" Quanto mais elevado o espírito mais ele sofre" Arthur Shopenhauer.
Abro os olhos, uma dor lancinante na minha cabeça me faz gemer, varro a sala com o olhar, 3 pessoas me observam, uma é minha mãe, as outras duas pessoas não consigo reconhecer. Olho para minha mãe a minha esquerda, é um bálsamo vê-la, seu rosto está todo vermelho e inchado, com manchas de lágrimas que foram secas e derramadas mais de uma vez, uma segunda pessoa, uma mulher loira se aproxima de mim com um sorriso acolhedor, o homem permanece do outro lado da sala, no canto mais extremo com uma prancheta na mão. Não consigo compreender o que eu estou fazendo neste lugar, porque parece que minha cabeça vai explodir? E porque minha mãe me olha desse jeito?
-Graças a Deus filha, você acordou!!!. Minha mãe se levanta, sobressaltada e me abraça de forma desajeitada. A mulher loira toca o ombro de minha mãe e gentilmente pede que ela se sente por um momento. Acaricia meu braço e diz:
- Oi Ana! Eu sou Helen, provavelmente você está muito confusa sobre tudo o que está havendo, em breve vamos explicá-la, tudo com bastante calma. Este é o Dr. Michael , o médico responsável pelo seu caso.O médico se aproxima da minha cama, encarando-me , muito sério.
Tento encontrar minha voz mas o único som que sai é um gemido.Começo a ficar em pânico, o que houve comigo, porque não posso falar?. Michael dá três passos em minha direção mas ainda mantem uma certa distância. Ele olha pra mim com uma expressão neutra e indecifrável.
Levei a mão a minha garganta e senti um tubo enfiado, não o havia notado antes, mas agora reconheci o incomodo. Minha expressão de confusão extrai uma resposta da mulher loira... Helen, me lembro.
- Ana, tivemos que traqueostomizar você,por isso você tem esse tubo incômodo na garganta, esse procedimento foi realizado já tem bastante tempo, por ter ficado tanto tempo sem falar você sofre de uma paralisia das pregas vocais,que foi diagnosticada por um Otorrino, você será tratada por uma fonoaudióloga para que volte a falar normalmente,fique tranquila você não está muda, enquanto isso vamos utilizar uma prancheta e caneta para que você fale conosco.
Assento concordando com a explicação, mas para que eles enfiaram isso em mim?
Eu quero entender o que está acontecendo!. Helen segura uma prancheta diante de mim e me entrega uma caneta, seguro-a e tento escrever sobre a prancheta, as palavras saem quase ilegíveis, minha mão treme mas consigo escrever.
Porque dói tanto? O que estou fazendo aqui nesse hospital? O que houve?
Quem responde e o Dr. Michael.- É complicado, e é muita coisa para processar, mas quero ser bem sincero com você. Você deu entrada neste hospital a dois meses, muito machucada-Dois meses!- Você sofreu um traumatismo craniano grave, tivemos que fazer uma cirurgia para que você voltasse a ter oxigenação no cérebro, você não respirava direito, tivemos que fazer uma traqueostomia, você teve duas costelas quebradas, uma fratura no cotovelo e no pulso do braço direito, no momento você não deve se lembrar de nada, o que é bom considerando as circunstâncias, apesar da gravidade você está de recuperando muito bem! O fato de você está viva é um milagre .
Ele sorri agora, e aproxima um pouco mais, tenta tocar minha mão, sou tomada pelo pânico insano e inexplicável, fecho os olhos e emito o único som que sai da minha garganta, um gemido.
- Não a toque Michael, ela pode não se lembrar agora, mas seu subconsciente de certa forma criou uma defesa para ela.
O que Helen quer dizer com isso de defesas?
- Ok Helen. Abro os olhos, ele se afasta e me diz: - Vou chamar uma outra médica que vai lhe explicar o resto com a ajuda da Dra. Helen, que é sua psicologa.
Continuo confusa, sofri um acidente? A ultima coisa de que me lembro é de me despedir de Jhon no mercado, mas tem algo mais, eu sei. O Dr. Michael sai, e em poucos minutos uma mulher ruiva, de pele branca e rosada nas bochechas, levemente acima do peso entra na sala, olha para mim sorri e se senta em uma das cadeiras em volta da minha cama.
- Oi querida, eu sou a Dra. Sarah, sua ginecologista, vou tentar ser bem sincera e direta com você. O que aconteceu com você não é algo facil de contar... mas acho melhor não tentar poupar você da verdade, voce está pronta?- Aceno positivamente com a cebeça, e ela continua a falar.
- Antes de tudo quero que saiba que não está sozinha, eu sua mãe, Dra. Helen , Dr Michael e seu pai estamos ao seu lado, não tem nada a temer, estamos cuidando de você.
Concordei com um movimento da cabeça , ansiosa para que ela continuasse.
- Ok,Antes de entrar em coma você foi violentada querida, identificamos isso através de um exame realizado depois da sua cirugia, você ainda deve sentir um incomodo nos seu ânus e vagina , isso porque devido a brutalidade do fato você teve ruptura anal e vaginal, mas no momento está tudo cicatrizado...vamos fazer terapia pra esse area pra evitar problemas no seu assoalho pélvico.
A essa altura eu já estava em prantos, porque uma coisa dessas tinha acontecido comigo?
-Você não corre o risco de estar grávida ou de ter contraido uma doença, nós cuidamos disso quando você chegou aqui.
O que, maldição isso é verdade? As lagrimas correm por meu rosto, não consigo lembrar de nada, mas sinto no meu corpo tudo o que foi descrito pelos dois médicos. Minha mãe começa a chorar também, começo a soluçar e a tremer violentamente, minha garganta dói.
Abraço minha mãe de um jeito desajeitado, é dificil com tantos fios e tubos ligados a mim além do gesso, choro até soluçar e engasgar, o tubo dificulta até o choro.
Uma enfermeira entra na sala com uma pequena agulha na mão. Ela injeta o conteúdo no meu braço, e eu adormeço lentamente mais uma vez, nos braços da minha mãe.
Meninas obrigada pelos comentários, vocês são demais!!!!
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Renascida para o amor...
RomanceSinopse Ana Raen é uma típica garota do interior, criada em uma família cristã, por pais amorosos porém rígidos. Agora vivendo sozinha em Hanover uma cidade localizada no estado americano de New Hampshire, no Condado de Grafton, para estudar Arquite...