A Filha De Raziel

PRÓLOGO

Depois da grande devastação, o planeta Terra, já não é o mesmo. Criaturas estranhas e desconhecidas rondam perante o dia e a noite. E no meio da escuridão noturna, há algo que você nem pode sequer imaginar. Algo grande, forte e completamente faminto que espera o sol se por para sair.

Os dias se tornam cada vez piores e os poucos sobreviventes são tão raros que é difícil de encontra-los. Os alimentos são escassos e é quase impossível de se achar água. A maior parte do solo é infértil, e a temperatura é incerta. Até mesmo o sol decide quando deve ou não aparecer, deixando as coisas ainda mais complicadas, pois sem o sol a escuridão reina e as criaturas noturnas ficam à solta.

Já não há mais os grandiosos prédios, casas ou até mesmo automóveis, tudo foi destruído, sobrando somente destroços e areia. O mundo virou um completo deserto, já não me lembro da última vez que achei um pedaço de asfalto.

As tempestades de areias são as piores, algumas duram horas, mas outras duram dias ou até mesmo meses. E nesse meio tempo você tem que se manter lúcido, pois a fome e a sede chegam a ser extremamente intensas, levando até mesmo a loucura. Como é o meu caso, não que eu esteja louca, mas a fome, a sede e o cansaço são o suficiente para me fazer alucinar. E ainda tem a febre que parece se acomodar em meu corpo.

O dia é quente, mas em compensação, as noites chegam a ser tão geladas que você consegue sentir seu corpo começar a congelar de fora para dentro de forma lenta e dolorosa.

Não sei muito o que aconteceu durante o apocalipse, sei que houve uma enorme explosão solar em uma parte do planeta, enquanto a outra sofreu terremotos, tsunamis e a irá dos anjos. Eu somente sei disso tudo, porque um sobrevivente me contou, ele era velho e corcunda, mas era gentil e simpático.

Eu sei que não devia confiar em um velho e que tudo isso é uma loucura sem cabimento, mas na verdade, não é.

Eu desconfiei no começo, fui à procura de provas e  as encontrei.

A última cidade que eu encontrei estava totalmente alagada, o mar tinha invadido por entre os destroços, tomando o lugar, que antes era nosso. Os vestígios dos terremotos eu vi assim que eu sai para fora da caverna em que acordei, enormes fendas cobriam o chão, algumas sumiam à quilômetros de distância e à profundidade delas eram gigantescas. A única parte que o velho contou, que ainda desconfio são os anjos. Já faz alguns anos que sigo por esse enorme deserto e jamais vi nenhuma criatura com asas, além dos insetos enormes que encontro.

Mas eu encontrei uma vez uma armadura feita à ouro e com alguns símbolos estranhos, bom foi isso que eu pensei à princípio, mas na verdade, não eram somente símbolos, eram frases escritas em uma língua estranha e que eu jamais tinha visto. Além de eu encontrar algumas penas brancas perto da armadura, eu sei que não era de nenhum ave, pois se fosse ela estaria em cinzas a muito tempo.

O enorme deserto em que eu sigo incansavelmente todos os dias, foi a parte do planeta em que sofreu com a explosão solar. Tudo que estava nesse local virou cinzas. Bom, nem tudo. Ainda à algumas árvores, mas estão negras e mortas, consigo achar água em cavernas e até mesmo algumas vegetações, pois parece que somente a superfície do planeta foi atingida. Aliás eu sou a prova viva de que as destruições não afetaram o subterrâneo.

Você deve estar se perguntando o por quê de eu estar dormindo dentro daquela caverna durante o apocalipse, não é ? Bom, quem sabe algum um dia eu possa acabar revelando. Mas por hoje, tudo vai ficar como está.