se eu tinha medo de amar? Sim muito, tenho medo de me magoar, de o magoar, de nos magoarmos.
Não é fácil amar de novo.

Lost in your light || André SilvaWhere stories live. Discover now