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Eu: Desculpe, pode continuar. Afonso quê ..?-disse acordando o rapaz, que parecia paralisado depois de lhe ter falado em português e dizer que também era portuguesa.
Rapaz: Ah, Afonso Miguel Valente da Silva. E eu sou André Silva, irmão dele.

Assenti, mas na verdade quem quase paralisou fui eu. André Silva, o jogador que passou à minha frente e de Matteo no bar, ontem no jogo do milan? Bem me parecia, que a sua cara não me era estranha. Tenho que reconhecer que quando estou a trabalhar, fico mesmo a milhas de distância da minha vida, fora do meu emprego. Como é que não associei logo a sua cara?
Seguimos o nosso caminho até ao hospital. O ambiente estava um pouco estranho, dentro da ambulância. Geralmente as pessoas costumam fazer-me imensas questões sobre o estado da pessoa que estão a acompanhar. Mas todos temos formas diferentes de lidar com as coisas. Talvez André preferisse o silêncio.

Quebrei o silencio: -O seu irmão já parece estar consciente, deve acordar a qualquer momento. Mas nós também estamos a chegar ao hospital.
Assim que chegamos ao hospital:

Com ajuda de Matteo tiramos a maca de dentro da ambulância (sinceramente não sei como Matteo se controlou, sabendo que estava perante o André Silva, aquele cujo nome foi proferido por ele vários vezes, durante o caminho de regresso do jogo do Milan. Mas a nossa profissão é assim mesmo. Há que saber separar as coisas.)
Eu: Prontos, está ver o seu irmão já tens os olhos abertos. Deve estar um pouco confuso, mas agora ele vai ser analisado pelos nossos médicos. Espero que melhor- digo em forma de despedida, mas o moreno puxou o meu braço, fazendo-me recuar, para junto dele novamente.

André: Muito obrigada Doutora. Mas...
Interrompi-o

Eu: Não sou doutora. Licenciei-me em enfermagem, e agora sou técnica de emergência. Além disso, só podemos chamar de doutores, aqueles que tiraram doutoramento- sorri.

André: Pois, certo-sorriu envergonhado. (talvez me tenha exagerado com ele)

Eu: O meu turno só termina ás 20h. Mas talvez no fim passe por aqui, para ver como está o seu irmão-sorri.
André: Muito obrigada enfermeira.- sorriu fraco.
Assenti, não conseguindo deixar de sorrir, por me ter chamado de enfermeira. Na verdade, a última vez que me chamaram de enfermeira, foi quando conclui a minha licenciatura em enfermagem.

Segui o meu trabalho, fazendo a devida manutenção à ambulância, para a seguir informar o centro de comunicações que já estávamos prontos para outra deslocação.

20:05h:

Matteo estaciona a ambulância no parque do hospital, deixando-a livre para os nosso próximos colegas.
Eu: Bem eu prometi que antes de ir para casa, ainda iria ver aquele paciente que teve um acidente de carro hoje, sabes?
Matteo: Bia, claro que sei. É irmão do André Silva.

Eu: Para mim não é o irmão do André Silva, é um paciente, e vou tratar de cumprir o que prometi.

Entrei, dirigindo-me a recepção, e perguntando pelo paciente Afonso Silva. A recepcionista disse-me que estava no quarto 49, e que acabara de chegar de fazer exames médicos.
Para lá segui. Conhecia todos aqueles quartos, e apesar de só trabalhar naquele hospital a 1 ano, fazia sempre questão de visitar alguns dos meus pacientes (geralmente os casos mais graves), acompanhando-os, e acompanhando a sua recuperação.

Quarto 49: A porta estava aberta, mas mesmo assim decidi bater e espreitar, perguntando: -Posso?

André- Ah sim claro, entre enfermeira. -sorriu, desta vez não fraco, parecia mais animado, o irmão devia estar melhor, pelo menos eles pareciam estar a conversar, antes de eu entrar.

Eu: Olá Afonso, como se sente? O meu nome é Bianca, sou técnica de emergência, e fui que eu que o acompanhei até ao hospital.

O jovem sorriu-me agarrando a minha mão:

Sim estou melhor, apesar de sentir ainda várias dores no peito, devido ao choque, os médicos disseram-me que não parti nada e que não fiquei com lesões colaterais.

Eu: Que bom. Ainda bem. Fico contente. Sendo assim, amanhã devem lhe dar alta. Qualquer coisa que precisem, basta perguntarem por mim na recepção.
Dirigi-me para a saída do quarto, e quando saí, reparei que André saiu atrás de mim e me queria perguntar algo.

Eu: André, se quiser saber alguma coisa sobre o seu irmão, talvez seja melhor perguntar aos médicos. Eles é que examinaram o seu irmão.

O rapaz sorriu.

André: Não, não é nada disso. Eu só tenho a pequena impressão, de que a conheço de algum lado. E além disso, também é Portuguesa...

Lost in your light || André SilvaWhere stories live. Discover now