Capítulo 11

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Michael

Meu plantão finalmente havia chegado ao fim, depois de dirigir até meu apartamento tomei banho, e tentei dormir, eram 3 da manhã e eu não podia simplesmente aparecer na casa de Ana essa hora.

Eu não ia conseguir dormir, mesmo depois de passar as últimas 36 horas de plantão eu estava alerta demais, eu ia dar um jeito de por aquele pedaço de lixo na cadeia.

Deitei na cama com o notebook no colo e redigi um e-mail para um amigo de infância que era advogado especialista em direito criminal, ele era um dos melhores do país, e eu queria ele defendendo os interesses de Ana.

No dia seguinte em meu escritório particular passei algum tempo lendo as notícias do caso. O sistema judiciário é inacreditável. De que outras provas eles precisavam de que William era culpado?
Se a mulher bebe a culpa e dela por se embriagar e se colocar em situação vulnerável.
Se ela vai sóbria a uma festa mas fica sozinha com um homem a culpa é dela por ser tão idiota e fácil.
As roupas são culpadas também.

Percebi que estava entrando em uma onda de raiva, misturando o que guardei da tragédia com minha irmã com a história de Ana que acabou na minha mesa de cirurgia entre a vida e a morte, precisava sair desse escritório!.

Entreino banheiro e lavei meu rosto, precisava me recompor, pacientes iam chegar logo para as consultas marcadas.

**********

Ana

Depois de passar meu café da manha de um lado pro outro no prato pelo que pareciam horas, desisti e fui para meu quarto.

Meu telefone tinha dezenas de chamadas perdidas de charlotte, do meu irmão, duas do Michael e outras de Helen e de outras funcionárias do hospital.

Desliguei o telefone, não queria falar com ninguém so queria ficar em paz, sozinha.

Me joguei na cama, eu me sentia cansada e estilhaçada em mil pedaços.Estava tudo errado na minha vida, aquele homem estava livre, depois de receber a notícia uma tensão constante e um medo sem limites tomaram conta de mim.

Eu perdia o ar constantemente, fechava os olhos por um segundo e as imagens do que ele fez comigo me dominavam.

Conferi se minha janela estava trancada, duas vezes, lavei meu rosto, voltei a janela pra verificar se alguém estava lá fora, ninguém, so um polícial sentado em uma viatura do outro lado da rua. Fechei a cortina, entrei no banheiro e lavei as mãos...meu Deus estou ficando louca!

Chorei por muito tempo, até que Helen entrou no meu quarto.

-O que você está fazendo aqui? -Perguntei. -Essa falação sem fim sobre o que aconteceu, sobre como eu me sinto, sobre a soltura de William não vai mudar nada. Estou cansada, aterrorizada, com dor, eu so preciso de espaço.

Se sentou na poltrona e começou a falar.

- É horrível saber que quem te estuprou e te espancou está solto, você deve pensar o tempo todo que ele virá te machucar de novo não é!. Mas ele não virá, tem uma viatura da polícia na sua rua desde ontem, e permanecerá assim por um bom tempo, seus pais irão proteger você, aonde quer que você vá, alguem ira te proteger.
Ele não irá mais te tocar Ana, você está segura. Levará algum tempo até que suas emoções te digam isso, mas no seu estado emocional atual, a única voz que deve falar é a da razão.

Levantei meu rosto do travesseiro e olhei para Helen, que estava com a expressão pacífica de sempre.

- Como eu enfrento isto que eu sinto? A única coisa que eu quero é parar se sentir tanta coisa, tantas sensações debilitantes, tanto medo...

- Durante diversos momentos da nossa vida somos colocados à prova, diante de situações difíceis ou mesmo traumas profundos, que podem nos levar a perder as forças para continuar caminhando. Tente desviar a atenção do problema para superar o medo, ficar sozinha, com a mente vazia só fará você reviver tudo novamente .Normalmente, a vontade de superar um trauma toma grande parte da nossa atenção, mas é preciso concentrar-se em outra atividade ou qualquer coisa que possa te ajudar a deixar a dor de lado.

- Eu quero ficar bem, mas parece impossível. Me sinto tao sem esperança,sinto tanta raiva, e a minha mente nãopara de ser inundada por pensamentos horríveis e incontroláveis! Revivo o estupro, penso como tudo seria diferente se tivesse saifo mais cedo do trabalho e vindo pra casa durante o dia. Talvez eu devsse ter ido pra Yale aoninves de Dartmounth. Eu não sei... até minha mente está cansada.

- Você esta lutando com emoções perturbadoras, memórias assustadoras, e uma sensação de perigo constante, é algo que você simplesmente não consegue se livrar deliberadamente, seu processo de recuperação está apenas começando. Além disso as vezes você se sente entorpecida, desconectada, e incapaz de confiar nas outras pessoas. Mas você pode confiar no seu círculo de apoio! Quando coisas muito ruins acontecem, pode levar tempo para superar a dor e se sentir seguro novamente. Mas com tratamento adequado, você voltará a ser feliz e plena. Você pode se curar e seguir em frente!

- O que eu posso fazer então? Além do que você disse? Como você pretende me ajudar?

-A partir de hoje iremos processar cada memória do fato e seus sentimentos em relação a eles, temos que encontrar uma válvula de escape para todo seu stress e tensão, eu vou te ajudar a controlar essas emoções fortes, vamos criar novos significados para seus sentimentos e pensamentos, que hoje estão deturpados depois construir e reconstruir sua capacidade de confiar nas pessoas, ok?

-Você não vai me deixar em paz não e mesmo? - Perguntei com um meio sorriso.
-Estou aqui pra ficar Ana, você vai ter que me aturar.

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⏰ Última atualização: Nov 17, 2021 ⏰

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