Renascida para o amor...

Capítulo 9

Ana

- Liguei para Janete, ela agendou seu depoimento para daqui a 2 semanas em uma quinta feira a tarde.

- Obrigada Michael.

Nesse momento mamãe chegou com ... Charlotte, havia esquecido completamente da minha melhor amiga, ela encarou Michael por um longo tempo, com a boca aberta, como se nunca tivesse visto um homem na vida, revirei os olhos para ela. Ela despertou do transe e veio me abraçar.

- Ai garota como eu senti sua falta, esses três meses foram muito longos...eu sinto muito por você. - Ela estava com os olhos marejados, Charlotte era sempre sincera e aberta sobre seus sentimentos. Eu a conheci na primeira semana de aula, ela se destacava no meio da multidão de alunos, com aquele cabelo ruivo , olhos cor de mel, pele branca com pequenas sardas na bochecha.

Nos braços  de Charlotte que afagava meu cabelo curto e susurrava palavras de consolo, soluços escapavam meu peito e lágrimas lavavam meu rosto. Ver Charlotte me trouxe a realização de que nada seria como antes. Nada seria tão leve ou inocente quanto os nossos momentos compartilhados no dormitório, as tardes passeando por lojas, as manhãs tomando café juntas e nos preparando pra aula.

- Eu também senti sua falta Charlotte!

Muito tempo depois, quando nos duas já estávamos mais calmas, nos separamos dos braços uma da outra.

Ela se virou para Michael e perguntou:

- E você é?

- Eu sou Michael, prazer em conhecer você Charlotte- Sou o médico que cuidou de Charlotte quando ela chegou no hospital.

- Ahh sim, prazer - Sou Charlotte a irmã postiça da Anna.

Elizabeth, meninas, se me permitem eu devo ir, meu próximo plantão começa em 6 horas.

Michael acenou em minha direção e disse.

- Te cuida Ana. Não deixe que aquele homem vença.

Depois que ele se foi Charlotte agarrou minha mão para me levar para meu quarto.

- Meninas chamo vocês para almoçar, ok? - Disse minha mãe antes que soubéssemos as escadas.

- Ok mãe- Falei enquanto pegava meu Ipod com a mão que não estava sendo esmagada por Charlotte.

Entramos no quarto e sentamos na cama , sobre o edredom florido que minha mãe havia colocado.

- Quem é aquele Deus grego, bonito como o pecado?

- Ele é o médico que me atendeu no hospital, e é um amigo também.

-Entendo, tudo bem pra você ter um completo estranho assim por perto depois do que aconteceu?

-Sinceramente achei estranho no começo,  e estava até  mesmo irritada, ele me explicou que se identificou comido devido ao que aconteceu com a irmã dele no colégio, ela for estuprada , filmada e o vídeo colocado na internet. As pessoas, incluindo os outros estudantes, ao invés de estarem horrorizados com pornografia e violência riram dela, compartilharam o vídeo. Ela se matou.

Charlotte ficou pálida,  com olhos arregalados.

- Meu Deus!

-Sim, por isso ele tem estado por perto, pela história, talvez ele sinta que precisa salvar alguém,  talvez se sinta culpado. Apenas amigo, eu não posso .... eu não quero me relacionar com ninguém,possivelmente nunca mais..

- Ahh Ana, com o tempo , talvez muito tempo,  e terapia ...isso vai passar, você vai se curar e vai realizar o sonho de ter filhos e uma casinha de madeira com jardim.

- Bom eu não sei, só espero que sim.

- Você vai voltar para a faculdade?

- Algum dia, no momento essa ideia me aterroriza, mas eu espero que com a ajuda de Helen na terapia eu fique mais tranquila.

- Quer ver um filme? Eu trouxe alguns que estrearam enquanto você estava no hospital.
Sorry para minha amiga, que bom que ela estava aqui.
- Seria uma ótima ideia Charlotte.

Michael

Ela ainda tinha medo quando me aproximava, tentei não demostrar, mas percebi a tensão dela quando me despedi, eu ia tirar todo esse medo dela, eu a amava, disso eu tinha absoluta certeza.

Mas ainda tinha medo de está apaixonado por ela devido a minha necessidade de reparar meus erros com a minha irmã,  eu falhei em salva-la. Preciso conversar com meu terapeuta.

E eu a desejava pra caralho, todas as manhãs eu acordava com uma ereção, duro feito pedra, os banhos frios se tornaram diários, eu não transava desde que a conheci, sempre havia tido parceiras de sexo regulares, nunca mais de uma ao mesmo tempo, mas sempre tinha uma mulher disposta a fazer sexo comigo.

Eu estava ficando louco, Ana seria minha e de mais ninguém eu só precisava colocar minha paciência em prática, e eu teria que ter muito cuidado e paciência com ela. Sinceramente, depois de anos de sexo só por prazer eu estava disposto a esperar por anos se preciso.

Tomei um banho frio, cuidei do meu baita problema e fui trabalhar.

Ana

Depois de ver dois filmes eu e Charlotte descemos para o almoço.

Mamãe nos serviu dois pratos ela tinha preparado purê de batatas, bifes suculentos, legumes no vapor e milho coberto de manteiga.

- Meninas fiquem a vontade, eu vou almoçar com seu pai na cidade. Ana, volto em duas horas. Temos que conversar sobre advogados e coisas do tipo.

Mamãe olhava pra mim com delicadeza, ela agia com leveza e não a vi derramar uma lágrima desde que sai do hospital.

- Vocês ficaram bem?

- Sim mãe fique tranquila! - Ela beijou minha testa , pegou a bolsa e saiu.

- Desde que sai parece que mamãe me evita, só hoje é a segunda vez que ela sai...

- Ela só precisa relaxar um pouco, devem ter sido três meses bem intensos para ela.

- Eu sei, mas precisamos conversar, porém nunca ficamos sozinhas, desde que eu parei de agir como zumbi.

Eu e Charlotte terminamos de comer e lavamos os pratos, enquanto eu enxugava uma manchete na pequena TV da cozinha me chamou a atenção:

" Willian Daves de 25 anos, acusado de estupro e tentativa de assassinato contra Ana Raen de 18 anos, obteve sucesso no recurso que pedia que ele aguardasse julgamento em liberdade, ele ficará livre até o dia em que a justiça iniciar o julgamento do Réu."

William aparecia na reportagem, saindo da prisão com a cabeça abaixada para esconder o rosto dos repórteres.

Deixei o prato cair no chão, o violento tremor tomou conta de mim novamente, estava sem ar, a última coisa em que pensei antes de desmaiar era na voz dele aquele dia me dizendo:

- Sua piranha puritana,agora eu vou te ter de todas as formas, sua puta. Eu vou acabar com você.