Renascida para o amor...

Capítulo 4

"O que foi rompido é restaurado, o que foi ferido é curado, o que está doendo é devolvido à sua condição de inteireza. A paz, quando restaurada na mente e no coração humanos, renova as esperanças de quem vê a tempestade passar."

Meia hora Depois Helen chegou toda sorridente, segurando uma sacola de alguma loja, viu meu rosto inchado e perguntou o que havia acontecido, minha mãe explicou toda a situação. Ninguém seria capaz de entender o que eu estava sentindo.

Desde menina sonhava com o casamento perfeito, na mesma igreja onde meus pais se casaram, quando já estava mais velha imaginava minha casa de madeira,projetada inteiramente por mim, com um jardim que eu mesma plantaria, e uma cerca viva, formada por arbustos. Imaginava a lua de mel em algum lugar tropical, meu marido seria paciente comigo na noite de núpcias, e descobriríamos o prazer que poderíamos ter um com o outro juntos. Agora tudo isso estava distorcido na minha mente, o simples pensamento de um homem me tocando-me da medo , nojo, calafrios.

Helen tentou me consolar com palavras, mas não ia funcionar, então ela tentou me mostrar o quanto eu era "especial ", como ela diz, de outra forma. Ela despejou o conteúdo da sacola sobre a cama, eram um shampoo, condicionador,hidratante corporal, kit de manicure, um hidratante labial rosa e um sabonete.

- Dr. Michael me pediu que trouxesse essas coisas para você! Vou chamar uma enfermeira para nos ajudar a banhá-la.

Fiquei empolgada, iria finalmente tomar banho.Já estava com nojo da textura estranha da minha pele e do cheiro do meu cabelo.

Em poucos minutos eu estava nua, sentada em uma cadeira no banheiro, a enfermeira( parece que Liza não estava de plantão) protegeu o meu pescoço com um filme plástico, e o acesso da bolsa que levava a alimentação ao meu organismo também. A enfermeira segurava a minha cabeça em uma posição inclinada para trás, Helen lavou meu cabelo , o cheiro de frutas inundava o ar, depois passou o condicionador que tinha o mesmo cheiro e massageou minha cabeça.

Eu gemi, era deliciosa a sensação dos meus cabelos sendo massageados, a água quente escorrendo pelo meu corpo e o cheiro bom que inundava o ambiente.

Minha mãe me esfregou com uma bucha de banho, depois de me enxaguaram e me secaram, fui vestida novamente com uma camisola. Consegui ficar sentada na cama, minha mãe se sentou atrás de mim e começou a pentear meus cachos com os dedos, passando um creme neles.

Com boa parte da minha cabeça raspada meu cabelo parecia estranho. Apontei para a prancheta e a caneta. Minha mãe os entregou nas minhas mãos.

Corte meu cabelo, por favor, raspe se puder.

- Tem certeza querida? - Minha mãe perguntou com um olhar de pena.

Balançei a cabeça em sinal de confirmação.

Minha mãe saiu do quarto, 15 minutos depois voltou com uma maquininha de cortar cabelo.

- Peguei com uma das enfermeiras.

Move minhas costas para sentar em uma posiçao mais estreita.

Senti meu cabelo cair, ao som da maquina pela minha cabeça, minha mãe chorava baixo, como se não quisesse que eu ouvisse. Quando ela terminou apertei uma das suas mãos em sinal de conforto.

- Tudo bem querida, sua mãe  é uma boba sentimental.

Helen cortou e pintou minhas unhas dos pés, depois a das mão, me senti humana e amada pela primeira vez desde que abri os olhos, e apesar de tudo, e do medo que eu tinha de Dr. Michael fiquei feliz e grata por ele ter dado essa ideia a Helen.

Naquela noite Michael entrou no quarto, minha mãe tinha saído para tomar banho, trocar de roupa e comer, ela passava o dia todo comigo, e estava cansada, me sentia culpada por dar a ela tanto trabalho.
Ele não parecia nem um pouco chocado em me ver sem cabelo.Fiquei alarmada com a presença de Michael, mas ele apenas sentou na cadeira mais distante de mim. Consegui sussurrar um obrigada, não saiu um som que fosse possível de entender, mas ele conseguiu ler meus lábios.