Ana
Já era o dia que eu teria enfim alta do hospital, depois de 2 meses de coma e 3 semanas de internação.
Na tarde daquele mesmo dia eu teria que fazer o reconhecimento do meu agressor, e eu tinha certeza que não estava pronta para isso. Até o momento eu estava na minha bolha protegida no hospital, eu não sabia nada sobre como estavam as coisas lá fora. A única coisa que haviam me contado é que o demônio que fez aquilo comigo havia sido identificado, sinceramente eu não queria vê-lo.
Para a minha saida do hospital havia sido planejado um esquema para que nenhum reporter identificasse a minha saída. Eu sairia do hospital dentro de uma ambulância, fariamos um caminho para outro hospital da cidade para não levantar suspeitas, o que ocorreria se a ambulância fosse para a delegacia. Antes de chegar a esse outro hospital eu entraria em um carro de polícia que tivesse vidros escuros, e só saíria dele na garagem da delegacia.
Minha mãe arrumou todos os meus pertences , me vesti de maneira simples com uma calça jeans, tênis e uma blusa de moleton com capuz.
Helen entrou no quarto para me preparar para o que me aguardava naquela tarde.
- Boa Tarde Ana.
- Boa Tarde Helen- Ela me olhava com um semblante sério, sabia que não era hora de brincadeiras e o quanto tudo aquilo estava me afetando.
- Você não terá nenhum contato pessoal com o homem que lhe agrediu, você olhará para 5 homens atravès de uma parede de vidro, você poderá vê-los mas eles não iram ver você, é difícil ser obrigada a encarar alguém que lhe fez tanto mal, mas e necessário, eu estarei ao seu lado o tempo todo e seus pais tambem, eles iram com você na ambulância e no carro de policia, eu irei no meu carro e nos encontraremos lá, Ok?
- Sim tudo bem- Tudo bem era uma mentira enorme, eu estava apavorada, meu estomago embrulhava, minhas mãos tremiam mas eu as escondi nos bolsos do capuz, eu suava frio, minha cabeça começou a latejar como se estivessem atirando pregos no meu crânio, meu coração estava em um ritmo descompassado, paracia que eu ia ter um ataque cardiaco a qualquer momento. Dr. Michael entrou no quarto com Liza ao seu lado, como sempre ele se sentou longe de mim, apenas me disse bom dia. Liza se aproximou com um comprimido na mão, era um calmante, ela parecia ter lido meus pensamentos. Tomei o comprimido esperando me sentir melhor. Michael então finalmente disse:
- Ana, seus exames deram bons resultados, estão você realmente está apta a ir para casa, a partir de agora Helen fará terapia com você uma vez na semana, creio que devemos nos despedir agora, eu gostaria de ter te conhecido em circunstâncias melhores, mas quero lhe dizer que nunca fiquei tão feliz com a recupeção de um paciente em toda a minha vida. Eu espero que você se recupere completamente
-Obrigada, e me desculpe se te assustei antes eu..
- Ana, tudo bem, eu passei dos limites.Então ele se levantou da cadeira , me observou por alguns segundos e se foi.
Eu não consegui sorrir nem chorar, só fiquei olhando para ele com cara de nada, ele era mesmo muito gentil de forma bem inapropriada, as vezes parecia que ele estava flertando comigo, eu só queria poder sentir algo de bom, mas eu não conseguia.
Liza me abraçou, chorando e me apertando forte
- Ai menina, eu te amo tanto, posso ir te visitar?
- Claro Liza, você se tornou minha super amiga.
- E você se tornou como uma filha , se você não se importar Elizabeth!
- Tudo bem, não sou uma mãe ciumenta.
- Bom tenho que ir minha querida, te verei em breve. Já tenho os seus contatos.
Ficamos só eu e mamãe sozinhas, meu pai chegou em seguida.
- Precisamos conversar querida- Disse papai. Ele e mamãe colocaram duas cadeiras lado a lado e se sentaram de frente pra mim, que sentei em outra cadeira.
- Eu e sua mãe alugamos nossa casa em HaverHill, e alugamos uma casa aqui em Hanover, a 10 minutos da sua universidade, quando você quiser voltar a estudar eu a levarei e a buscarei na faculdade.
- Eu não vou voltar para Dartmouth, nem morta, mamãe ja trancou a minha matrícula, e eu não sei se quero voltar.
- Tudo bem querida, então vamos morar aqui até você terminar a terapia com a Helen. Não vamos te forçar a fazer nada que não queira.
- Ok. Obrigada papai.
***************
Depois de todo o esquema para me tirar do hospital eu estava na delegacia, em 10 minutos eu veria "ele".
A delegada da divisão de crimes sexuais, Janet se apresentou e me encaminhou para uma sala, junto com meus pais e Helen qua já havia chegado, o calmante não tinha feito nenhum efeito, eu ainda estava tensa e enjoada.
A sala de reconhecimento possuía um sofá azul marinho,algumas cadeiras, uma samambaia, uma lata de lixo e um filtro de água.
- Ana os homens já estão do outro lado do vidro, vamos acender as luzes do outro lado quando estiver pronta ok?
Eu respirei fundo com os olhos fechados, respirei fundo várias vezes e abri os olhos novamente determinada a encarar aquilo.
- Pode acender.
Eu olhei para os homens, eu o reconheci imediatamente, Willian Daves o filho do reitor, que me cantava há meses, então todos os fatos daquela noite vieram a minha mente.
- Will Daves- susurrei- Will Daves...
E desmaiei...
Quando acordei a primeira coisa que senti foi o vomito subindo a minha garganta, vomitei na primeira lata de lixo que vi. Depois fui levada para um banheiro, onde vomitei até não ter mais nada para vomitar, e a ânsia de vômito não passava, tive um ataque de choro, as lágrimas escorriam, eu chorava, soluçava e vomitava.
Todos olhavam para mim com aquela cara de pena , minha mãe chorava apoiada em meu pai , Helen mantia a postura séria, e me segurava pelos ombros, então eu me desliguei.
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Renascida para o amor...
RomanceSinopse Ana Raen é uma típica garota do interior, criada em uma família cristã, por pais amorosos porém rígidos. Agora vivendo sozinha em Hanover uma cidade localizada no estado americano de New Hampshire, no Condado de Grafton, para estudar Arquite...